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Por que é tão raro encontrar uma pessoa trans que trabalha com tecnologia?
Akin Abaz
Akin Bakari D’Angelo dos Santos é fundador da InfoPreta e homem trans. Um curioso nato e um amante do desconhecido, sempre se interessou por montar, desmontar e entender o funcionamento dos eletrônicos. Fez cursos técnicos na adolescência e, aos 15 anos, já atuava na área da indústria com manutenção eletrônica de maquinário pesado. Em 2011, começou a consertar computadores em seu quarto e dois anos depois fundou a InfoPreta, empresa de serviços de manutenção que tem por objetivo inserir pessoas negras, LGBTQI+ e mulheres no mercado tech, aliando lucros a projetos sociais de grande impacto.
Estamos em janeiro, mês da Visibilidade Trans e te pergunto: quantas pessoas trans você conhece na área de tecnologia? Quantas trabalham com você?
Se sua resposta foi zero, nenhuma ou variações disso, temos uma questão muito importante a ser levantada. Você já pensou em como se dá o acesso de pessoas trans na carreira profissional?
Inicialmente, precisamos ressaltar que a média de vida de pessoas trans em 2021 diminuiu para 32 anos. Parece absurdo, e é. Principalmente se levarmos em consideração a média normal do brasileiro, que é de 76 anos.
Sobreviver já é uma luta diária para a comunidade trans e mais do que estar vivo, as pessoas transgêneras têm sonhos, planos e projetos os quais a sociedade atual ainda mantém difícil alcançar.
O alto índice de evasão escolar entre travestis e transexuais impede o acesso ao ensino superior e ambos os fatos ajudam a construir uma cadeia que dificulta o surgimento de oportunidades no mercado de trabalho.
O preconceito também é um dos motivos da exclusão, já que a sociedade ainda vê pessoas trans como aliens ou seres de outro planeta, simplesmente por escolherem ser quem elas são.
Existem alguns projetos com o intuito de inserir as pessoas transgêneras no mercado de trabalho como o Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais), que promovem ações afirmativas e diretas para a inserção de pessoas trans em múltiplas áreas, porém a de tecnologia é a que menos se tem acesso por ser totalmente elitizada e por comumente excluir minorias.
Muitas empresas se concentram em ações de diversidade, porém o que mais importa para as minorias é a inclusão real e o respeito.
Antes de incluir, é necessário o preparo de quem já está dentro do ambiente de trabalho para que aprendam a lidar com as diferenças e a respeitar o próximo.
Esse procedimento deve estar aliado à diversidade de funcionários, que pode ocorrer através de ações afirmativas dentro do mercado de trabalho. Assim, acreditamos que seja possível um ambiente saudável e de grande aprendizado para todos os lados.
Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/akin-abaz/2021/01/21/transicao-na-era-da-tecnologia-alguma-coisa-mudou.htm