Tinder e Bumble: apps de relacionamento expulsam invasores do Capitólio

Felipe Germano

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre comportamento humano, saúde, tecnologia e cultura pop. Para encontrar as boas histórias, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Já trabalhou nas redações da Jovem Pan, do site Elástica, na revista Época e na revista Superinteressante.

19/01/2021 04h00

Ameaçar a democracia não faz mal só para a sociedade, pode também atrapalhar sua vida amorosa. O apps de relacionamento, como o Bumble, estão expulsando participantes da invasão do centro legislativo dos EUA.

Caso tenha passado batido por você, uma rápida recapitulação: no Donald Trump invadiram o Capitólio americano, casa dos legisladores do país, protestando contra o resultado das eleições. O ataque deixou cinco mortos.

Desde então, o FBI se debruçou sobre o assunto. 70 pessoas foram presas. Mas a coisa não parou por aí. A Match Group (dona de apps como Tinder, ParPerfeito, OkCupid e outros) e a Bumble decidiram que essas pessoas, ao violarem a lei, perderam o direito de participarem de seus apps.

“Nós iniciamos, e continuaremos, o banimento de usuários procurados pelo FBI por conexão com terroristas domésticos”, afirmou um representante da Match, ao jornal Washington Post.

Mesmo quem passa despercebido pelo radar das plataformas, pode encontrar uma armadilha na hora de achar um mozão.

Eis que plataformas como o Bumble permitem usar o espectro político como filtro. E usuárias dizem ter mudado suas preferências para “conservadora”, atrás de participantes da ação. No entanto, a busca não era por um amor bandido. O intuito seria enviar fotos dos suspeitos para o FBI.

Um tweet contanto a estratégia ultrapassou as 350 mil curtidas em menos de uma semana de publicação. E não demorou para outras usuárias começarem a publicar suas próprias experiências na mesma rede.

O flerte à paisana, no entanto, foi interrompido. Bumble desabilitou a categoria “conservadora”, afirmando querer evitar “mal uso”.

É inegável, no entanto, que a estratégia fazia sentido. Até porque os próprios criminosos não estavam fazendo muita questão de se esconder. Brandon Fellow, invasor do Capitólio, afirmou à Bloomberg que seu Bumble estava “estourando” desde que publicou fotos da ação na rede de xavecos. Foi preso dias depois. Ô, Brandon, não era amor…

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/sexting/2021/01/19/sem-match-tinder-e-bumble-estao-banindo-invasores-do-capitolio-nos-eua.htm