Honda ADV: descubra se vale a pena pagar mais pela nova scooter aventureira

Arthur Caldeira

Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é “louco”, anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

Colunista do UOL

30/01/2021 04h00

Versão mais “aventureira” da PCX, a nova scooter Honda ADV usa o mesmo motor da campeã de vendas, mas com suspensões de curso mais longo e pneus de uso misto. Além, é claro, de um design mais encorpado, da mesma forma que as fábricas de automóveis fazem com os SUVs, os veículos esportivos utilitários que tanto sucesso fazem no Brasil.

Não por acaso, o adjetivo aventureiro aparece entre aspas. Afinal, a Honda ADV é uma scooter urbana com capacidade para rodar também na terra. O conceito foi herdado da X-ADV, a maxi-scooter de 750cc e câmbio DCT da Honda.

Apresentada no final do ano passado, só tive a oportunidade de pilotar a nova ADV recentemente. Rodei cerca de 150 km na região de São José dos Campos, no interior de São Paulo. O trajeto mesclou trechos urbanos, rodovias asfaltadas e estradas de terra.

Foi possível avaliar como a ciclística do ADV se comporta em diversas situações. E também conferir se vale a pena pagar a mais por essa versão aventureira da PCX.

Com preço sugerido de R$ 17.797 (no ADV custa quase R$ 4 mil a mais do que a PCX ABS, cotada a R$ 14.236. A versão foi escolhida, pois a ADV também traz o sistema antitravamento apenas no freio dianteiro, como a sua irmã mais urbana.

Mais equipada

A ADV também traz os mesmos itens de conforto e praticidade da PCX. Sistema de iluminação full-LED; Smart Key (chave de presença); espaço sob o assento, onde cabe até um capacete fechado, se não for muito grande; e porta luvas com tomada 12V para carregar o smartphone.

Um diferencial que faz parte do pacote aventureiro da ADV é o para-brisa ajustável manualmente em duas posições. Na estrada, a posição mais alta cumpre sua função de desviar o vento do peito do piloto – e já é um ganho em relação a PCX.

Vale destacar ainda o belo painel totalmente digital. Bem completo e de fácil leitura traz, além do velocímetro e conta-giros, marcador de combustível, carga da bateria, consumo médio e instantâneo e ainda avisa quando for a hora de trocar o óleo da scooter.

Motor fez 50,8 km/l

O conjunto motriz é o mesmo da PCX, ou seja, motor de um cilindro, 150 cc, arrefecimento líquido e câmbio CVT. Mas alterações no sistema de alimentação melhoraram a entrega de torque e potência em baixos e médios giros.

Na prática, a sensação é que a ADV tem mais força e vigor nas arrancadas e o motor responde mais rapidamente aos comandos do acelerador. Essa característica se encaixa na proposta do modelo, já que o torque do motor ajuda a enfrentar uma estrada de terra com mais controle da scooter.

Na cidade, também fica claro que a ADV é esperta no para-e-anda entre os semáforos. Já, na estrada, sua limitação aparece: a velocidade máxima fica em torno dos 110 km/h, e até cai para cerca de 90 km/h em subidas mais íngremes.

Mas a surpresa ficou por conta do consumo: o computador de bordo do painel indicou média de 50,8 km/litro de gasolina. Uma marca excelente e melhor que a da PCX, que roda em média 41 km/litro.

Suspensões e conforto

Mas a grande dúvida era mesmo quanto ao desempenho das suspensões e dos pneus de uso misto da ADV. Não apenas na terra, mas também encarando as lombadas e valetas de nossas malcuidadas ruas e avenidas.

Ao montar na ADV, nota-se que o assento é um pouco mais alto que a PCX – 795 mm na ADV contra os 764 mm da PCX. A espuma também é um pouco mais firme. O guidão é largo e quase reto, como nas motos trail, proporcionando uma posição de pilotagem ereta e confortável.

As suspensões têm curso mais longo – 3 cm a mais que a PCX, na diantera, e 2 cm, na traseira. Além disso, os amortecedores traseiros têm reservatório a gás em separado, o que proporciona um melhor amortecimento.

Já na primeira valeta, nota-se que as suspensões são mais firmes e absorvem melhor as imperfeições. Durante o teste, não chegaram a bater “fim de curso”, como costuma acontecer com outras scooters.

Na estrada de terra, as suspensões também se saíram bem melhor do que de outras scooters. Mas são os pneus de uso misto e perfil mais alto que ajudam a rodar com mais segurança e conforto no trecho com cascalho, ajudando a manter a ADV na trajetória e contribuindo para absorver os impactos.

Em resumo, a ADV se sai melhor do que outras scooters no fora-de-estrada e também sofre menos com as imperfeições do piso, seja no asfalto ou na terra.

Vale a pena pagar mais?

Depois de rodar quase 150 km com a ADV, posso afirmar que a ciclística e o design mais sofisticado da scooter aventureira justificam seu valor mais alto. Vale a pena pagar mais pela nova Honda ADV, se você roda bastante por estradas de terra ou, até mesmo, por ruas e avenidas mais esburacadas.

Mais encorpada que a PCX, a nova ADV encara uma estrada de terra com mais segurança e conforto para o piloto – não tive a oportunidade de experimentar a scooter com garupa. Ideal para quem gosta de viajar por aí e pegar uma “terrinha”, para chegar a uma cachoeira ou àquele restaurante mais afastado, vale investir na ADV.

Mas se o uso que você faz da scooter é estritamente urbano, em trajetos curtos, por vias com asfalto bom, a Honda PCX, ou outra scooter mais urbano, vai dar conta do recado. E aí, você pagaria a mais pela ADV? deixe sua opinião nos comentários.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/infomoto/2021/01/30/honda-adv-vale-a-pena-pagar-mais-pela-nova-scooter-aventureira-assista.htm