Ford não lançou 5 carros que poderiam ter salvado as fábricas no Brasil

Nesta semana, a Troller, em Horizonte (CE), segue ativa só até o fim de 2021.

VEJA TAMBÉM:

  • Multinacionais que fecharam fábricas no Brasil: 5 casos incluindo o da Ford
  • Adeus aos nacionais da Ford: relembre os 10 carros mais emblemáticos
  • Meia-volta: 10 marcas de carros que abandonaram o mercado brasileiro

Segundo a empresa, essa decisão, que causou a perda de aproximadamente 5.000 empregos diretos, decorre de prejuízos financeiros acumulados no país nos últimos anos. De agora em diante, a Ford seguirá no mercado comercializando carros importados. Porém, talvez a situação atual fosse diferente se, no passado, a fabricante tivesse lançado produtos mais atrativos.

Veja 5 carros que poderiam ter salvado a Ford no Brasil

O AutoPapo enumerou 5 carros que poderiam ter mudado os rumos da Ford no Brasil. A própria empresa cogitou lançar quase todos eles, em diferentes momentos, mas acabou abortando os projetos por motivos diversos. Confira o listão e conheça a história desses modelos!

1. Picape Ford EcoSport

picape ford courier baseada no ecosport projecao 2

Os segmentos de picapes e de SUVs são os que mais crescem no país atualmente. Até pouco tempo atrás, porém, quem queria uma caminhonete tinha apenas duas opções: as compactas e as grandes. Foi só com o lançamento da Renault Oroch, em 2015 e da Fiat Toro, em 2016, que surgiram modelos intermediários. O caso é que a Ford poderia ter entrado nesse nicho uma década antes das concorrentes.

Em 2003, a fabricante foi pioneira em produzir no Brasil um SUV compacto: o EcoSport, que teve grande aceitação no mercado. Embalada pelo sucesso, a filial brasileira quis desenvolver uma picape baseada no modelo, para substituir a Courier.

O projeto da picape EcoSport foi até iniciado, mas acabou congelado por ordem da matriz, nos Estados Unidos. Motivo: a Ford só desenvolveria carros globais, e não mais produtos específicos para determinados mercados.

Nem mesmo a criação, no Brasil, da segunda geração do SUV, lançada em 2012, fez a matriz autorizar o projeto da caminhonete. E, assim, a Ford deixou de inaugurar um dos segmentos mais lucrativos e promissores do setor automotivo.

2. Ford Kuga

ford kuga titanium plus azul de frente

Outra chance desperdiçada pela Ford foi a de ser pioneira na categoria dos SUVs médios. Atualmente dominada pelo Jeep Compass, essa porção do mercado em breve será povoada pelo Corolla Cross e pelo Volkswagen Taos. Contudo, a marca do emblema oval tem há anos um produto desse tipo no exterior, nunca lançado por aqui.

É o Kuga, baseado no Ford Focus: esses carros compartilham plataforma, mecânica e suspensões. Assim, poderia facilmente dividir a linha de montagem de General Pacheco, na Argentina, com os “irmãos”.

Vale lembrar que, embora importados, veículos produzidos em países do Mercosul têm tributação semelhante aos nacionais. Desse modo, o Kuga poderia ter dominado um segmento ainda pouco disputado e trazido bons lucros para a filial brasileira.

Consta que a multinacional teria analisado essa possibilidade, mas nunca a colocou minimamente em prática. A Ford insistiu apenas no hatch e no sedã, segmentos que estão em declínio justamente devido à ascensão dos SUVs. Territory, cujas vendas até agora não decolaram.

3. Hatch baseado do Gol

projeto hatch compacto ford autolatina baseado no gol
modelo em clay do hatch compacto ford autolatina baseado no gol

Entre 1987 e 1996, a Ford formou, junto com a Volkswagen, a Auto Latina. A união entre as duas empresas tinha o objetivo de compartilhar tecnologias e processos de fabricação para poupar custos. E justamente um dos projetos mais capazes de beneficiar a marca do emblema oval acabou nunca sendo concluído.

Era um compacto baseado na segunda geração Gol (aquela que ficou popularmente conhecida como “Bolinha”). O hatch da Volkswagen ainda estava em desenvolvimento quando a engenharia da Ford começou a criar sua própria variação do projeto. O veículo nem chegou a ganhar nome, mas foram feitos até alguns estudos em tamanho natural.

Nesse caso, a responsável pelo arquivamento do projeto nem foi a Ford, e sim a Volkswagen. É que o Gol era, na época, o automóvel mais vendido do país: a fabricante de origem alemã simplesmente não quis compartilhar sua “galinha dos ovos de ouro” com a sócia estadunidense.

