Já dirigimos: Ford Mustang Mach-E tem tudo pra se tornar referência entre elétricos

O que é?

O Ford Mustang existe há 56 anos enquanto o novo Mustang Mach-E inaugura uma nova fase para a marca. Vamos conferir: logotipos de cavalos em vez do emblema oval da Ford, além de uma seção dianteira e traseira no estilo do lendário carro esporte Mustang. Não parece ruim ao vivo, mas você tem que curtir o estilo. 

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Mas uma coisa é certa: o Mustang Coupé e o Mustang Mach-E têm quase tanto em comum quanto o Flamengo e o Fluminense. Afinal, o Mach-E é um crossover de cinco portas. No entanto, as dimensões dos dois Mustangs não são tão distantes entre si: 4,71 metros para o elétrico, 4,79 metros para o esportivo. E mesmo em termos de peso, a diferença não é tão grande: 300 quilos separam o Mustang “real” do Mach-E de duas toneladas.

Por ora, chega de comparações na árvore genealógica. Vamos nos concentrar no Mustang Mach-E. O espaço disponível é bom em vista do formato um tanto hatchback: um mínimo de 402 litros de bagagem cabem no porta-malas. Se os bancos traseiros forem rebatidos para a frente, o volume aumenta para até 1.420 litros.

Sob o capô dianteiro há também um chamado “Frunk”: tem capacidade para 81 litros e possui uma válvula de drenagem de água. É fácil de limpar e é particularmente adequado para roupas de banho molhadas ou botas de montanha sujas. 

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Minhas pernas têm espaço suficiente e também não há motivo de reclamação acima da minha cabeça. Quando eu olho para cima, vejo o grande teto de vidro opcional. Mas agora no cockpit: o acabamento é bom e tem qualidade visivelmente superior em comparação a um VW ID.3, por exemplo. A propósito, o Mustang elétrico é fabricado no México, pois seu objetivo principal é atender o mercado dos Estados Unidos.

Não há dúvida de que a Ford está de olho na Tesla naquele mercado. Um componente em particular deve parecer familiar aos discípulos do “Santo Elon”: a enorme tela de formato vertical. Mais precisamente, uma tela sensível ao toque de 15,5 polegadas. Como recurso especial, há um botão giratório manual para o volume na parte inferior.

Mas a poderosa tela LCD compartilha do mesmo problema que a rival Tesla: você não deve manuseá-la com frequência enquanto dirige, pois o potencial de distração é grande. No entanto, muitas configurações são feitas antes do início da viagem ou permanecem inalteradas pelo proprietário por semanas. 

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Em todo caso, me habituei ao dispositivo muito rapidamente, me referindo ao menu de navegação. E, ao contrário do Tesla, há um visor adicional para o quadro de instrumentos atrás do volante: um painel digital de 10,2″ instalado horizontalmente. 

Falando em toque e afins: as maçanetas externas das portas são destravadas por sensores. Uma estreia da Ford é a tecnologia “smartphone como chave”. Se o carro detectar via Bluetooth que o dispositivo móvel autorizado do motorista está se aproximando, ele destrava as portas. Mesmo para ligar o carro, você não precisa pegar um smartphone ou uma chave.

Se a bateria do dispositivo eletrônico estiver descarregada, o Mustang Mach-E pode ser aberto com um PIN usando um teclado numérico na coluna B. E com um código PIN separado inserido na tela central sensível ao toque, o carro também está pronto para rodar. Os puxadores convencionais das portas podem ser retraídos desta forma.

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Sob o capô:

O Mustang Mach-E é baseado na arquitetura de um veículo que a equipe “Edison” da Ford desenvolveu do zero para automóveis totalmente elétricos. O crossover elétrico vem com tração nas rodas traseiras e nas quatro rodas (motor elétrico duplo) e, dependendo da capacidade da bateria, em dois níveis de potência cada.

Confira abaixo os principais dados técnicos:

Portanto, existem muitas variantes: com ou sem tração nas quatro rodas, que depende do número de motores elétricos. Com mais autonomia ou mais equipamentos, dependendo do seu gosto. Os números mostram, entretanto, que com dois motores você perde um pouco de autonomia. O Mustang Mach-E E-Extended Range (que nome!) Parece ser o meio-termo ideal. 

Para carregar, a Ford recomenda uma Wallbox, o que pode reduzir o tempo de carregamento em 80% em comparação com uma tomada doméstica. Isso deve permitir que a versão de alcance estendido com tração traseira seja ‘abastecida’ com energia suficiente para mais 62 quilômetros em uma hora. Os compradores do Mustang Mach-E recebem dois cabos de carregamento como item de série.

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Além disso, os clientes da Ford têm acesso a 400 estações de carregamento rápido HPC (HPC = High Power Charging) com seus quase 2.400 pontos de carregamento, que o consórcio IONITY – do qual a Ford é um dos membros fundadores e parceiros – irá instalar ao longo das rodovias europeias até o final de 2020.

