Para militares, Pazuello adotou o “modo teimosia” ao permanecer na ativa

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

Do UOL, em Brasília

10/02/2021 13h19

Se entre os militares há divergências em relação à atuação do general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde, o consenso de que ele deveria pedir para ir para a reserva agora vem acompanhado de ceticismo.

Generais e coronéis ouvidos pela coluna afirmam que o general não dá sinais de que tomará a decisão de deixar o Exército. De acordo com um militar que conhece Pazuello dos tempos de caserna, o ministro agora adotou o “modo teimosia” e parece disposto a enfrentar as críticas dos pares sem constrangimento.

A suposta tentativa de promoção de Pazuello é apontada como “vontade individual” do general e longe de se tornar realidade, avaliam militares de alta patente.

Além de precisar mudar as normas vigentes que tratam de promoção dentro das Forças Armadas, generais lembram que a turma de Pazuello só estará apta a promoções no ano que vem.

Ou seja, caso conseguisse mesmo mudar as regras atuais, Pazuello teria que esperar pelo menos mais um ano para conseguir mais uma estrela. Pazuello é general de intendência – e pela lei em vigor – só alcança as chamadas três estrelas, posto que o ministro já ocupa.

A decisão de pedir reserva é individual e não há muito o que o comandante do Exército, general Edson Pujol, possa fazer. Apesar disso, alguns militares passaram a criticar a atuação do comandante e dizem que caberia sim a Pujol convencer Pazuello de deixar o Exército.

Pazuello está respaldado pela lei, tem o direito de servir à Presidência e pedir licença do Exército. O que os militares não querem é dividir a conta pela gestão do ministro, que está inclusive sendo investigado por sua atuação no combate a pandemia.

“Ele precisa aposentar a farda. A teimosia dele é ruim para nossa imagem”, afirmou um general à coluna.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/02/10/para-militares-pazuello-adotou-o-modo-teimosia-ao-permanecer-na-ativa.htm