Na raça, doceira da quebrada abraça soluções digitais para o negócio bombar

Quebrada Tech

O Desenrola E Não Me Enrola é um coletivo de produção jornalística que atua a partir das periferias de São Paulo, investigando fatos invisíveis que geram grandes impactos sociais na vida dos moradores e moradoras dos territórios periféricos.

Tamires Rodrigues

17/03/2021 04h00

Renata Alves, 48, trabalha com doces e salgados há 25 anos. Agora, a moradora do Jardim Kagohara, na zona sul de São Paulo, ampliou o faturamento e presença digital do negócio, mesmo com dificuldades para manusear plataformas de pagamento online e divulgar seus produtos nas redes sociais.

Há seis meses, antes de consolidar o negócio, a clientela da doceira era formada principalmente pelos seus vizinhos, que faziam as encomendas. O trabalho de doceira era realizado nas horas vagas. A ocupação principal de Renata é em uma escola pública da periferia, de onde ela está afastada desde o inicio da pandemia de coronavírus,

Por falta de letramento digital e afinidade com as redes sociais, a doceira se tornou sócia de sua irmã Rosalva Aparecida, 54, que junto com a filha de Renata deu todo o apoio para divulgar os produtos e criar a marca Doces e Salgados RR . A parceria deu tão certo que ajudou a irmã de Renata a pagar algumas mensalidades da faculdade.

“Ela divulga as coisas da loja no Facebook. A gente fica mais com a mão de obra, né”, diz a doceira.

Ainda assim um dos principais desafios das irmãs empreendedoras é lidar com meios de comunicação digital. Segundo Renata, essa dificuldade passou a ser vencida durante a pandemia. “Eu não sei mexer muito em computador, não navego, não tinha essa mania. Agora na pandemia a gente começou a mexer um pouco mais”, diz.

Mesmo com a dificuldade em lidar com as plataformas digitais e as redes sociais, Renata afirma que nesse momento o negócio está crescendo ruma à profissionalização da marca Doces e Salgados RR. “Tem uns 10 ou 15 dias que nós entramos no iFood e a gente vende pela internet. Os vizinhos e as pessoas que já compravam por encomenda começaram a pedir agora. Nós fizemos um WhatsApp da loja e as pessoas fazem encomenda por lá também”, afirma.

Para o negócio chegar nesse estágio, duas coisas foram fundamentais: a melhoria do serviço de internet e a utilização do Pix como serviço de pagamento digital. “A nossa internet não era boa, era bem falha, e recentemente chegou a fibra ótica, aí a internet ficou melhor. Ficou bem mais fácil assim”, diz.

Ao sentir o impacto das soluções digitais no seu negócio, o Pix acabou se tornando outro aliado e passou a ser um dos principais meios de pagamento dos seus produtos por não incluir taxa e, consequentemente, tornar o negócio mais rentável. “Eu pude perceber que o Pix é muito mais vantajoso que a maquininha, porque ele não tem taxa. Ele sai e entra com o mesmo valor”, diz.

Renata tem descontado 1,99 % de taxas em compras com cartão de débito e 4,99% no crédito. Segundo a doceira, com a economia obtida sem essas taxas, teria mais recursos para investir na infraestrutura do negócio.

“A gente trabalha na cozinha de casa. Estamos lutando muito para construir uma cozinha e uma loja física. Temos o espaço para construir, e eu gostaria muito de ter a nossa lojinha, para a gente sair da cozinha de casa”, diz.

Os clientes de Renata também têm preferido o Pix, que é bastante utilizado principalmente em dias de chuva. “Como essa semana choveu bastante, as pessoas estão fazendo o pedido e na hora elas fazem o pagamento com Pix. Isso torna a venda muito mais rápida”, afirma.

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/quebrada-tech/2021/03/17/pix-e-fibra-optica-transformam-negocio-de-doceira-da-quebrada.htm