Perguntas e respostas sobre como Jordan virou o maior jogador da história da NBA

  • Facebook
  • Twitter
  • Facebook Messenger
  • Pinterest
  • e-mail

Fosse a intenção de Michael Jordan ou não, as cinco semanas de “The Last Dance”, documentário da ESPN, apresentando o Chicago Bulls de 1997-98, restabeleceram o lugar de Jordan na consciência popular como o maior jogador de todos os tempos da NBA.

Quando Jordan reivindicou o título de maior de todos os tempos? De quem ele tirou? “The Last Dance” revela que as respostas para essas perguntas não são tão simples quanto parecem.

Vamos detalhar, no estilo “Perguntas Frequentes”, quem Jordan superou, como e quando ele fez isso.


Quando começamos a usar o termo ‘maior de todos os tempos’?

Foi bem depois de Jordan ganhar o título. A frase em si (“o maior de todos os tempos”) foi popularizada pelo lendário boxeador Muhammad Ali, que a aplicou a si mesmo durante sua carreira, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Então, em 1992, a esposa de Ali, Lonnie, nomeou a empresa criada para cuidar da imagem do boxeador como Greatest of All Time Inc. (G.O.A.T. Inc.).

No entanto, conforme detalhado pela USA Today em 2017, o acrônimo GOAT não parece ter sido usado até o álbum de 2000 de LL Cool J “G.O.A.T. (O Melhor de Todos os Tempos)”. Com o tempo um parêntese para explicar as quatro letras para desapareceu.

Quem era considerado o GOAT antes de Jordan?

O status de GOAT estava disponível porque, nos anos 80, não havia consenso sobre o melhor jogador de basquete de todos os tempos. A conversa geralmente começava com o grande debate da NBA: Wilt Chamberlain ou Bill Russell? Os rivais tinham argumentos para reivindicar o status: Chamberlain foi um monstro nas estatísticas individuais e Russell venceu 11 títulos em 13 temporadas.

Por causa desse contraste, a escolha entre Chamberlain e Russell foi tanto uma declaração de valores quanto uma reflexão sobre suas carreiras. E foi assim que, embora Russell tenha sido a primeira escolha da Pro Basketball Writers Association em 1980, o livro de 1988 “Os 100 Maiores Jogadores de Basquete”, de Wayne Patterson e Lisa Fisher, favoreceu Chamberlain.

Até então, a outra opção era Kareem Abdul-Jabbar, que superou Chamberlain como maior pontuador da história da na liga em 1984 e havia ultrapassado Russell com seis prêmios de MVP – ainda a maior marca da NBA. Com Abdul-Jabbar ainda jogando em 1986, 60 membros de treinadores e GMs atuais e antigos e jogadores aposentados selecionados pelo Dallas Morning News o escolheu como o melhor de todos os tempos, com Oscar Robertson em um surpreendente segundo lugar, Russell em terceiro e Chamberlain em quarto.

Durante a década de 1980, Larry Bird e Magic Johnson também foram considerados “os melhores de todos os tempos”, enquanto o Boston Celtics e o Los Angeles Lakers lutavam ano após ano nas Finais da NBA. Mas a essa altura, a estrela que eclipsaria todos eles já havia começado sua ascensão.

Quando Jordan se tornou o GOAT?

Notavelmente, depois de treinar Jordan durante as Olimpíadas de 1984, o técnico dos EUA, Bob Knight, chamou Jordan de “o melhor jogador de basquete que eu já vi jogar”.

Enquanto outros esperavam para ver como as habilidades de Jordan se traduziriam na NBA, não demorou muito para ele encontrar o caminho para a discussão da melhor maneira possível. Já em 1989, quando Jordan tinha ganho apenas um único MVP e estava aparecendo nas finais da conferência pela primeira vez, o Dallas Morning News informou que os GMs debateram se ele merecia consideração.

De acordo com Bruce Jenkins, do San Francisco Chronicle, um debate semelhante ocorreu nas salas de imprensa dos playoffs, como Jordan – que era o armador do time de Doug Collins – teve média de 34,8 pontos, 7,6 assistências e 7,0 rebotes por jogo durante os playoffs.

Ainda assim, sempre houve a ponderação de se ele poderia melhorar seus colegas de equipe – essencialmente um código para saber se ele conseguiria transformar seu sucesso pessoal em anéis. Até o técnico de Jordan, Phil Jackson, parecia compartilhar dessa preocupação.

Quando Jackson chegou aos Bulls como assistente de Collins em 1987, o livro de Sam Smith “The Jordan Rules” o cita dizendo a Collins: “Nós tínhamos uma regra de ouro em Nova York: uma estrela torna os jogadores ao seu redor melhores. Essa era a nossa crença. Era assim que medíamos uma estrela. [Walt] Frazier ou [Willis] Reed te ajudando, te cobrindo defensivamente, permitindo que você jogasse mais, porque eles poderiam intimidar um oponente “.

