Mesmo com queda nas vendas, faltam motos; revendedores culpam segunda onda

Arthur Caldeira

Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é “louco”, anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

Colunista do UOL

02/02/2021 16h59

Os emplacamentos de motocicletas alcançaram 85.839 unidades em janeiro, segundo os dados divulgados pela Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil. O resultado representa queda de 13,14 % em comparação a dezembro, o que é costumeiro, já que sazonalmente o primeiro mês do ano não tem números tão expressivos.

Entretanto, o resultado também significa uma retração de 6,38% em relação ao mesmo mês do ano passado. A principal “culpada”, segundo os distribuidores e fabricantes de motocicletas, é a segunda onda da pandemia de covid-19, que causou a diminuição dos turnos nas fábricas e até uma nova paralisação da planta da Honda em Manaus (AM).

“O mês de janeiro foi impactado pela paralisação da produção das unidades fabris, localizadas em Manaus (AM), por cerca de 10 dias, além do problema gerado pela falta de peças e componentes, que já se estende pelos últimos meses, causando um desabastecimento de oferta, também para este segmento”, declarou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

Devido à falta de insumos e o acúmulo de motos vendidas em 2020, em função da suspensão da produção entre abril e maio do ano passado, os estoques das concessionárias estão muito baixos. “Para alguns modelos, a espera chega a até 60 dias. A demanda segue aquecida, fomentada pela consolidação da motocicleta como veículo de transporte pessoal e de carga, dado o incremento das vendas do e-commerce, além da boa oferta de crédito pelas instituições financeiras, que estão aprovando 45% das propostas apresentadas”, avalia Assumpção Júnior.

A falta de motos também é lamentada pelos fabricantes. Em coletiva de imprensa virtual, na última semana, o presidente da Abraciclo, associação dos fabricantes de motocicletas, Marcos Fermanian, afirmou que o segmento vive um momento paradoxal. Segundo o executivo, a demanda pelo modal está em alta, tanto no mercado interno quanto externo, mas ressalta que as fabricantes seguem trabalhando com medidas restritivas em suas unidades industriais, o que impacta no volume produtivo e, consequentemente, nas vendas.

“Recentemente, com a implantação do toque de recolher pelo governo do Amazonas, todas as associadas adequaram seus turnos de trabalho. Além disso, redobramos os cuidados com as medidas de saúde e segurança para garantir a saúde dos colaboradores”, diz o presidente da associação dos fabricantes.

Projeções otimistas

Apesar da queda em janeiro, os fabricantes de motocicletas esperam recuperar parte das perdas de 2020 neste ano. Em nota, a Abraciclo afirma que estima que as fábricas localizadas no Polo Industrial de Manaus deverão produzir 1.060.000 motocicletas em 2021. O volume representa alta de 10,2% na comparação com as 961.986 unidades que saíram das linhas de montagem em 2020.

No varejo, a expectativa é de que sejam licenciadas 980.000 unidades, alta de 7,1% na comparação com as 915.157 motocicletas emplacadas em 2020. As exportações deverão totalizar 40.000 unidades, volume 18,5% maior em relação às 33.750 unidades registradas no ano passado.

O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirma que a expectativa do setor é recuperar, em 2021, parte das perdas do ano anterior. “A chegada da vacina será o ponto-chave para recuperarmos as perdas provocadas pela maior crise, tanto sanitária quanto econômica, que já enfrentamos. Por isso, acreditamos que a tendência é que a produção de motocicletas siga em ascensão nos próximos meses”, afirma.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/infomoto/2021/02/02/mesmo-com-queda-nas-vendas-faltam-motos-revendedores-culpam-segunda-onda.htm