Uma luz na escuridão

Juca Kfouri

02/11/2020 17h56

Por ROBERTO VIEIRA

Eram 290 deficientes visuais amparados pelo Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. Sob a direção do médico Rogério Vieira, alguns sonhavam ser Dequinha ou Pavão, craques do Flamengo. Sidney de Souza, por exemplo, era Botafogo de corpo e alma e queria ser Nilton Santos. O futebol levava alegria ao coração de todos e logo se adaptaram guizos numa bola de couro. Os dias se encheram de gols.

Corria o ano de 1956 quando decidiram montar a seleção do Instituto. Uma seleção séria e apaixonada pela bola, diferente das malandragens manjadas dos dirigentes.

E foi montada a seleção. Cada jogador com o apelido do seu craque de coração.

O goleiro Antonio Silva era o Antoninho da Portuguesa de Desportos. José Francisco era Belini e Getúlio era o Haroldo. Guaraci se achava Pinheiro, Raimundo era Lafaiete e Carlito, o Clóvis. Assunção queria ser o pernambucano Vavá, Baldez era o Doutor Rubens, Ferreira virava Índio, Zé Amâncio vulgo Zizinho e Amaral, o Parodi.

A alegria durava todo o ano letivo.

Quando as férias chegavam, todos voltavam pra casa tristes e saudosos.

O mundo ficava ainda mais sombrio.

A bola era uma luz na escuridão.

Fonte: https://blogdojuca.uol.com.br/2020/11/uma-luz-na-escuridao/