Parece que a Rivian R1T veio realmente para mudar paradigmas e ao mesmo tempo em que a picape elétrica começa a ser entregue aos primeiros clientes norte-americanos, nossos amigos do InsideEVs EUA tiveram a primeira experiência com a caminhonete e uma grata surpresa.
O Rivian R1T é um veículo extraordinário. No asfalto se parece mais com um sedã esportivo do que uma picape de 2,7 toneladas, mas também pode enfrentar com facilidade as mais desafiadoras condições off-road. É como um Clark Kent na estrada, mas quando entra naquela cabine telefônica, baixa a pressão dos pneus e salta para o modo Off-road ou Rock-Crawl e se transforma em uma ‘superpicape’.
*o tempo de 0-96 e autonomia são com o veículo equipado com os pneus esportivos de 21″. A R1T Launch Edition R1T que conduzimos teve o pacote de 20″ de pneus/rodas off-road, que oferecerá tempos de aceleração um pouco mais lentos, bem como um pouco menos de autonomia. A Rivian não divulgou os tempos de aceleração ou o alcance de condução oficial com a combinação pneu/roda off-road de 20″ instalado.
Nas trilhas
A Rivian R1T é a primeira picape elétrica produzida em série, por isso ainda não há um rival adequado para comparação. Dessa forma, só posso tirar proveito da minha experiência de condução off-road nos veículos dos meus amigos (Jeeps, um Raptor F-150, e a Ram TRX). O que mais chamou a atenção para mim (e para alguns dos meus colegas jornalistas no teste) foi a facilidade com que o R1T conseguiu superar os obstáculos mais difíceis.
O motor quádruplo do R1T detecta o deslizamento da transmissão em milissegundos e distribui a quantidade adequada de potência para cada roda, exatamente de acordo com a necessidade. A picape avança de forma lenta e confiável sobre obstáculos como a lava que desce pela lateral de um vulcão – parece imparável.
Ela tem mais 8,3 cm de distância do solo do que o Jeep Gladiator Rubicon
O modo crawling para rochas permite uma subida ou descida lenta e constante. Não há necessidade de trabalhar o acelerador para manter as rotações adequadas ou mesmo usar os freios de para diminuir a velocidade. Isso porque o sistema de frenagem regenerativa o retém lenta e firmemente, ainda melhor do que os modos de descida de colina que usei em uma variedade de veículos de tração integral movidos a gasolina. É uma tocada de um pedal e na verdade é simples, talvez até fácil demais. Além disso, você também está recuperando energia para as baterias, para começar.
Eu digo que talvez seja fácil demais porque a Rivian foi obrigada a ter uma representante do USDA Forest Service, Dillon Ranger District nos acompanhando no percurso off-road de 45 km que fizemos através das Montanhas Rochosas do Colorado. Durante uma parada para trocar um pneu em um dos oito R1Ts do comboio que foi perfurado por uma pedra, perguntei a ela o que achava do veículo, que respondeu ter sensações distintas.
Ela explicou que considerava um veículo incrível para o fora de estrada e queria uma unidade para usar em serviço (ela casualmente deixou a dica para a Rivian de que poderia ser uma boa jogada de relações públicas ceder uma unidade para o Serviço Florestal). Mas depois disse que estava preocupada que o R1T fosse bom demais, que permitisse aos inexperientes em off-road enfrentarem as trilhas mais difíceis e remotas. Isso pode significar um aumento do tráfego e possivelmente mais danos para o meio ambiente no parque.
Projetado para absorver, desviar e distribuir a força dos impactos, o escudo é projetado para proteção nas condições mais extremas do off-road. – Rivian sobre a proteção inferior
A distância ao solo do R1T pode ser ajustada em até 16,5 cm, de 20 a 36 cm. Para comparação, isso representa 8,3 cm a mais de distância ao solo do que o Jeep Gladiator Rubicon, que atinge 28 cm de altura. O R1T não precisa lidar com os eixos de transmissão e sistemas de escape para proteger a parte de baixo. Em vez disso, há um escudo protetor de aço de alta resistência, liga de alumínio e fibra de carbono.
