Williams lança carro com pintura nova depois de sofrer ataque de hackers

Julianne Cerasoli

Fã de Fórmula 1 desde a infância, Julianne Cerasoli nasceu em Bragança Paulista (SP) e hoje vive em Londres (Inglaterra). Atua como jornalista desde 2004, tendo trabalhado com diversos tipos de mídia ao longo dos anos, sempre como repórter esportiva e com passagem como editora de esportes do jornal Correio Popular, em Campinas (SP). Cobrindo corridas in loco na Fórmula 1 desde 2011, começou pelo site especializado TotalRace e passou a colaborar para o UOL Esporte em 2015, e para sites e revistas internacionais. No rádio, é a repórter de Fórmula 1 da Sistema Bandeirantes de Rádio desde 2017, e também faz participações regulares no canal Boteco F1, o maior dedicado à categoria no YouTube. Em 2019, Julianne criou o projeto No Paddock da F1 com a Ju, na plataforma Catarse, em que busca aproximar os fãs da Fórmula 1 por meio de conteúdo on demand e podcast exclusivo com personagens da categoria. Neste espaço: Única cobertura in loco de toda a temporada da Fórmula 1 na mídia brasileira, com informações de bastidores, entrevistas exclusivas, análises técnicas e uma pitada de viagens.

Colunista do UOL

05/03/2021 11h09

Não foi do jeito que o time planejou, mas a Williams lançou o carro para a temporada 2021 da Fórmula 1. Na primeira apresentação depois que o time foi comprado pelo grupo de investidores norte-americano Dorilton Capital, o plano era fazer algo inovador na categoria: lançar o carro usando um aplicativo de realidade aumentada, possibilitando que os fãs visualizassem a nova Williams dentro de suas próprias casas. Mas o aplicativo foi hackeado e acabou sendo tirado do ar cerca de uma hora antes do lançamento. Mesmo assim, o time seguiu com o restante do lançamento como planejado, divulgando as imagens do carro com o qual busca sair da lanterna do grid.

O time de George Russell e Nicholas Latifi começa 2021 numa situação muito melhor do que há 12 meses, quando Claire Williams estava às voltas com um patrocinador principal que sequer queria pagar a conta. O dinheiro de Latifi chegara em boa hora, mas ela já tinha o visto do bonde do investimento de bilionário canadense passando uma vez e não podia se fiar a isso. Muito atrás de todo mundo em 2019, a Williams só poderia sonhar em se aproximar do fundo do pelotão, sem saber muito bem como viraria o jogo com o novo regulamento.

Doze meses é pouco tempo para sair de uma situação tão complicada, mas todos os passos que a Williams deu de lá para cá foram positivos. A aquisição por um fundo de investimento que vem tomando decisões acertadas e estudadas, a chegada de um nome experiente como Jost Capito e a própria melhora na pista são bons sinais.

Calcula-se que a Dorilton Capital já tenha injetado mais de 350 milhões de reais na Williams, sendo que a maior parte foi para quitar as dívidas, o que era parte do acordo de aquisição. E já chegaram, também, atualizações para a fábrica, que conviveu até mesmo com falhas de fabricação de peças nos últimos anos.

Mesmo assim, ainda falta pelo menos 1s para a Williams chegar no meio do pelotão, o regulamento não muda muito e as rivais mais próximas (Alfa Romeo e Haas) terão, pelo menos em teoria, um ano melhor com a atualização da unidade de potência da Ferrari, então faz sentido para a Williams colocar suas fichas em 2022.

Até porque há de existir uma vantagem em amargar a lanterna: a Williams é quem tem mais tempo de túnel de vento e CFD à disposição com a nova regra de escalonamento de desenvolvimento aerodinâmico – eles têm 112.5% do tempo total, enquanto a Mercedes, por exemplo, tem 90%. Não é algo que vai fazer uma diferença enorme logo de cara, mas pode ir ajudando a Williams a encostar aos poucos.

Essa necessidade clara de focar, o quanto antes, na próxima temporada é ruim para George Russell não só porque as chances de pontuar continuarão raras, mas porque será mais um ano em que os pilotos da sua geração terão companheiros que os forçam e os fazem aumentar seu leque de habilidades (de Norris com Ricciardo na McLaren a Verstappen com Perez na Red Bull, em menor medida, passando por Sainz e Leclerc forçando um ao outro na Ferrari), enquanto ele tem Latifi: mais de meio segundo em média mais lento que Russell em classificação, um pouco melhor em corrida, mas ainda assim muito longe do companheiro, e surpreendendo negativamente (até a ele mesmo) pela demora em evoluir ao longo de 2020.

Ainda mais tendo tido uma chance de entender qual o nível de trabalho em um time grande, quando substituiu Lewis Hamilton no GP de Sakhir, Russell tem tudo para viver um ano mentalmente desafiador. Logo ele, que desde a estreia já demonstra certa impaciência. Afinal, desde o kart, ele sempre esteve disputando lá na frente, e acredita que este é seu lugar. Será mais um na Williams torcendo para 2022 chegar o quanto antes.

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/pole-position/2021/03/05/williams-lanca-e-pintura-novos-mesmo-depois-de-sofrer-ataque-de-hackers.htm