MP questiona Doria sobre proposta de transformar ginásio em shopping

Demétrio Vecchioli

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Dedicado à cobertura de esportes olímpicos, escreveu para o UOL, para a revista Istoé 2016, foi colunista da Rádio Estadão e, antes do Olhar Olímpico, manteve o blog Olimpílulas. Neste espaço, olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. No Olhar Olímpico têm destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa. Se você tem críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas, escreva para [email protected]

03/12/2020 15h58

O Ministério Público de São Paulo informou hoje (3) ter acionado o governo do Estado sobre as notícias de que a Secretaria de Esporte (Seme) pretende lançar uma concessão pública que prevê, em sua modelagem econômica, que o ginásio do Ibirapuera seja convertido em shopping center. O governador João Doria (PSDB) tem negado a informação, que consta nos estudos referenciais e até mesmo nos slides de apresentação feita por Doria quando do anúncio dos planos de concessão.

“A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital informa que requisitou do Governo do Estado de São Paulo todas as informações acerca da tentativa de concessão de uso da área pública onde está instalado o Conjunto Desportivo Constância Vaz Guimarães”, diz a nota do MP.

Ministério Público diz que, apesar de o conselho estadual de preservação do patrimônio cultural e histórico ter, na segunda-feira, rejeitado os estudos para o tombamento do complexo, “está analisando outras restrições legais que inviabilizariam a construção de um empreendimento multiuso, shopping center, três torres com apart hotel e escritórios e outros usos que o concessionário considerar rentáveis no local”.

A concessão do complexo à iniciativa privada tem como justificativa a construção de uma arena multiuso para 20 mil lugares, em praticamente qualquer local do terreno de 91 mil metros quadrados. O concessionário teria a obrigação de erguer essa arena e de construir quatro quadras poliesportivas e uma pista de skate. E, para viabilizar o negócio, poderia utilizar o restante do terreno, que tem estádio de atletismo, quadras, dois ginásios, parque aquático, etc, para construir empreendimentos comerciais.

Pela modelagem econômica, que é a planilha de cálculos feitas pelo governo para justificar os valores exigidos, o ginásio do Ibirapuera, principal, seria transformado em um shopping center de porte médio. A arena seria construída onde hoje fica o estádio e o parque aquático daria lugar a três prédios comerciais, com hotel, apart hotel e escritórios.

O futuro concessionário não precisa, obrigatoriamente, seguir essa modelagem, mas os valores cobrados pelo contrato são baseados nesses cálculos. Ganha o edital, que será lançado este mês, quem oferecer um valor maior de outorga (luvas contratuais), e, em tese, tem condições de oferecer maior valor quem encontrar mais soluções para gerar receita no terreno.

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/olhar-olimpico/2020/12/03/mp-questiona-doria-sobre-proposta-de-transformar-ginasio-em-shopping.htm