O R1T também tem um compressor de ar integrado, que permite baixar a pressão dos pneus para o fora de estrada e calibrá-los rapidamente antes de voltar à estrada. Levamos cerca de 20 minutos para encher os nossos quatro pneus a partir dos 28 psi que colocamos anteriormente até os 48 psi recomendados para o asfalto.
No asfalto
Se alguém te vendasse e te colocasse num R1T para percorrer algumas estradas sinuosas e depois te perguntasse em que tipo de veículo estava, nunca adivinharia estar numa picape.
A configuração de motor quádruplo com vetorização de torque, amortecedores adaptativos e uma arquitetura de suspensão sofisticada, incluindo uma suspensão dianteira de duplo eixo de comprimento desigual e uma suspensão traseira multi-link, proporcionam uma confiança de condução inigualável para uma caminhonete.
O sistema oferece um controle dinâmico de rolamento com suspensão pneumática regulável em altura, permitindo que a suspensão seja ajustada para uma condução suave e confortável em estrada; condução em estrada de alta performance; ou excepcional capacidade off-road.
Embora não seja um Tesla Model S Plaid, é rápido – na verdade, assustadoramente rápido. Mas eu já previa um alto desempenho por conta de seu trem de força com mais de 125 kgfm de torque. Mas a forma como essa potência é entregue, e o quão seguro o veículo faz curvas em alta velocidade, foi o que mais me impressionou.
Para a condução em estrada, os motoristas podem selecionar entre os modos de condução All-Purpose, Sport e Conserve. Quando você configura seu perfil, é possível selecionar qual modo de condução o veículo irá adotar como padrão ao dar a partida. Essa é uma ótima funcionalidade, e infelizmente nem todas as montadoras permitem que o proprietário faça isso. Com muita frequência, o veículo tem um modo padrão cada vez que se dá a partida e em seguida o motorista tem que selecionar o modo em que prefere dirigir.
Cada modo tem configurações padrão de altura, rigidez e frenagem regenerativa, mas o motorista ainda pode ajustar essas configurações para chegar à configuração de sua preferência. O modo Conserve é o mais eficiente, já que o veículo desacopla os dois motores traseiros e funciona com tração dianteira. Ao contrário de alguns outros veículos elétricos, você não pode acoplar os motores traseiros a menos que você desative esse modo Conserve. O Porsche Taycan, por exemplo, mudará de forma inteligente para FWD na rodovia quando colocar o veículo no modo Range. Contudo, pode engatar o motor traseiro simplesmente pisando fundo no acelerador; isso não acontecerá com o R1T.
Existem três níveis de frenagem regenerativa – Max, High e Medium – e há uma história por trás disso. O R1T tinha quatro níveis de regeneração, os três mencionados mais Low. No entanto, como a configuração Low tinha uma força de frenagem regenerativa muito limitada, tornou o R1T menos eficiente.
Se a Rivian quisesse manter essa opção, a autonomia certificada pela EPA teria sido menor, por isso foi eliminado e as picapes chegarão ao mercado com três níveis de regeneração. No entanto, vão renomear o ajuste Medium para Low nas entregas aos clientes, mas nós estávamos dirigindo veículos de pré-produção e eles ainda tinham o nome Medium nas opções.
Você não vai conseguir nenhum ajuste fino de regeneração de freio, nem algo perto disso
Eu alternei entre os três ajustes e achei todos muito fortes. Não vai conseguir nenhuma ajuste fino de regeneração de freio, nem perto disso. Todos os três ajustes vão proporcionar uma condução de um pedal e parar o veículo sem comprimir os freios de fricção. O R1T irá então manter o veículo estável sem a intervenção do condutor. No ajuste Max, o R1T é capaz de gerar até 150 kW para o pack de baterias.
Do que não gostamos
Embora acreditemos que o R1T seja realmente um veículo revolucionário, ele não é perfeito. No entanto, alguns dos nossos problemas podem ser facilmente eliminados quando a versão de produção do R1T for lançada. Conduzimos versões de pré-produção, o que normalmente significa que nem tudo funciona 100 por cento como deveria. Mas ainda temos que apontar o que observamos para ser justos.
