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Um Corinthians para ser esquecido
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Milly Lacombe
Milly Lacombe, 53, é jornalista, roteirista e escritora. Cronista com coluna nas revistas Trip e Tpm, é autora de cinco livros, entre eles o romance O Ano em Que Morri em Nova York. Acredita em Proust, Machado, Eça, Clarice, Baldwin, Lorde e em longos cafés-da-manhã. Como Nelson Rodrigues acha que o sábado é uma ilusão e, como Camus, que o futebol ensina quase tudo sobre a vida.
Outro dia vi um cartaz que dizia: “Seja gentil com todo mundo porque ninguém está bem”. Pensei que a frase fazia todo o sentido. Ninguém está bem. Estamos sentindo medo, angustia, desespero, desamparo. E raiva. Muita raiva (escrevi mais sobre isso Corinthians. Mas não precisamos de 15 minutos para entender que não é o Corinthians que vai nos ajudar a sair desse estado de ânimo. Pelo contrário. Esse time de Mancini vai apenas aprofundar nossa raiva.
Lembro de ir ao Pacaembu em 2004 ver o que talvez tenha sido o pior Corinthians de todos os tempos. O meio de campo era formado por Fabinho, Fabricio, Samir e Piá. No ataque tínhamos Régis Pitbull. O técnico? Tite, ele mesmo. Um Tite antes da reforma que o transformou em um dos maiores treinadores da história brasileira – e no maior treinador corintiano.
Mas o time não tinha um plano de jogo. Não defendia, não atacava, não triangulava. E eu devo ter ido a todos os jogos no Pacaembu naquele ano. Porque eu não conseguia acreditar no que via, e tinha fé que uma hora o time ia encaixar. O torcedor e a torcedora, esses inocentes.
O Corinthians de Mancini que vi empatar com o São Bento sexta à noite me lembrou esse time de 2004 até mais do que o de 2007. Não existe um plano, não existe uma estratégia, não existe uma tática decifrável. Eu defendo a ideia de que um clube de futebol precisa ter uma cultura de jogo. A do Corinthians, na minha cabeça, é uma cultura de entrega, de intensidade, de garra. Um time que atacaria e defenderia junto. Um time que pensaria novas formas de estar em campo. Não me importa tanto a escalação e o elenco porque, se houvesse uma cultura de jogo, seria menos difícil remontar a estrutura.
Mas o que se sabe sobre o time hoje é que está endividado: é o que diz o noticiário a todo o instante. Como pode o time de maior torcida do Brasil (ao lado do Flamengo, acalmem-se) estar tão quebrado? Onde estão os craques do terrão? Para onde vão? Por que tão cedo? Quem ganha com isso? Quanto se ganha com isso?
Somos a maior matriz de talentos do mundo. Formamos jogadores e jogadoras muito acima da média todos os dias. Por que eles não estão em campo? Por que já nem mais os vemos “nascer”?
Tudo errado. Tudo totalmente errado. E não estamos bem mesmo. Mas não virá do futebol – muito menos do Corinthians – um alívio para esse ano terrivelmente triste.
Espero muito estar enganada em relação ao ano do Corinthians. Adoraria estar errada dessa vez, mas não acho que esteja. Como consolo só mesmo a certeza que depois de 2004s vêm sempre 2005s. Resta saber quando esse 2005 vai chegar.
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/milly-lacombe/2021/04/17/um-corinthians-para-ser-esquecido.htm