Os revisionistas e suas histórias mirabolantes

Juca Kfouri

21/12/2020 00h35

Existem revisionistas de todos os tipos.

Há os que negam o Holocausto, os que suprimem fotos de Leon Trotsky ao lado de Lenin na Revolução Russa, aqueles que defendem a Terra plana e os que olham para o futebol com os olhos e os critérios de hoje.

Estes, além de revisionistas, cometem o que se chama de anacronismo.

Daí transformam a Taça Brasil em Campeonato Brasileiro ou desqualificam gols marcados numa determinada época como se fossem marcados hoje.

O pior é que aqueles que imaginam que a história começou com eles, justificam tais arranjos históricos, porque não fazem ideia do significado que certos acontecimentos tiveram quando ocorreram.

Há grandes conquistas que valem por si mesmas, mas que alguns buscam equivalência onde não há.

Então o torcedor quer que seu time seja mais campeão que o rival e aceita de bom grado gato por lebre.

Assim, por pura ignorância, acaba diminuindo o valor de verdadeiras façanhas, como as do Bahia, em 1959, e do Cruzeiro, em 1966, ao ganharem a Taça Brasil em finais contra o Santos de Pelé.

Quem viveu as duas epopeias sabe que ambas foram maiores que o Campeonato Brasileiro do mesmo Bahia, em 1988, e do Cruzeiro, em 2003, 2013 e 2014.

Dito isso, só resta dizer que para um goleador superar Pelé terá de fazer mais de 1283 gols.

O resto é procurar pelo em ovo e reescrever a história como o nariz de cada um.

Em tempo: como tudo na vida, há os que cometem o revisionismo para puxar a brasa para sua sardinha e que depois reclamam quando outros botam água no seu chopp com os mesmos métodos espúrios.

Fonte: https://blogdojuca.uol.com.br/2020/12/os-revisionistas-e-suas-historias-mirabolantes/