A Lua Nova cruzou o disco solar! Veja imagens deste fenômeno!

Dulcidio Braz Jr

Dulcidio Braz Jr. é físico pelo Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atuou como pesquisador no Departamento de Eletrônica Quântica antes de perceber que seu caminho era o da educação. É pioneiro no Brasil no ensino de relatividade, quântica e cosmologia para jovens estudantes do final do ensino médio e início do curso superior. Hoje, além de professor, é autor de materiais didáticos e faz questão de dizer que, aqui no blog, é professor e aluno em tempo integral –enquanto ensina, também aprende.

14/12/2020 17h47

Aconteceu hoje, em todo o território brasileiro, um eclipse solar parcial, fenômeno astronômico no qual a Lua na fase nova passa diante do disco solar, obstruindo-o parcialmente.

Pelo fato do tamanho aparente da Lua e do Sol, vistos daqui da Terra, serem praticamente os mesmos (algo em torno de meio grau), pode ocorrer da Lua nova tapar por completo o disco solar. Isso depende de você estar em uma pequena e privilegiada região do planeta dentro da sombra da Lua iluminada pelo Sol projetada sobre a superfície da Terra. Quando isso ocorre, temos um raro eclipse solar total. Quando, no entanto, estamos na penumbra da Lua, temos um eclipse parcial. Neste post aprofundo o tema e dou mais explicações técnicas caso seja do seu interesse.

Em algumas regiões da Argentina e do Chile o eclipse de hoje foi total. Em todo o território brasileiro, no entanto, foi parcial. E, pela grande extensão territorial brasileira, a porcentagem do disco solar obstruído pela Lua foi bem diferente para distintas regiões do país. Para mim não chegou nem à metade do disco solar. Mas, mesmo assim, é sempre curioso poder ver o Sol “mordido” pela Lua.

Eu tinha a intenção de viajar para o Chile para ver o eclipse solar total ao vivo. Mas aí veio a pandemia. E o resto da frustrante história você já pode imaginar. Restou para mim observar o eclipse parcial e daqui mesmo da minha residência, com segurança. Para piorar ainda mais a frustração, o dia amanheceu nublado. Ao longo do eclipse, no entanto, o Sol apareceu algumas vezes entre uma e outra nuvem, permitindo-me alguns registros fotográficos que compartilho com você lá do topo do post e também logo as seguir.

No início do fenômeno eu estava dando aulas remotas. E no finalzinho dele o Sol se escondeu e ocorreu o “eclipse do eclipse”. Por isso não tenho o registro nem dos primeiros e nem dos últimos minutos do evento.

Durante o eclipse, enquanto eu me refrescava à sombra aguardando o momento para outro clique, notei que a luz solar, atravessando alguns arbustos, projetava múltiplos eclipses numa superfície plana de cimento. Não resisti e registrei com a câmera do meu smartphone. Confira a curiosa imagem logo abaixo. Note que algumas das múltiplas imagens do eclipse estão mais nítidas do que outras. É que cada abertura aleatória entre caules e folhas atua como uma câmara escura de projeção. Como as folhagens se moviam com uma leve brisa, as fendas mudavam de tamanho, alterando a nitidez da imagem projetada. Em algumas delas vemos nitidamente o Sol “mordido”.

Para registrar o eclipse, usei a minha a minha velha companheira Sony HX100V que tem zoom óptico de 30X. Para não sair imagem tremida, ela trabalhou sempre fixa num tripé. Adaptei na objetiva da câmera um filtro solar Thousand Oaks próprio para observação astronômica do Sol e que é capaz de filtrar 99% da radiação solar, garantindo qualidade da imagem registrada e segurança para o equipamento.

Eclipses solares já foi tema do post.

Abraço do prof. Dulcidio. E Física (e Astronomia) na veia!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/fisica-na-veia/2020/12/14/a-lua-nova-cruzou-o-disco-solar-veja-imagens-deste-fenomeno.htm