Há quem diga que o veto da Volkswagen ao projeto teria sido a gota d’água que faltava para a dissolução da Auto Latina. Por sua vez, restou à Ford importar o Fiesta em 1995: a empresa só conseguiu entrar forte no segmento de hatches compactos, o mais disputado do mercado brasileiro de carros, no ano seguinte, quando enfim nacionalizou o modelo.

4. Ford Sierra

ford sierra sedan azul 1987 de frente

A partir de meados da década de 80, a Ford viu-se com um problema: o Del Rey, representante da marca na então lucrativa categoria dos sedãs médios, vinha perdendo mercado para o Chevrolet Monza e o Volkswagen Santana.

Quando foi lançado, em 1980, o Del Rey impressionou os consumidores com um interior luxuoso e com equipamentos então inéditos no país: foi o primeiro nacional a oferecer vidros elétricos. Porém, os dois novos carros da concorrência eram mais modernos e expuseram as rugas do Ford.

Enquanto Monza e Santana exibiam projetos globalizados, alinhados com as gamas europeias da GM e da Volkswagen, o Del Rey era uma derivação do Corcel II. Consequentemente, o modelo da Ford enfrentava certas limitações, como o entre-eixos curto, que reduzia o espaço traseiro. Os concorrentes também se destacavam em desempenho e em comportamento dinâmico.

A Ford poderia ter respondido na mesma moeda com o Sierra, um sedã europeu de última geração. A revista Quatro Rodas chegou a flagrá-lo em testes por aqui, mas, no fim das contas, só a Argentina produziu o modelo: não custa lembrar que, naquela época, o mercado brasileiro era fechado às importações.

O que impediu de vez a vinda do Sierra ao Brasil foi justamente a criação da Auto Latina, em 1987. A empresa preferiu descartar o próprio projeto e investir na criação do Versailles, que não passava de um clone do Santana. O modelo não fez sucesso e a Ford nunca mais conseguiu se estabelecer nesse segmento.

5. Ford Taunus

ford taunus cor de vinho lateral

Eis o veículo que protagonizou uma das histórias de bastidores mais famosas da indústria automobilística brasileira. No início dos anos 70, a Ford estudava opções de carros para preencher a linha nacional: a fabricante desejava um produto entre o acessível Corcel e o luxuoso Galaxie. Eram candidatos o alemão Taunus e o estadunidense Maverick.

Para balizar a escolha, a Ford realizou uma clínica, tipo de pesquisa na qual consumidores analisam pessoalmente os veículos. O preferido do público teria sido o Taunus. Apesar disso, a Ford optou pelo Maverick, que chegou ao mercado em 1973.

A decisão do fabricante era baseada em questões industriais: apenas o Maverick conseguiria acomodar um motor de seis cilindros em linha, originário da Willys Overland, que já era produzido no país. Além do mais, a nacionalização do Taunus exigiria maiores investimentos.

Atualmente, quem é entusiasta de carros antigos certamente fica feliz com a escolha do Ford Maverick. Afinal, quando equipado com o fogoso motor 302 V8, o belo cupê é considerado um pony-car brasileiro. Contudo, do ponto de vista comercial, essa escolha mostrou-se errada, pois o modelo nunca atingiu as expectativas de vendas: saiu de linha já em 1979, após a produção de cerca de 100 mil unidades.

Um dos vilões era justamente o motor Willys, que deveria equipar a maioria dos veículos. Já obsoleto nos anos 70, logo ganhou a fama de beber como o V8, mas com o desempenho de um quatro cilindros. A Ford chegou a lançar um moderno propulsor 2.3 de quatro pistões para a linha 1976, mas era tarde: em plena crise do petróleo, o Maverick foi fatalmente rotulado de gastão.

Carros preteridos pela Ford vêm de longa data

É verdade que essa história ocorreu muito antes de a multinacional fechar as fábricas brasileiras. Entretanto, o Taunus poderia ter proporcionado à empresa uma presença mais sólida no mercado nacional. Inclusive, o sucessor do modelo na Europa foi exatamente o já citado Sierra: ao que parece, faltaram antecessores de sucesso para a encorajar a Ford a produzir todos esses carros por aqui.

Erros da Ford são centenários no Brasil: Boris Feldman relembra 10 deles em vídeo!

  • Acompanhe 0 AutoPapo também no YouTube!

Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/ford-5-carros-salvado-fabricas-brasil/