Leilão de linhas de transmissão deve atrair gigantes do setor de energia

Wilian Miron*

17/12/2020 07h00

Apesar do cenário econômico desafiador, o leilão de linhas de transmissão marcado para hoje, que ofertará 11 lotes de concessões em 9 estados, deverá ter a presença de grandes investidores do setor elétrico.

Segundo fontes, o consenso é de que o risco no segmento é baixo e, além disso, há alternativas de financiamento de longo prazo para os projetos. Entre as empresas interessadas no evento, que acontecerá na Eletrobras.

A estimativa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) com o leilão é de um movimento R$ 7,34 bilhões. Para o presidente da agência, André Pepitone, a participação das empresas está ligada à expectativa de retomada da economia em 2021.

“O futuro é de recuperação, de investimentos e criação de empregos”, disse ele, durante evento promovido na terça-feira pela Enel Green Power.

As regras adotadas pela Aneel este ano proíbem a troca do controle da concessionária de transmissão antes do início da operação comercial —o que impede a participação de construtoras no certame. Até aqui, era comum que empreiteiras arrematassem ativos para depois revendê-los com lucro.

Na visão de analistas de mercado e de bancos de investimento, as companhias devem buscar ativos com sinergias com empreendimentos já existentes. É o caso da Eletrobras, que já manifestou interesse por uma linha de transmissão na região Norte, na qual a subsidiária Amazonas GT já possui um trecho.

“A vantagem é que o investimento já está feito”, disse o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior.

No entanto, segundo relatório do banco Credit Suisse, este leilão também será marcado pelo pequeno espaço para obtenção de retornos, o que pode limitar o valor dos lances. O presidente da Neoenergia, Mário Ruiz-Tagle, disse recentemente que o apetite da companhia para este leilão depende do cumprimento da disciplina de alocação de capital da companhia.

A exemplo da Eletrobras, a companhia deve se concentrar em lotes específicos, conectados às operações atuais.

A Taesa também já afirmou que a rentabilidade será o nome do jogo. “Estamos na fase de estudos dos lotes desde que recebemos a minuta de edital e vamos nos concentrar naqueles que fizeram sentido em termos de competitividade e lucratividade”, disse recentemente o diretor de negócios, gestão de participações e de implantação da Taesa, Marcus Vinícius.

Essa cautela do setor, aponta relatório do banco Brasil Plural, é decorrente das incertezas macroeconômicas, que trazem volatilidade às taxas de juros de longo prazo —o que pode fazer com que a disputa por ativos seja mais discreta do que em leilões anteriores.

Embora a instituição financeira veja uma tendência de lances mais conservadores, o relatório afirma que a Taesa e a Engie, podem investir mais fortemente em ativos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, respectivamente.

Do ponto de vista de crédito, a agência de classificação de riscos Moody’s, acredita que os novos projetos serão financiados essencialmente pelo mercado local, beneficiando-se das taxas de juros baixas e da disponibilidade de recursos de longo prazo.

“O bom acesso aos mercados de dívida é apoiado pela previsibilidade do setor e pelos fluxos de caixa estáveis e a percepção de riscos de crédito reduzidos”, diz a Moody’s.

Ativos

Os 11 blocos a serem licitados incluem a contratação de 1.958 quilômetros de novas linhas de transmissão. As oportunidades estão distribuídas em todas as regiões do Brasil, nos seguintes Estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Os lotes serão leiloados em três blocos, com início respectivamente às 9h (lotes 1, 9 e 10), 10h30 (lotes 2, 3, 4 e 5) e 11h30 (lotes 6, 7, 8 e 11).

(*Colaborou Luciana Collet)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/12/17/leilao-de-linhas-de-transmissao-deve-atrair-gigantes-do-setor-de-energia.htm