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Petrobras e reajuste dos combustíveis: como investir em petrolíferas
Yolanda Fordelone
Yolanda Fordelone é economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.
Nos últimos dias, com certeza você ouviu falar sobre as mudanças envolvendo a troca do comando da Petrobras. Mas sabia que isso impacta seu bolso mesmo se não tiver ações da companhia? E mais: apesar de a Petrobras ser a única brasileira do segmento com ações na B3, é possível investir em outras companhias de petróleo.
Para você que perdeu este capítulo, vou relembrar. A Petrobras anunciou no dia 18 de fevereiro um novo reajuste no preço da gasolina e do diesel. Com isso, não só os caminhoneiros e donos de carros ficaram insatisfeitos, mas também o presidente Jair Bolsonaro. Foram muitas ameaças de mudanças até de fato vir a novidade: um novo presidente indicado, o general Joaquim Silva e Luna. Vale lembrar que nesta segunda-feira, 1 de março, houve anúncio de um novo reajuste.
O mercado não encarou bem o anúncio e passou a especular sobre uma alteração na política de reajuste dos combustíveis. A dúvida é se haverá uma ingerência política na gestão da empresa, a la período Dilma Rousseff.
Entre altas e baixas, as ações da Petrobras sofreram na última semana e para o pequeno investidor sobraram algumas dúvidas.
Devo vender a ação?
Como boa economista, a resposta é depende. A indicação é sempre escolher a empresa que entrará na carteira com base em uma tese, ou seja, pensando se busca dividendos, boa geração de caixa, entre outros resultados.
Se investe para o longo prazo e acha que nada mudou, a priori, com essa troca de gestão, a Petrobras pode seguir na carteira. Caso acredite que a empresa irá mudar seus reajustes e passará a ter prejuízo, é o momento de rever essa manutenção.
Como a troca de comando afeta meu bolso?
Engana-se quem acha que apenas acionistas são afetados. Além da Petrobras, ações do Banco do Brasil e elétricas caíram em alguns pregões, pois há o receio de que a interferência também chegue a outros conselhos de empresas.
Com isso, o dólar subiu. O real já é uma das moedas mais desvalorizadas frente ao dólar no mundo. Na última semana, o dólar beirou os R$ 5,60 e moeda estrangeira forte é sinônimo de alta de preços.
O dólar afeta desde commodities como a soja (e o conhecido óleo de soja da dona de casa) até as máquinas compradas na indústria. Se ele se mantiver elevado, a tendência é que haja mais pressão nos preços, inclusive dos combustíveis.
O mercado já esperava uma alta da taxa básica de juros, a Selic, até 3,5% neste ano. Se o cenário ficar conturbado, é possível que o início da alta seja antecipado ou mesmo que a alta seja maior que isso.
Por fim, tomar empréstimos no exterior também ficou mais caro nos últimos dias porque o risco-país (prêmio que se paga pelo risco interno) subiu. Assim, empresas pegarão dinheiro pagando mais juros ou até diminuirão o apetite ao crédito, o que pode afetar a geração de empregos.
É possível investir em outras petrolíferas?
Além da Petrobras, há outras companhias petrolíferas no Brasil. Todas são estrangeiras e por isso são negociadas como BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Há desde americanas como a ExxonMobil, passando pela britânica BP até chinesas como a PetroChina, a maior empresa do segmento no mundo.
O Econoweek.
Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/econoweek/2021/03/02/petrobras-e-reajuste-dos-combustiveis-como-investir-em-petroliferas.htm