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CES 2021 tem gadget contra ejaculação precoce e sex toys para mais orgasmos
Felipe Germano
Felipe Germano é jornalista que escreve sobre comportamento humano, saúde, tecnologia e cultura pop. Para encontrar as boas histórias, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Já trabalhou nas redações da Jovem Pan, do site Elástica, na revista Época e na revista Superinteressante.
2021 tem uma bela listinha de resoluções para por em prática. Pelo menos quando o assunto é sexo e tecnologia. Prova disso é que o principal evento de tech do planeta, a CES, está repleta de sex toys entre seus anúncios.
Entre os expositores da edição deste ano, estão pesquisas sobre a relação entre covid e sexo, orgasmo próprio, como maximizar o prazer de quem já o tem.
A própria existência de produtos adultos no evento (que neste ano é completamente digital) já é um avanço hercúleo, para começar os trabalhos.
A relação da CES com a sex tech é conturbada: iniciada em 1967, a feira só recebeu uma empresa de tecnologia adulta pela primeira vez em 2011, com a marca de vibradores Ohmibod. E mesmo nessa última década, faltou naturalidade em relação ao assunto. Produtos eróticos eram tratados de escanteio, sem muito destaque no evento.
A situação pareceu mudar em 2019, quando Lora Haddock, foi premiada com a honraria de levar o Inovation Awards, por desenvolver o Ose, um vibrador inteligente. Incrível —mas foi aí que a coisa degringolou de vez.
Dias depois, a organização voltou atrás e retirou o prêmio. Disse que o produto de Lora não se encaixava nem na categoria em que ganhou e nem em nenhuma outra… Pegou mal demais, e os organizadores não só devolveram o troféu quatro meses depois, como determinaram que dali em diante os brinquedinhos seriam bem-vindos aos seus palcos.
Ano passado, o evento encarou de frente pela primeira vez a presença de vibradores high tech.
Aí o fim do mundo aconteceu. Pessoas trancadas em casa. Novas empresas ligando sexo e tecnologia começaram a pipocar para ajudar os quarentenado espalhados pela Terra —acabando de vez com a dúvida sobre se tecnologia e prazer deveriam se misturar.
A edição de 2021 veio para consolidar ainda mais esse sexting.
Já acabou?.apk
Ejaculação precoce é um problema real. No mundo todo, estima-se que pelo menos 20% dos homens sofram do mal. No Brasil, o número é ainda pior: 25%, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia.
Na CES, Jeff Bennett, executivo-chefe e fundador da Morari Medical (uma empresa que une tecnologia com pesquisas médicas), prometeu lutar contra essas estatísticas.
A solução se daria por meio do Delaid (“Atrasado”, em português). Um novo gadget.
Diferentemente dos spams de gosto duvidoso que prometem a mesma coisa, no entanto, a ferramenta usa a tecnologia para diminuir a velocidade do orgasmo.
A sacada é utilizar pequenas descargas elétricas para inibir nervos que causam a ejaculação precoce.
Tal qual muitas das vacinas, tudo ainda segue sem dados oficiais. Mas tal qual muitas das vacinas, isso está para mudar logo logo.
O dispositivo está sendo testado com casais que relataram o problema sexual. Os primeiros resultados devem sair até maio.
Sex and the Covid
Ainda no campo das pesquisas, a empresa de smat vibradores Lioness (a mesma de toda a treta de 2019) se juntou com o Centro de Saúde e Educação Genital, instituição que se dedica a pesquisar sobre sexo, para entender melhor o impacto da pandemia.
Utilizando informações levantadas sobre usuárias de produtos Lioness, os pesquisadores conseguiram descobrir que, por exemplo, durante a pandemia, pessoas passaram a ficar mais satisfeitas com a masturbação —e que ela passou a durar mais.
Alguns dados já foram publicados aqui, mas o intuito é que os estudos não parem.
Com mais de 40 mil análises masturbatórias, o estudo se tornou a maior pesquisa já feita sobre sexo fora de laboratórios, e também a com maior banco de dados sobre a relação entre sexo e pandemia.
Chamada de Lioness Sex Research Platform, a plataforma de pesquisas sexuais pode trazer boas descobertas sobre nosso corpo e como a tecnologia pode nos ajudar na cama.
Caliente
A Lioness não vai parar por aí. A empresa também anunciou novos vibradores.
A novidade é que os brinquedinhos são feitos com um material que esquenta quando em contato com o corpo.
São três novos modelos, que podem ser usados por qualquer pessoa, independente da genitália.
Os nomes dos produtos, alias, são: Sway, Drift e… Tilt.
Chegando lá
Os sex toys, aliás, não estão só ganhando a atenção do público na CES, eles estão levando prêmios também.
A marca de brinquedos eróticos, Satisfyer (que revolucionou o cenário ao trazer os sugadores de clitóris para o grande público) arrematou dois troféus na principal disputa do evento: o prêmio de Inovação da CES.
As premiações dizem a respeito ao Satisfyer Connect (celular), e ao Love Triangle (brinquedinho da marca que impressionou ao combinar sugadores de clitóris com vibradores, criando um estímulo duplo).
Não é a primeira vez que uma empresa que desenvolve produtos eróticos garante a honraria, a própria Lora também ganhou dois deles, ano passado. Mas a premiação vinha carregada de um retrogosto de culpa depois do papelão envolvendo a empreendedora.
A premiação de outras marcas adultas mostra que, sim, produtos +18 estão se reproduzindo e ganhando cada vez mais espaço nos principais palcos do mundo.
“Crescer” pode continuar na listinha de resoluções, mas “aparecer” talvez já tenha sido riscada.
Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/sexting/2021/01/14/menos-ejaculacao-precoce-e-mais-orgasmos-os-sex-toys-da-ces-2021.htm