Jornalistas não poderão usar transporte público nem jantar fora em Tóquio

Demétrio Vecchioli

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Dedicado à cobertura de esportes olímpicos, escreveu para o UOL, para a revista Istoé 2016, foi colunista da Rádio Estadão e, antes do Olhar Olímpico, manteve o blog Olimpílulas. Neste espaço, olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. No Olhar Olímpico têm destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa. Se você tem críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas, escreva para [email protected]

04/02/2021 12h35

Marcados para acontecerem em meio a uma pandemia que já matou mais de 2,2 milhões de pessoas, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio começam a ganhar cara. Enquanto não se sabe nem mesmo se será permitida a presença de público, o Comitê Olímpico Internacional (COI) iniciou a divulgação dos chamados playbook’s, os manuais que dizem o que credenciados podem e o que eles não podem fazer em Tóquio.

Ontem (3) foi divulgado o manual dos oficiais de federações internacionais (os credenciados pela Fifa, pela FIVB, etc). Hoje, o dos credenciados de imprensa. De forma geral, ambos são bastante parecidos e focam nas medidas de precaução que já são bastante conhecidas da população: lavar bem as mãos sempre que possível, usar máscara o tempo todo, mantendo dois metros de distanciamento, evitar o uso compartilhado de materiais e higienizá-lo bem, e evitar todo tipo de contato físico. Também há previsão de testagem constante contra covid, com isolamento de infectados, e medição de temperatura em diversos pontos. E uma regra peculiar: apoio aos atletas só com palmas, não com cânticos e gritos.

Mas não é só isso. Entre as novidades propostas pelo COI nessa primeira versão dos playbook’s (que serão atualizados em abril e em junho) está a orientação para que os credenciados não usem transporte público, a menos que haja permissão, e para que, durante os primeiros 14 dias de estada no Japão, os credenciados não frequentem áreas turísticas, shoppings, restaurantes, bares, etc.

Isso significa, na prática, que o comitê organizador não vai impor uma quarentena longa aos credenciados estrangeiros na entrada deles ao Japão. Mas, durante duas semanas, eles só poderão se locomover dentro de um ambiente controlado: do hotel oficial para o ônibus oficial, até uma venue oficial (que pode ser uma arena ou o centro de imprensa, por exemplo). E a mesma coisa no caminho de volta. Em resumo, pessoas credenciadas só poderão frequentar locais controlados.

Para a imprensa, especificamente, Tóquio-2020 decidiu reduzir pela metade o número de postos de trabalho nas arenas. Historicamente, qualquer jornalista pode ir a uma competição de taekwondo, por exemplo, e quem chegar primeiro pega um lugar na bancada. Os demais ficam em assentos de arquibancada e trabalham com o notebook no colo mesmo. Nos eventos de alta demanda (finais do basquete e da natação, cerimônia de abertura, etc) há distribuição de credenciais especiais.

Em Tóquio, será como se todos os eventos fossem de alta demanda, o que exigirá que os jornalistas tenham que pedir antecipadamente o acesso a cada um dos eventos que desejar cobrir. Também foram reduzidos os espaços de trabalho nas salas de imprensa, nas zonas mistas e nas posições de foto (onde antes caberiam 50 fotógrafos só estarão 25). Tudo isso sem que os organizadores reduzam o número total de credenciados dos Jogos.

Em contraponto, todas as coletivas de imprensa estarão disponíveis online, com possibilidade de jornalistas em postos remotos também fazerem perguntas. Isso vale para todas as coletivas diárias do COI e para todas as coletivas de imprensa de medalhas.

Os playbook’s estipulam que não será exigida vacinação para participar da Olimpíada — nem de atletas, nem de jornalistas. Mas o documento deixa claro que a vacinação é bem-vinda. Mais do que isso: nos países em que já há vacinação para o público geral, o COI pede que haja vacinação dos membros das equipes olímpicas e paraolímpicas pensando nos atletas como embaixadores do país. O COI promete trabalhar com os comitês olímpicos nacionais para estimular a vacinação.

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/olhar-olimpico/2021/02/04/jornalistas-nao-poderao-usar-transporte-publico-nem-jantar-fora-em-toquio.htm