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“Grande demais”: homem devolve o carro dos seus sonhos por não caber nele
Jorge Moraes
Jornalista, Jorge Moraes trabalha com o segmento automotivo desde 1994. Presente nos principais salões internacionais, é editor do caderno de Carros no Diário de Pernambuco, diretor e apresentador do programa Auto Motor na Band, e âncora do programa CBN Motor na rádio CBN Recife.
Dois amigos de alguns bons anos e a história da paixão por um carro. Um carro qualquer não, um esportivo, o sonho de Diego Alexandre, 36 anos.
Eric Silva e Diego são brothers de Campina Grande (PB). E, sempre que se encontravam com o possante alemão, Diego dizia: “se um dia você for vendê-lo, me avise e me dê prioridade”. A SLK 200, ano 2012, inteira, bem conservada e sempre no brilho, trocou de mãos.
Diego chegou com a proposta e não pensou duas vezes querendo a todo custo levar para casa o Mercedes – e entrar na onda dos donos de carros esportivos da cidade, sem se preocupar com qualquer que fosse a medida do negócio. O fator principal era encontrar o custo e o valor da troca de seu Mercedes-Benz pelo de Eric.
Com 1,93 m de altura, achou que estava tudo certo. Era o sonho diante do homem e, para isso, conheço dezenas que movem montanhas – para alguns, de dinheiro.
Diego, entusiasmado, não fez o test drive, foi na confiança. E o que aconteceu antes de virar a chave da conquista, assim que colocou o pé dentro do veículo? Ele viu que a capota não fecharia. O homem grande não cabia no banco do carro, com todos os protocolos de uso do esportivo conversível.
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Diego tentou de todo jeito, mas não dava para encurtar as pernas, mesmo colocando o ajuste do assento no limite. Além disso, como iria fechar a capota do cabriolet? Ainda dentro da oficina, na revisão do veículo antes de levá-lo para casa, ele percebeu que precisaria rever a transação.
Eric, advogado e bom amigo, de imediato ligou a câmera do celular, fez vídeos e fotos, enviou para turma do WhatsApp e curtiu o momento. Diego foi ainda mais longe: pegou um capacete que tem em casa e desfilou pelas ruas com a cabeça do lado de fora do carro. As imagens, como não poderia deixar de ser, viralizaram.
O novo dono rodou com seu carro sempre em baixa velocidade, sem dar chances para risco de capotamento ou ameaça à função do santantônio (que é proteger os ocupantes em caso de capotamento). Não cabe avaliar isso ou qualquer ato de infração, que não existe. Vamos continuar sorrindo.
O carro ficou parecendo um automóvel de brinquedo, pelo menos na teoria. A história rendeu muito. Garantiu sorriso por todos os lados, segundo Eric Silva – antes mesmo de saber que o importado voltaria para a sua casa.
Carro devolvido
As redes sociais trouxeram fama e ainda no último sábado postei os vídeos em meu Instagram. Eric, que recebeu um Classe C 2014 na troca, já tinha investido a diferença em outro negócio quando o telefone tocou. Diego, do outro lado da linha, disse: “preciso devolver o carro, não tem jeito de caber dentro. Já fiz de tudo e todo mundo viu”.
O pior é que fez mesmo e aproveitou os dias de fama. Do outro lado, o amigo teve que encontrar uma maneira de receber o seu antigo carro de volta, hoje na garagem e, ao mesmo tempo buscar a solução para a amizade automotiva. Que tal um Suzuki? O Classe C de Diego, dado como parte do pagamento, já tinha seguido outro destino.
Agora, Eric planeja guardar o famoso cabrio vermelho na garagem por mais um tempo. O carro trouxe sorte, fama e ativou o sonho do advogado de ingressar no segmento de compra e venda de veículos – mas com a lição de que nada será negociado como antes. Conhecer o “sonho” e fazer um test drive são duas premissas indispensáveis para quem deseja comprar, não importa se o carro é novo ou usado.
Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/jorge-moraes/2021/03/05/grande-demais-como-e-devolver-o-carro-dos-seus-sonhos-por-nao-caber-nele.htm