No Brasil, 160 cidades podem ficar sem concessionárias Ford

Do total de 283 concessionárias Ford espalhados pelo país, 166 delas são únicas nos municípios em que estão instaladas. Para os proprietários de veículos da marca residentes nessas localidades, o fechamento das fábricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) causa preocupação. É que, sem a linha de produtos nacionais, a rede da empresa deve passar a ter apenas 123 autorizadas, o que pode deixar várias dessas cidades sem assistência.

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Essa estimativa foi feita pela Associação Brasileira dos Distribuidores Ford (Abradif). A entidade prevê que 160 concessionários fechem as portas neste ano: tal número corresponde a um encolhimento de nada menos que 56,5%. Isso porque, juntos, os modelos Ka e EcoSport (ambos já descontinuados) correspondiam por 85% do mix de vendas da multinacional no Brasil. Afinal, eram os veículos mais acessíveis da gama.

Em alguns Estados, a situação é semelhante: podem simplesmente ficar sem qualquer ponto assistencial da marca. Acre, Amapá e Roraima contam, cada um, com uma única autorizada. Já Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Amazonas e Tocantins têm apenas duas concessionárias Ford cada.

Concessionárias Ford ainda não fecharam

Vale destacar que o levantamento da Abradif é nacional: a entidade não tem como especificar quais concessionárias Ford vão deixar de existir. Desse modo, parte das 160 autorizadas que devem encerrar as atividades podem estar situadas em municípios nos quais existem outros pontos assistenciais da marca.

Ocorre que, enquanto 166 cidades têm apenas uma concessionária Ford, outras 117 contam com duas ou mais. São Paulo é a localidade com a maior rede: 15 das autorizadas da marca concentram-se na capital paulista. De qualquer modo, mesmo na melhor das hipóteses, dezenas de municípios devem ficar sem assistência.

Em avaliação, Ford Ka Sedan mostra que motor 1.5 e câmbio automático têm ótimo desempenho; preço da versão Titanium é alto.

Segundo a Abradif, até o final do último mês de fevereiro, nenhuma das 283 concessionárias Ford no país havia encerrado as atividades. Muitas delas, inclusive, ainda vendem unidades de Ka e EcoSport que estão em estoque.

O que fazer se faltar assistência?

A garantia dos veículos não mudou com o fechamento das fábricas: Ka e EcoSport têm 3 anos de cobertura. Contudo, para desfrutar da assistência da fábrica, os consumidores devem seguir o plano de manutenção e fazer todos os serviços em concessionárias Ford. Essa regra, inclusive, vale para automóveis de qualquer marca. Mas e se, na localidade onde o proprietário reside, só existir uma autorizada e ela vier a fechar?

A advogada especialista em direito do consumidor Ana Carolina Caram explica que o Código de Defesa do Consumidor assegura a prestação dos serviços de manutenção aos proprietários. “Tudo o que foi acordado no momento da compra deve ser cumprido pela empresa. O consumidor não pode ter seu direito negado”, afirma.

Caram esclarece que a Ford tem uma imagem de tradição no mercado brasileiro: isso gerou uma grande expectativa nos consumidores, que, por direito, não pode deixar de ser atendida pela empresa. Ademais, todos eles adquiriram um bem de alto valor agregado e com longa vida útil presumida.

De acordo com a advogada, o fabricante precisa honrar os termos da garantia previstos no contrato de compra. E o acesso a serviços de assistência e a peças está incluído nessas obrigações legais. Questões operacionais da multinacional não podem resultar em problemas para os proprietários.

Se houver alguma situação de dificuldade para realizar a manutenção, a especialista aconselha a entrar em contato com fabricante, por meio de algum canal de atendimento. O proprietário deve negociar: pode, por exemplo, pedir um desconto como compensação, caso tenha que rodar grandes distâncias para chegar às concessionárias Ford mais próximas. Segundo Caram,

O consumidor que se sentir lesado deve, incialmente, buscar o diálogo: qual solução a empresa oferece?”

Ações legais

Caso as negociações com a empresa forem infrutíferas, a advogada recomenda procurar algum órgão de defesa do consumidor, como o Procon. Ou então entrar na justiça, por meio do Juizado Especial de Pequenas Causas. É possível até acionar o Ministério Público, se o caso envolver vários consumidores.

Na hipótese de ser necessário recorrer à justiça, Caram destaca que o consumidor precisará reunir evidências que indiquem falhas na prestação do serviço. Ela lembra ainda que a responsabilidade pela assistência do veículo solidária: ou seja, diz respeito tanto às concessionárias quanto à Ford:

Junte provas e evidências: protocolos de atendimentos, documentos, e-mails e nomes de atendentes podem ter grande utilidade.”

E agora? Como ficam as peças de reposição para o meu Ford? Boris Feldman comenta em vídeo!

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Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/brasil-160-cidades-sem-concessionarias-ford/