Thiago Monteiro sofre com saque de Rublev e dá adeus ao Australian Open

Alexandre Cossenza

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais. Contato: [email protected]

Colunista do UOL

11/02/2021 00h20

Thiago Monteiro fez uma boa apresentação diante do número 8 do mundo, o russo Andrey Rublev, mas não conseguiu incomodar o saque do top 10 com frequência e acabou eliminado do Australian Open nesta quinta-feira. Rublev, que anotou apenas duas quebras de saque, fez 6/4, 6/4 e 7/6(8) e avançou sem grandes problemas à terceira rodada.

O russo de 23 anos chega pela terceira vez na carreira à terceira fase em Melbourne. Sua melhor campanha no torneio australiano aconteceu no ano passado, quando alcançou as oitavas de final e foi superado por Alexander Zverev. No sábado, ele tentará voltar à quarta fase. Para isso, precisará superar o espanhol Feliciano López, que derrotou de virada o italiano Lorenzo Sonego: 5/7, 3/6, 6/3, 7/5 e 6/4.

Como aconteceu

Mesmo sem o russo forçar nos games iniciais, Thiago Monteiro, número 1 do Brasil e 74 do mundo, abriu a partida errando demais. Em três games, foram oito erros não forçados. Quatro deles vieram no terceiro game e significaram uma quebra de saque a favor de Rublev. O brasileiro até teve uma chance de igualar a parcial – cortesia de três erros não forçados do russo – mas Rublev reagiu bem, com três bolas vencedoras em sequência para confirmar e fazer 4/2. Foi a única oportunidade do cearense na parcial.

Quando o segundo set começou, Monteiro já mostrava mais à vontade em quadra e cometia menos erros. Foi o bastante para seguir confirmando seu serviço e mantendo a parcial equilibrada, ainda que o brasileiro não conseguisse ameaçar consistentemente o saque de Rublev. O cearense salvou um break point no começo do set, com um ótimo saque, mas não conseguiu fazer o mesmo no nono game. Ao errar um forehand não forçado perto da rede, Monteiro cedeu a quebra e a vantagem de 5/4 para o adversário. Rublev não vacilou e fez 6/4 na sequência.

Em todo o segundo set, Monteiro venceu apenas quatro pontos com a devolução e quando a terceira parcial começou, ele somava apenas 21% de pontos vencidos no saque do russo. Esse cenário não mudou. Rublev, que anotou 16 aces em toda a partida, seguiu confirmando o saque sem abrir portas para o brasileiro.

O cearense, contudo, seguiu firme com o seu saque, inclusive saindo de 0/40 e salvando quatro break points no nono game, quando tudo indicava que Rublev voltaria a quebrá-lo. O esforço foi recompensado no game seguinte, quando contou com dois erros não forçados do oponente. Com um belo forehand vencedor, Monteiro chegou a três set points (4/5 e 0/40). O top 10, entretanto, mostrou por que está tão bem no ranking. Jogou cinco pontos perfeitos, escapando dos set points e confirmando o serviço para fazer 5/5.

A decisão só veio no tie-break e, na primeira virada de lado, Monteiro tinha 4/2 de vantagem – cortesia de uma direita espirrada de Rublev. O russo, contudo, recuperou a igualdade com uma bela subida à rede. Com um ace, Rublev abriu 6/5, chegando ao match point, mas Monteiro devolveu o ace e se salvou. O brasileiro venceu o ponto seguinte, novamente com o serviço, e teve seu quarto set point, mas falhou com um backhand na sequência, deixando o tie-break em 7/7. Com um forehand na rede, Monteiro cedeu outro match point. Em sequência, salvou-se mais uma vez. Na sequência, porém, o brasileiro perdeu o ponto com seu saque, cedendo um terceiro ponto do jogo – desta vez, no serviço de Rublev. O russo não vacilou. Com um bom saque, fechou a conta.

O que significa

Foi mais uma boa apresentação de Thiago Monteiro diante de um tenista claramente superior. Aproveitando-se de seu ótimo saque – que, ressalte-se, melhorou muito nos últimos anos – o cearense conseguiu manter o segundo set parelho e quase “roubou” o terceiro depois de salvar aqueles quatro break points no nono game.

No entanto, como em toda partida contra um adversário superior, ficam mais nítidas as deficiências do tênis do azarão. No caso de Monteiro, a devolução de saque (tanto a leitura quanto o golpe) ainda está bem abaixo do nível que ele quer estar – dentro do top 50. O brasileiro venceu apenas 20% dos pontos de devolução – e isso incluiu os segundos serviços de Rublev, que não são nada espetaculares (média de 140 km/h hoje contra os 146 km/h de Monteiro no quesito).

No fim das contas, a derrota para Rublev serve para mostrar ao brasileiro que ele não está tão longe da elite, mas também não está tão perto assim. É preciso trabalho e evolução constante.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/saque-e-voleio/2021/02/11/thiago-monteiro-rublev-segunda-rodada-australian-open.htm