Já em 1990, depois de substituir Collins como técnico principal, Jackson observou que as equipes que tinham o maior pontuador da NBA raramente venciam o título. De fato, relatou Smith, na época, apenas um campeão de pontuação havia conquistado o título na mesma temporada desde a introdução do cronômetro de posse: Kareem Abdul-Jabbar em 1970-71 (quando ainda era conhecido como Lew Alcindor). Daí o desejo de Jackson de criar mais equilíbrio com o ataque do triângulo.

(É claro que Jordan permaneceu o líder em pontuação da liga durante todas as seis temporadas de título de Chicago.)

Quando os Bulls ficaram quentes nos playoffs de 1991, vencendo 15 partidas e perdendo apenas uma para o primeiro título de Jordan, todas as perguntas sobre sua capacidade de vencer foram removidas. Naquele mês de setembro, o então colunista do Washington Post, Tony Kornheiser, casualmente podia se referir a Jordan como “o melhor jogador de todos os tempos.” (Quando Jordan foi escolhido o Atleta do Ano pela Sports Illustrated, em dezembro daquele ano, Jack McCallum, que trabalhava na SI, deixou a questão um pouco mais aberta, mas se inclinou em favor de Jordan.)

play

Ala mostrou empolgação ao se encontrar com a lenda do basquete

Quando Jordan removeu qualquer tipo de dúvida?

Quando Jordan anunciou sua primeira aposentadoria em outubro de 1993, a ideia de que ele era o melhor jogador de basquete da história já era um consenso. O dono dos Bulls, Jerry Reinsdorf, usou a frase “o melhor de todos os tempos” durante a entrevista coletiva e, embora Reinsdorf tenha sido tendencioso, McCallum, da SI, entrou na onda. O mesmo aconteceu com Steve Wulf, seu colega de SI, em seu infame artigo, instando Jordan a desistir de sua carreira no beisebol.

E quando Bob Costas fez a pergunta a Magic Johnson durante as Finais da NBA de 1993, Magic, já aposentado, não hesitou em considerar Jordan o melhor de todos os tempos. “Michael Jordan não é apenas o melhor jogador de basquete, mas é provavelmente o jogador de basquete mais empolgante que já jogou”, disse ele durante uma discussão que avaliava o legado dos Bulls.

Isso é notável, já que Jordan jogou apenas nove temporadas da NBA, menos que Russell (13) e Chamberlain (14), e muito menos ainda que Abdul-Jabbar (20) – testemunho das alturas que Jordan já alcançara, bem como do fato de que a discussão entre jogadores de basquete é moldada mais pelo desempenho máximo do que pelos marcos de carreira.

Foi apenas após o retorno de Jordan, porém, que ele realmente se afastou do resto do bando, vencendo dois MVPs (igualando Russell e superando Wilt) e levando Chicago a mais três títulos – incluindo a até então melhor campanha da história da NBA em uma temporada regular (72-10).

Basicamente, Jordan superou o debate Títulos x Estatísticas de Russell e Wilt. Jordan teve mais títulos que Wilt e mais estatísticas que Russell.

Quando Jordan se aposentou pela segunda vez, depois de encerrar sua carreira nos Bulls com um dos arremessos mais emblemáticos da história da NBA, a questão era menos se ele era o melhor jogador de basquete de todos os tempos e mais se ele era o maior de todos os esportes. Pouco tempo depois, o SportsCentury, da ESPN, classificou Jordan frente de Ali (nº 3) e Babe Ruth (nº 2) como o maior atleta norte-americano do século XX. (Chamberlain foi o jogador de basquete mais próximo de Jordan, em 13°.)

Não está claro quanto tempo Jordan continuará sendo o melhor da história consensualmente. O mesmo fator recente que trabalhou a favor de Jordan em relação a pessoas como Babe Ruth pode eventualmente se voltar contra ele, enquanto LeBron James está trabalhando. Como detalhou meu colega Ohm Youngmisuk na semana passada, jogadores mais jovens da NBA conheceram Jordan apenas por seus vídeos no YouTube e cresceram idolatrando a James e Kobe Bryant. Resta saber se “The Last Dance” elevará o status de Jordan entre aqueles que nunca o viram jogar.

Uma coisa é certa: a grandeza de Jordan tornará mais difícil que ele seja substituído do que qualquer um que veio antes dele.

Fonte: https://www.espn.com.br/nba/artigo/_/id/6959890/nba-como-michael-jordan-se-tornou-o-maior-jogador-da-historia