Estamos prontos para reabrir escolas? Tecnologia pode dar uma boa resposta

Letícia Piccolotto

Letícia Piccolotto especialista em gestão pública pela Harvard Kennedy School, presidente da Fundação Brava e fundadora do BrazilLAB, primeiro hub de inovação que conecta startups com o poder público. Em 2020, foi a única brasileira na lista das 20 principais lideranças mundiais em GovTech da Creators, laboratório de inovação sediado em Tel Aviv (Israel).

30/01/2021 04h00

Fevereiro começa na próxima semana e, com ele, um dos mais fundamentais debates da sociedade também vem à tona: a volta às aulas. Segundo dados da Unicef, até o mês de novembro, 97% dos estudantes da América Latina e Caribe ainda estavam fora das salas de aula.

Diversos especialistas já apontaram os efeitos perversos que um período extenso sem frequência escolar pode ter para o presente e futuro de crianças e jovens do país: insegurança alimentar, física e mental, evasão escolar, maior exposição à violência, isso sem mencionar o impacto no aprendizado e na redução de oportunidades.

A suspensão das aulas aprofunda ainda mais a desigualdade social que nos caracteriza como nação, ampliando a distância entre ensino público e privado. Mas, diante de tantos impactos negativos, temos também o desafio de garantir o cuidado com a saúde de todos – trabalhadores da educação, famílias e estudantes. Fica, então, a pergunta, estamos prontos?

Sou mãe de três crianças em idade escolar. O debate sobre a volta às aulas faz parte do meu cotidiano e está entre as minhas principais preocupações. Estar fora da escola por tanto tempo não deveria ser uma opção.

A educação é um direito e cada dia sem aulas terá um impacto, provavelmente irreversível, na vida dos estudantes e suas famílias —e também para a coletividade, já que a educação contribui para o desenvolvimento social e econômico de todo o país, como aponta pesquisa de Ricardo Paes de Barros e Laura Muller.

Entendo que, como muitas das discussões do nosso tempo atual, a volta às aulas também caiu no debate binário entre “abre/não abre”, quando a pergunta que autoridades deveriam fazer é: se voltar à escola é um imperativo, como fazer isso da forma mais segura para todos e todas?

A resposta não é simples e direta. Infelizmente por conta da falta de planejamento do governo brasileiro no processo de aquisição de vacinas, os profissionais da área da educação não sabem hoje quando serão vacinados. Sendo assim, a retomada se torna ainda mais complexa. Mas em contrapartida, podemos aprender com experiências de outros países que já iniciaram o retorno às aulas e, principalmente, devemos contar com as diversas soluções tecnológicas disponíveis e que trazem segurança para toda a comunidade escolar.

Países europeus e asiáticos investiram fortemente em políticas de testagem e protocolos de rastreamento e monitoramento de casos suspeitos do Covid-19 dentro da comunidade escolar, incluindo sempre as famílias nesse processo e mantendo os dados atualizados, divulgando-os de forma frequente e transparente. Investimentos expressivos em protocolos de higiene e medidas de maior distanciamento social também foram adotados, além da compra e distribuição de máscaras para professores e alunos.

Como a tecnologia pode ajudar?

Em 2020, o Programa Força-Tarefa Covid-19 e com a aceleração de 8 soluções tecnológicas para os mais diferentes desafios da educação brasileira, desde a gestão escolar até o aprendizado de estudantes.

Uma dessas soluções foi a WhatsApp (presente em 95% dos lares). O aplicativo desenvolve o plano de aula, com linguagem empática, motivacional e prática, vídeos curtos (cerca de 3 minutos) e conteúdos sobre projeto de vida.

Também aceleramos a finalista Árvore, que é a maior plataforma de leitura digital do Brasil, com mais de 35.000 obras em seu acervo.

Outras soluções se utilizam da Jovem Gênios, que tem como foco os anos finais do ensino fundamental, e usa algoritmos de inteligência artificial para individualizar o aprendizado e a gamificação para torná-lo mais divertido para os alunos.

E a Schoolastic, uma Inteligência artificial 100% desenvolvida com finalidade educacional, capaz de gerar indicadores sobre o desenvolvimento de competências e habilidades de estudantes.

Algumas soluções tecnológicas podem apoiar os desafios imediatos da reabertura das escolas, especialmente o diálogo com a comunidade escolar e a gestão dos espaços da escola. É o caso da acelerada Agenda Edu, uma plataforma (SaaS) de gestão de comunicação em ambientes educacionais que funciona como um elo: unindo alunos, responsáveis e escolas.

E a Filho sem Fila, que organiza e registra os fluxos de entrada e saída de alunos, reduzindo drasticamente as aglomerações entre alunos dentro da escola e a permanência de pais do lado de fora, em 75%.

A solução também dispõe de questionário interativo de sintomas de covid-19, tanto para alunos como para colaboradores, que permite que a escola e os responsáveis saibam se os alunos devem ou não ir para a aula, de acordo com os sintomas. O mesmo vale para equipes e para os dias de rodízios de aulas.

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É preciso iniciar o quanto antes o debate sobre como reabrir as escolas de forma segura. Crianças e jovens de todo o país já não podem mais esperar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/leticia-piccolotto/2021/01/30/volta-as-aulas-estamos-prontos.htm