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Levantamento indica falta de transparência com sócio-torcedor na Série A
Danilo Lavieri
Danilo Lavieri começou a carreira em 2008 e trabalha com futebol desde 2010. Já cobriu Copa, Olimpíada, escreveu a biografia do goleiro Marcos (Nunca Fui Santo) e ganhou prêmio de furo do ano da Aceesp em 2019.
Uma passada pelos sites principais de cada equipe mostra que os clubes por aqui ainda estão longe de serem transparentes o suficiente com as questões envolvendo o seu sócio-torcedor. O levantamento comentado pela empresa especializada Feng Brasil mostra que apenas nove dos 20 times da Série A divulgam em seu veículo oficial detalhes como número de inscritos, por exemplo.
Flamengo, Santos, Ceará, Atlético-MG, Botafogo, Fluminense, Fortaleza e Sport são os indicados pela empresa como os exemplos a serem seguidos.
Para André Monnerat, diretor de negócios da Feng Brasil, essa ferramenta é capaz de criar uma motivação entre os torcedores, como aconteceu, por exemplo, com o Black Friday do Vasco em novembro de 2019, quando o clube tornou-se o maior programa de associados do Brasil, com mais de 200 mil inscritos.
“A transparência é sempre importante para o torcedor acreditar no projeto. Além disso, a divulgação dos números de sócios faz o torcedor perceber que tem muita gente como ele decidindo entrar para o programa, pois é muito mais fácil você querer fazer algo quando vê outros como você fazendo. Especialmente em momentos de campanhas, quando começa a haver um crescimento de base, isso pode ajudar a criar um efeito bola de neve que potencializa os resultados”, afirmou Monnerat.
“É claro que a decisão de divulgar o número de sócios desta forma passa por muitas coisas e é legítimo cada clube ou empresa decidir se quer ou não abrir para o público sua quantidade de clientes. Mas um programa de sócios depende muito do torcedor comprar a briga do clube, acreditar que aquilo realmente fortalece o time e ver a importância da iniciativa – e essa abertura costuma ajudar a fazê-lo se engajar com os resultados e se perceber participando de algo maior. O grande crescimento do Vasco em 2019, por exemplo, nunca aconteceria sem aquele contador de sócios em tempo real para todo mundo ver”, completou.
Durante a pandemia, todos os clubes perderam muita receita com vendas de ingressos e com os planos de sócio-torcedor. Como já mostrou esse blog, o prejuízo já ultrapassa os R$ 20 milhões só com os custos para se fazer uma partida com os portões fechados, sem nem contar o que os clubes deixaram de arrecadar.
Como a crise mundial de saúde não tem data para acabar, cabe ao clube buscar alternativas para tentar continuar arrecadando enquanto as arquibancadas continuam vazias.
“O sócio-torcedor quer se sentir reconhecido e inserido dentro desta paixão pelo clube. Antes ele tinha o benefício dos jogos, mas isso deixou de existir com a pandemia e desafiou as agremiações a buscar alternativas que criassem um canal e uma ligação especial mais próxima entre eles”, explicou Monnerat.
“Ações que tocam o sentimento dos sócios, que contribuem para essa história, foram mais evidentes durante a pandemia como forma de mantê-los reconhecidos. Normalmente quem se interessa em ser sócio é alguém que vê seu clube como uma parte muito importante de sua própria identidade”, completou.
Veja o raio-x de como cada clube divulga seu plano de sócio-torcedor:
Atlético-MG: programa Galo na Veia tem 57.444 inscritos, com planos a partir de R$ 10,00 por mês.
Atlético Goianiense: Não tem informações sobre o sócio-torcedor na página oficial do clube.
Athletico-PR: programa Sócio Furacão tem planos a partir de R$ 75,00 por mês, mas omite o total de sócios no site oficial.
Bahia: o programa Sócio Esquadrão tem planos a partir de R$ 17,50 por mês, e de R$ 10,00 por mês para crianças, mas omite o total de sócios no site oficial.
Botafogo: o plano Sou Botafogo tem 29.035 inscritos, com planos a partir de R$ 14,90 por mês.
Ceará: o programa Sócio Vozão tem planos a partir de R$ 14,00 por mês, com pouco mais de 22 mil sócios.
Corinthians: o Fiel Torcedor tem planos a partir de R$ 17,50 por mês, mas não informa o total de sócios no site oficial.
Coritiba: o programa Sócio Coxa Branca tem planos a partir de R$ 50,00 por mês e omite o número de inscritos.
Flamengo: o programa Nação divulga 67.528 inscritos, com planos a partir de R$ 23,90.
Fluminense: o programa tem 34.475 inscritos, com planos a partir de R$ 9,90 por mês.
Fortaleza: o programa tem 20.587 inscritos, com plano anual a partir de R$ 389,94.
Goiás: o plano Sou Verdão tem planos a partir de R$ 9,33 por mês, mas não informa o total de sócios no site oficial.
Grêmio: o programa tem planos a partir de R$ 35,00 por mês, mas não informa o total de inscritos.
Internacional: tem planos a partir de R$ 10,00 por mês, mas não informa o total de inscritos.
Palmeiras: o sócio-Avanti tem planos a partir de R$ 17,99 por mês com promoções para reverter em créditos na loja oficial do clube, mas omite o total de inscritos.
Red Bull Bragantino: anunciou no final do mês de outubro que lançaria o programa de sócio-torcedor.
Santos: o programa Sócio Rei tem 22.803 inscritos, com planos a partir de R$ 27,00 por mês.
São Paulo: o pagamento anual no cartão de crédito, em até 12x iguais e sem juros, ou débito automático no valor de R$144,00, sem total de sócios.
Sport: o programa de Sócio tem 23.961 inscritos, com planos a partir de R$ 27,00 por mês.
Vasco: o programa Sócio Gigante tem 83.829 inscritos, com adesões a partir de R$ 14,98, com opções para quem mora fora do Rio.
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/danilo-lavieri/2021/01/22/levantamento-indica-falta-de-transparencia-com-socio-torcedor-na-serie-a.htm