Limite de velocidade maior não diminui infrações, mas aumenta risco de morte

É comum observarmos motoristas reclamando das velocidades máximas estabelecidas para as vias. Em alguns casos, o governo cede à pressão popular e aumenta o limite de velocidade de ruas e estradas. Acontece que foi constatado em um estudo norte-americano que a maior tolerância não diminui o número de infrações. A quantidade de mortes, ao contrário, cresce junto da velocidade.

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A Associação Automobilística Americana (AAA) está fazendo uma campanha contra o aumento das tolerâncias, já que ficou comprovado que os motoristas ainda excederão o limite de velocidade e que velocidades um pouco maiores são suficientes para aumentar o risco de ferimentos graves ou morte.

Para chegar à conclusão de que o imite de velocidade maior aumenta os riscos de acidentes e mortes, um estudo foi desenvolvido pela AAA em conjunto com a Humanética e o Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS). O trio bateu três crossovers 2010 Honda CR-V EX em três limites diferentes.

O modelo foi selecionado porque obteve a classificação máxima no teste de sobreposição frontal moderada do IIHS e representa a idade média do veículo nos EUA de 11,8 anos.

As colisões foram realizadas a 64, 80 e 90 km/h e, conforme as velocidades aumentavam, “os pesquisadores descobriram mais danos estruturais e forças maiores em todo o corpo dos dummies”.

Embora isso não seja muito surpreendente, a AAA notou que o acidente a 64 km/h resultou em uma intrusão mínima na cabine. A 80 km/h, o impacto causou “deformação perceptível na abertura da porta do lado do motorista, painel e área dos pés”.

airbags de honda crv abertos em cima de dummie em teste de impacto e velocidade

Embora um aumento de 10 km/h não pareça muito, o acidente a 90 km/h “comprometeu significativamente” o interior do CR-V e os sensores do dummy de teste de colisão indicaram lesões graves no pescoço, bem como um probabilidade de fraturas ósseas na parte inferior da perna.

Além disso, a 80 e 90 km/h, a cabeça do manequim se chocou contra o volante, apesar do airbag disparar. As medições indicaram que isso causou um “alto risco de fraturas faciais e lesões cerebrais graves”.

De acordo com o presidente do IIHS, Dr. David Harkey, em entrevista ao Carscoops, “os carros estão mais seguros do que nunca, mas ninguém descobriu como fazê-los desafiar as leis da física”. O especialista acrescentou:

Quanto mais rápido um motorista está indo antes de um acidente, menos provável é que ele consiga reduzir a uma velocidade de sobrevivência, mesmo que tenha a chance de frear antes do impacto.

Em vez de aumentar os limites de velocidade, os legisladores podem adotar “contramedidas comprovadas” para impedir o excesso de velocidade, como fiscalização de alta visibilidade e câmeras de velocidade. O diretor de defesa e pesquisa de segurança no trânsito da AAA, Jake Nelson, também observou que as mudanças na infraestrutura podem ser usadas para “acalmar o fluxo de tráfego de forma adequada para que os limites de velocidade publicados sejam seguidos”.

Enquanto várias pessoas gostariam de ter limites de velocidade mais altos, um estudo do IIHS de 2019 sugeriu que o aumento dos limites de velocidade custou quase 37.000 vidas em 25 anos.

Fonte: https://autopapo.uol.com.br/curta/limite-de-velocidade-risco-de-morte/