Para além do acesso gratuito à rede de tarifação rápida IONITY, os clientes Ford se beneficiam também de uma tarifa reduzida de 0,31 euros/kWh (com IVA) em vez da tarifa normal de 0,79 euros/kWh, R$ 1,93/kWh e R$ 4,91/kWh, respectivamente, do primeiro ano. Isso se aplica a todos os clientes da Ford na Europa que “reabastecem” seus veículos Ford com eletricidade em um ponto de carregamento IONITY na Alemanha. A distância entre as estações de carregamento individuais deve ser de no máximo 120 quilômetros.

O Ford Mustang Mach-E pode usar uma potência de carregamento de até 150 kW na rede IONITY e outros pontos de carregamento HPC, reduzindo significativamente os tempos de carregamento. Se o Mustang Mach-E for recarregado em uma estação IONITY com 150 kW, dez minutos serão suficientes para que ele ganhe mais 119 quilômetros de autonomia no melhor dos casos. 

Resumo com os dados de recarga: 

O lançamento no mercado da versão especialmente esportiva Mustang Mach-E GT está planejado para o final de 2021. Os dados são muito próximos aos do Mustang Mach 1 de combustão convencional. Potência: 342 kW (465 cv), torque: 84,6 kgfm, aceleração: 3,7 segundos de 0 a 100 km/h, mais a bateria grande. A velocidade máxima limitada eletronicamente do Mustang Mach-E GT é de 200 km/h. Seu peso: 2.273 quilogramas.

Como anda?

Depois da minha curta volta na pista de testes da Ford, posso dizer: é muito bom. Eu estava na pista com a versão top preliminar, o Mach-E bimotor com bateria grande. O peso de 2,2 toneladas não é nem notado no trecho plano. Com relação ao chassi, a Ford se esforçou muito para chegar a um compromisso atraente: o Mustang Mach-E não é um ‘sofá’ com as rodas de 19 polegadas, mas também não é excessivamente esportivo ou duro nos vários tipos de piso.

Ele é interessante nas curvas: o Mach-E as contorna com boa precisão, mas o peso extra não pode desaparecer de forma mágica. Assim, o SUV tende a querer escapar um pouco. Mas é surpreendente que, apesar da tração nas quatro rodas, a traseira possa ser levemente desviada. Mais esportivo que o Mustang “real”? Claro que não. Afinal, o Mach-E também é projetado para o uso familiar e por isso é menos arisco. 

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

Deixe-me colocar de outra forma: o Ford Mustang Mach-E oferece um bom equilíbrio entre conforto e esportividade com o apertar de um botão. Existem três modos de condução diferentes: Padrão, Ativo e Temperamental. No “Ativo”, chega aos ouvidos do motorista um ronco artificial do motor, que no “Temperamental” quase imita um V8. Mas isso parece um tanto embaraçoso, por isso desliguei esse som emulado.

Por falar em desligar: também pode se fazer isso com o modo de pedal único, se necessário. Infelizmente, o grau de regeneração não pode ser ajustado. E a Ford deveria revisar o sistema de alerta de colisão, que responde muito cedo. 

Quanto custa?

Para terminar, uma palavra sobre o consumo: cheguei a 25,0 kWh por 100 km, mas com um estilo de condução difícil e num percurso que não é representativo. Testes práticos em condições mais realistas devem fornecer valores detalhados para consumo e autonomia em uma data posterior.  

Ford Mustang Mach-E (2021) posto à prova

O lançamento do Ford Mustang Mach-E está previsto para o início de 2021 e a lista de preços começa em 46.900 euros (incluindo 19 por cento de IVA) (R$ 292.070). A ampla lista de itens de série já está incluída aqui. Não há muitos opcionais além de cores diferentes e alguns pacotes de tecnologia.

Vamos fazer as contas: sem considerar todos os incentivos, o Mustang Mach-E começa em cerca de 37.500 euros (R$ 233.400). E mesmo sem considerar um bônus, pode incomodar a concorrência: um VW ID.4 Pro significativamente mais fraco com “apenas” 150 kW (204 cv) e lista de equipamentos mais pobre custa bons 44.630 euros (R$ 277.800) com 19 por cento de IVA.

Conclusão: 8/10

Primeiro tiro certeiro: Com o Mustang Mach-E, a Ford colocou um carro elétrico surpreendentemente bom no mercado e o preço também está adequado. O Mach-E está muito bem ajustado e pronto para a estrada. Ele supera o Tesla em termos de funcionamento e qualidade de construção. Mas a Ford demorou muito para lançar seu carro elétrico ‘puro’. No entanto, o resultado é impressionante – só não deveria se chamar Mustang.

Fonte: https://insideevs.uol.com.br/reviews/460251/avaliacao-impressoes-eletrico-ford-mustang-mache/