Em primeiro lugar, o Driver+, sistema de assistência ao motorista não está totalmente finalizado. O controle de cruzeiro adaptativo funcionou bem, mas quando ativamos a direção autônoma, ele não conseguiu lidar com algumas das curvas da rodovia e exigiu intervenção. O sistema também depende do mapeamento de alta precisão, como o Super Cruise da GM, por isso havia trechos da rodovia onde dirigimos onde o sistema não podia ser ativado.
Também tivemos um problema com nosso compressor de ar e precisávamos usar o sistema em outro R1T no comboio. Além disso, a proteção automática do painel não abria e eu tive que reiniciar a tela central uma vez porque não carregava o sistema. Mas como eu disse, isto pode estar relacionado com problemas de pré-produção que podem ser corrigidos na maioria das vezes através do lançamento.
Mas havia algumas outras coisas que mudaríamos de acordo com nossa preferência. Primeiro, enquanto o espaçoso frunk do R1T tem capacidade para 311 litros, o acesso dos objetos é difícil por conta da altura. Isso não vai funcionar com itens pesados. Nós preferimos a abordagem do Ford F-150 Lightning que permite que a área da grade frontal se levante com o capô. Isso permite o carregamento mais fácil de itens pesados.
O Android Auto e o Apple Carplay não estão disponíveis no R1T e também não parece que a Rivian planeia integrá-los no futuro. Além disso, nem a funcionalidade Tank Turn que a Rivian nos mostrou há algum tempo. O Tank Turn permite que o veículo gire basicamente no lugar com o raio de giro não mais do que o comprimento do veículo. Isso não está bem finalizado, me disseram, e não fiquei com a impressão de que ele estaria disponível para os proprietários do R1T em breve.
A caçamba tem apenas 1,37 metro de comprimento com a porta traseira levantada e vai ser um problema para algumas pessoas. O meu Toyota Tacoma tem uma caçamba de 1,5 metro e isso é, por vezes, um pouco pequena para algumas tarefas. Sim, ele tem um túnel de 328 litros que pode acomodar carga, mas itens grandes que precisam ir para a caçamba podem não caber sem deixar a porta traseira abaixada e que apresenta seu próprio conjunto de problemas durante a condução. A caçamba é razão suficiente para excluir o R1T como uma picape de trabalho. Mas sabemos que a Rivian não se importa com isso, pois não tem como alvo o segmento das caminhonetes de carga.
Curiosamente, o R1T não tem um porta-luvas. Em vez disso, o compartimento de armazenamento do console central por baixo do apoio de braço pode ser fechado para proteger objetos de valor. Há bolsos nas portas e pequenos compartimentos para óculos debaixo dos bancos dianteiros, assim como uma bandeja montada no assoalho entre o condutor e o passageiro do banco dianteiro, mas isso é tudo. O ideal seria ter um pouco mais de capacidade para objetos dentro do habitáculo.
É um Vencedor
Como podem ver, ficamos mais do que impressionados com o R1T. Ainda nos perguntamos como é que o veículo todo-o-terreno mais capaz que já conduzimos pode ter um desempenho tão bom na estrada, simplesmente enchendo um pouco os pneus e dirigindo no modo de condução Sport. É bruxaria ou apenas uma grande obra de engenharia?
O R1T vai mudar paradigmas – muitos deles
Quando o Tesla Model S foi lançado em 2012, mudou a cabeça de muita gente. Provou que um carro elétrico pode ser rápido, ter uma ampla autonomia, carregar rapidamente e, o mais importante, ser desejável. O R1T também vai mudar as mentes – muitas delas. A América adora suas caminhonetes e nós as compramos aos milhões a cada ano. Quando os proprietários experientes de caminhonetes experimentam o que o R1T é capaz de fazer, suas mentes não só mudarão, como também ficarão impressionados.
Fonte: https://insideevs.uol.com.br/reviews/548962/avaliacao-picape-eletrica-rivian-r1t/
