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Segredo da ‘dinastia’ palmeirense está na base, não nas contratações
Julio Gomes
Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa – a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.
Já dá para chamar de dinastia? É um termo tão forte quanto raro no futebol brasileiro. Mas, em um ambiente de tanto amadorismo e equilíbrio, é preciso destacar quando um clube consegue tantas coisas em pouco tempo. De 2015 para cá, ou seja, em cinco anos, o Palmeiras ganhou uma Libertadores, dois Brasileiros, um Paulistão (que não vencia havia mais de década) e uma Copa do Brasil – está na final para ganhar mais uma.
Vimos, nos últimos anos, a consolidação de um futebol brasileiro com duas forças financeiras destacadas: Flamengo e Palmeiras. É nítido, pelo termômetro das redes sociais, como muitos torcedores têm essa perfeita noção. Um está de olho no outro. Um está na bronca com o outro. Mesmo sem terem disputado alguma final, semifinal ou qualquer coisa do tipo no período.
Além de dinheiro, estes clubes têm história, torcida, mídia, enfim, tudo o que é necessário para construir uma, vamos chamar assim, dinastia. E ambos sabem que o outro é o maior obstáculo para tal. Principalmente enquanto São Paulo e Corinthians, os outros com o mesmo potencial e retrospecto, patinarem e não saírem do abismo financeiro.
É claro que Palmeiras e Flamengo não vão ganhar tudo. Mas vão chegar em tudo. Esta é a realidade atual do futebol brasileiro.
Agora, o dinheiro traz tudo? Traz quase tudo, se bem utilizado. Serve para o futebol e nossa vida. Se mal utilizado, traz muitas frustrações. O Flamengo já está organizado há um bom tempo, mas só em 2019 gastou o dinheiro com inteligência. Em 2020, só fez besteiras – e ainda assim é tão forte que é capaz que ganhe o Brasileiro.
O que o Palmeiras fez nos últimos cinco anos foi contratar muita gente. A contratação mais importante foi a de Dudu, exatos seis anos atrás. Foi ali que vimos que o Palmeiras, após rebaixamentos e vexames, estava de volta. A partir daí, vieram vários tipos de jogadores. Desde os mais caros e disputados, como Borja ou Rony; até aqueles que se destacavam em clubes brasileiros e que vinham em uma espécie de estratégia de reserva de mercado: Scarpa, Lucas Lima, Zé Rafael, Veiga; mas vieram também alguns reforços pontuais para construção de elenco (zagueiros, laterais, William…).
Isso é o que esteve no noticiário o tempo todo. Só que fora deste radar da mídia estava o principal investimento. Os 60 milhões da gestão Paulo Nobre e os 90 da gestão Maurício Galiotte na base.
Historicamente, o Palmeiras sempre teve seus anos de glória fundamentados em compras de jogadores. Esta rota mudou. Hoje, o Palmeiras tem uma das bases mais bem trabalhadas, desenvolvidas e vencedoras do Brasil.
Pensem na provocação que os rivais fazem com os palmeirenses: “Não tem Copinha e não tem Mundial”. É claro que, para o palestrino, o “não ter Mundial” é muito mais doído. Mas o “não ter Copinha” é muito mais simbólico e representativo. Ganhar a Copa São Paulo de juniores é apenas questão de tempo para o Palmeiras.
Nos últimos anos, as taças só aumentaram na base (do sub-11 ao sub-20): foram 16 em 2017, 23 em 2018, 34 em 2019. Entre 2017 e 2020, foram 78 convocações para seleções nacionais (leia mais nesta reportagem do UOL Esporte). Esta base já revelou Gabriel Jesus para o mundo.
E o título da Libertadores não pode ser dissociado dos nomes de Danilo, Gabriel Menino, Patrick de Paula e Gabriel Veron. Os jogadores “da casa” participaram de 17 dos 33 gols da campanha. Os números nem fazem justiça à importância deles, trazendo ar fresco, jovialidade, coragem, qualidade e identidade ao time de Abel Ferreira.
Investimento na base não é solução apenas para times médios ou pequenos em busca de bons negócios. E investimento na base não significa simplesmente formar para vender (alô, alô, São Paulo). Significa criar grandes jogadores, aproveitá-los esportivamente e, eventualmente, vender. Uma ou duas vendas já recuperam todo o dinheiro investido. Parece fácil. E é fácil. Só não chama muita atenção – até a hora que dá certo.
Não sei se podemos chamar os últimos cinco anos palmeirenses de “dinastia”. Mas ela pode estar sendo construída. Com a velha e boa estratégia que nunca foi marca palestrina, mas agora é: formar em casa.
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/julio-gomes/2021/01/31/segredo-da-dinastia-palmeirense-esta-na-base-nao-nas-contratacoes.htm