Barcelona já está enorme no retrovisor do Atlético de Madrid

Julio Gomes

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa – a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

15/03/2021 19h12

Por todo o modo como transcorreu o início de temporada, o Barcelona não parecia ter a menor chance de ser campeão espanhol nesta temporada – marcada pela grande interrogação em torno da continuidade ou não de Messi. Não é o caso. Com mais uma vitória, os 4 a 1 sobre o Huesca, com golaços de Messi e Griezmann, o Barça está muito forte na disputa.

Tão forte, tão forte, que hoje parece até ter se transformado no grande candidato ao título, apesar de a liderança ser ainda do Atlético de Madrid.

A liderança do Atleti está reduzida a quatro pontos. São 63 dos colchoneros contra 59 do Barça e 57 do futebol instável e da falta de confiança que inspira.

O início de campeonato do Atlético foi monstruoso, com 16 vitórias, 2 empates e somente a derrota para o Real Madrid no que podemos chamar de “turno” – é que não foi exatamente o primeiro turno, pois houve jogos atrasados e adversários repetidos, mas foram, de fato, as 19 primeiras partidas do clube na Liga. No entanto, desde que se apresentaram as partidas atrasadas e o calendário apertou, a partir de fevereiro, o time de Simeone conseguiu vencer só três de oito partidas, deixando 11 pontos pelo caminho – ganhou só três de nove jogos, se colocarmos a Champions no meio.

O último tropeço foi sábado, um 0 a 0 contra o Getafe, que tinha um jogador a menos. É verdade que o goleiro do Getafe brilhou, e o Atlético volta a ficar com a impressão de que tem jogado bem e é “apenas” a bola que não está entrando. Mas os resultados são os resultados.

O Barcelona fez caminho inverso. Nos primeiros 10 jogos, ganhou 4, empatou 2 e perdeu 4. Ou seja, deixou 16 pontos pelo caminho. Mas as coisas mudaram desde dezembro. O jogo do Barça melhorou, Messi, Griezmann e Dembélé parecem estar se acertando melhor e agora a sequência é de 13 vitórias e 3 empates nas últimas 16 partidas.

No mata-mata, o Barcelona teve menos eficiência. Foi eliminado pelo PSG na Champions e precisou jogar várias prorrogações para sobreviver na Copa do Rei – inclusive contra times muito fracos. Mas sobreviveu e está na final contra o Athletic Bilbao.

De repente, uma temporada que se desenhava trágica para o Barça mudou completamente e pode até acabar em “doblete”. Na tabela do Espanhol, o Barça já está inteirinho no retrovisor do Atlético, até porque ainda se enfrentam. Mas o principal é o momento esportivo. Koeman encontrou um time, este time está ganhando corpo e confiança e este time tem Messi. Um Messi sorridente, mais solto e que parece ter voltado a encontrar a motivação.

O futebol é dinâmico, essas coisas mudam rapidamente. Uma vitória aqui, uma derrota ali e o desenho se transforma de um jardim com arco-íris para um mar revolto. No fim do ano, saberemos qual será o quadro da temporada 20/21 blaugrana. Os rabiscos iniciais estão virando uma pintura melhor do que a encomenda.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/julio-gomes/2021/03/15/barcelona-ja-esta-enorme-no-retrovisor-do-atletico-de-madrid.htm