Bolsonaro acerta com médico Queiroga a ida para Saúde no lugar de Pazuello

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

Do UOL, em Brasília*

15/03/2021 19h37Atualizada em 15/03/2021 21h50

Após uma conversa entre o presidente coronavírus no Brasil.

No início da noite, o presidente confirmou a apoiadores a indicação e disse que ele conhece o cardiologista “há alguns anos”. “Então, não é uma pessoa que eu tomei conhecimento há pouco tempo. Tem tudo, no meu entender, para fazer um bom trabalho dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje”, disse.

Pazuello deixa o cargo de ministro da Saúde sob pressão, depois de dez meses no comando da pasta — Luiz Henrique Mandetta — ambos deixaram o cargo por divergência com Bolsonaro em relação à condução do enfrentamento da crise sanitária.

Segundo interlocutores do presidente ouvidos pelo UOL, que confirmaram o acerto mais cedo, o governo quer afastar que a indicação de Queiroga tenha partido do centrão — grupo informal alinhado ao governo Jair Bolsonaro em troca de espaço na administração pública.

Apesar disso, assessores palacianos admitiram que também nesta segunda-feira, em conversa com Bolsonaro, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), referendou a indicação e fez elogios ao médico.

Elogios a Pazuello

Bolsonaro, que durante muito tempo resistiu em trocar Pazuello do comando da Saúde, fez elogios ao ainda ministro.

“A parte de gestão foi muito bem feita por ele [Pazuello] e agora vamos partir para uma parte mais agressiva no tocante ao combate ao vírus. Então, anuncio agora que o doutor Marcelo Queiroga, a partir de amanhã, vai ser publicação em Diário Oficial da União. E começa então uma transição que vai demorar, aí, uma ou duas semanas”, afirmou no início desta noite.

A ordem que não haja correria na transição, já que a pasta da saúde é a responsável pelas ações de combate a pandemia. Nas palavras de um auxiliar militar, a transição será tranquila, “É como no quartel: vai levar de cinco a oito dias para passar a função”.

Bolsonaro confirmou que a nomeação de Marcelo Queiroga para o comando da pasta será publicada no Diário Oficial da União amanhã.

A saída de Pazuello chegou a ser confirmada ontem (15) e posteriormente negada pelo atual ministro. Ele, porém, admitiu na tarde de hoje que o presidente pretendia reformular a pasta.

“Um dia sim [deixar o cargo], pode ser curto, médio ou a longo prazo. O presidente está na tratativa de reorganizar o ministério. Enquanto isso não for definido, vida segue normal”, disse Pazuello em entrevista coletiva nesta tarde. “Eu não vou pedir pra ir embora, não é da minha característica”.

Bolsonaro se reuniu ontem e hoje com a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, que foi cotada para assumir o cargo. Apesar de garantiu que foi convidada, explicou que recusou o convite por divergências técnicas com o governo e revelou ameaças.

Quem é Marcelo Queiroga

Marcelo Queiroga é o atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e tem bom trânsito em Brasília e no governo, tendo sido convidado este ano para integrar a direção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Ele é graduado em Medicina pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). É especialista em cardiologia e tem doutorado em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal. Atualmente, dirige o departamento de hemodinâmica e cardiologia intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley (Unimed João Pessoa) e é médico cardiologista intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, também na Paraíba.

Assim como Ludhmila Hajjar, recebida ontem pelo presidente, Queiroga defende o isolamento social como forma de combate à pandemia. Ele também já se posicionou contrário ao “tratamento precoce” defendido por Bolsonaro à base de cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a covid-19.

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/03/15/bolsonaro-acerta-com-queiroga-para-que-ele-substitua-pazuello-saude.htm