Mulheres vítimas de tráfico sexual processam Pornhub e pedem US$ 40 milhões

Felipe Germano

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre comportamento humano, saúde, tecnologia e cultura pop. Para encontrar as boas histórias, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Já trabalhou nas redações da Jovem Pan, do site Elástica, na revista Época e na revista Superinteressante.

Colunista de Tilt

16/12/2020 20h01

Mulheres que foram traficadas sexualmente estão processando a empresa-mãe do Pornhub, a MindGeek, em US$ 40 milhões (cerca de R$ 204 milhões). A acusação é que o site pornô exibia vídeos que foram filmados sob ameaça, mesmo sabendo dos crimes que ocorriam por trás das contas.

filmes pornôs. Depois prometiam que o conteúdo seria publicado apenas em DVD, nunca publicado online —e pagavam mulheres para se passarem por ex-atrizes e corroborarem a história.

A situação piorava mais. Embebedavam as meninas, faziam-nas assinar contratos sobre uma diária de 20 minutos, mas as obrigavam a gravar cenas de sexo por até cinco horas. Quem tentava desistir no meio ou se negava a fazer práticas como sexo anal ou era ameaçada.

O FBI entrou na jogada e passou a investigar os cabeças da empresa. De lá para cá, Michael Pratt, fundador do site, se tornou um foragido da agência de inteligência americana. Acredita-se que ele fugiu do país. Há até uma recompensa de U$S 10 mil (cerca de R$ 51 mil), em troca de alguma informação sobre ele.

Entre as vítimas, 22 receberam um total de US$ 12,7 milhões (cerca de R$ 65 milhões) da empresa, por danos envolvendo fraude e coerção.

Parceira de conteúdo

Quarenta vítimas do site agora querem justiça do site pornô que exibia as filmagens. Segundo a Vice, em uma nova ação as mulheres estão denunciando que a plataforma de vídeos adultos sabia dos problemas da Girls do Porn. E, ainda assim, continuava exibindo os filmes. Não só isso: firmou uma parceria com os criminosos.

A Girls Do Porn era uma “parceira de conteúdo” do Pornhub. O que, em português claro, significa que contratos entre as duas marcas eram firmados, geralmente girando em torno da remuneração sobre as produções.

Mesmo depois que as vítimas começaram a denunciar a produtora, em agosto do ano passado, o Pornhub levou meses para tirar as filmagens do ar. A Girls Do Toys, uma divisão da produtora, só foi removida do site nesta semana.

O problema, no entanto, começou bem antes. Anos antes do caso todo vir a público, as vítimas denunciaram, para o Pornhub, todos os abusos que haviam sofrido.

“Eu vou me matar se isso continuar online. Eu fui enganada, me disseram que seria publicado apenas em DVDs para outro país. Por favor, eu imploro. Eu vou pagar”, afirmou uma vítima em um email para o site, que data de 2016. Foram mais de três anos para a filmagem sair do ar.

Cada uma das mulheres quer US$ 1 milhão da MindGeek. Elas também pedem os lucros obtidos com os vídeos em que foram exploradas.

“Como resultado imediato do conhecimento financeiro e da participação da MindGeek no empreendimento de tráfico sexual de Girls Do Porn, as requerentes sofreram danos, incluindo, mas não se limitando a, sofrimento emocional grave, trauma significativo, tentativa de suicídio e ostracização social e familiar”, afirma o texto do processo. A ação será julgada na Califórnia, ainda sem data para um veredito.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/sexting/2020/12/16/40-vitimas-de-trafico-sexual-estao-processando-o-pornhub.htm