Entrevista com Renato Albani: investir ou empreender?


ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

César Esperandio

César Esperandio é economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

21/04/2021 04h00

O que será que vai me deixar rico antes: investir ou abrir meu próprio negócio? Essa é uma dúvida muito comum com uma resposta que pode parecer nada óbvia.

No vídeo a seguir, conversamos com o humorista Renato Albani, que tem uma trajetória interessante quanto à carreira e ao aumento de renda, tudo isso aliado ao seu perfil de consumo moderado.

Ele se tornou um grande investidor em novos negócios e empreendimentos. Discutiremos abaixo o que pode fazer mais diferença: investimentos no mercado financeiro ou outras formas de aumentar a renda?

1. Poupar é mais importante que investir

Muitos demonizam a Poupança e ironizam aqueles que têm dinheiro “parado” nesse tipo de coisa.

Apesar de realmente ser desvantajosa em relação a outros investimentos similares, como o Tesouro Selic, buscar investimentos com maiores rentabilidades ou taxas de retorno extraordinárias terá pouca efetividade caso você não tenha o hábito de economizar todos os meses.

Afinal, o retorno de 500% sobre zero é zero. A alta rentabilidade de um superinvestimento cujo valor aplicado é pequeno continuará sendo pequena.

Então, um dos focos deve ser no hábito de poupar todos os meses e depois se preocupar com investir os recursos economizados.

2. Controlar seus gastos é o passo inicial

O primeiro passo é ter o controle de suas finanças pessoais a fim de ter saber exatamente quanto você ganha e quanto gasta.

É o básico anotar todos os gastos e tudo o que ganha no mês, principalmente os autônomos, que têm rendimentos variados. É importante para você ter uma previsão da sua receita e de suas despesas.

Além de anotar todas as despesas fixas (aluguel, alimentação, contas de consumo etc.) e variáveis (lazer e alimentação fora de casa, por exemplo), você deve também classificá-las, para conseguir identificar quais são os gastos supérfluos que podem estar corroendo as suas finanças.

Esses supérfluos podem ser otimizados, economizando aqui e ali, sem impactar no seu bem-estar. E essa diferença pode ser direcionada investimentos de acordo com o tempo certo, prazo de retorno de vencimento adequado para os seus objetivos, como fazer uma viagem nas férias.

Para fazer esse controle, há algumas ferramentas, como aplicativos e planilhas de Excel, ou até fazer essas anotações à mão mesmo.

3. Enriquecimento com investimentos é ilusão

A minoria absoluta dos investidores ficou rica e mudou de vida por causa da forte geração de renda com seus investimentos.

A verdade é que para quase todos foi importante, além do hábito de otimizar os gastos, também conseguir um incremento de renda para conseguir fazer aportes maiores todos os meses.

Com um patrimônio mais “gordinho” investido, o retorno absoluto sobre o capital investido também é maior.

Dessa maneira, se investir não é sua profissão, você deveria focar na sua carreira e na sua fonte de renda principal para conseguir ter aumentos de receita substanciais em vez de “bitolar” em aumentar a rentabilidade dos seus investimentos com jogadas mais arriscadas, que podem pôr tudo a perder.

4. Investir ou empreender?

Uma dúvida sempre paira no ar: investir ou empreender?

Se você tiver perfil, empreender pode gerar ganhos e crescimentos de riqueza muito maiores que a maioria dos investimentos em ativos financeiros.

Mas, diferente dos investimentos no mercado financeiro, empreender também é uma profissão que demanda horas do seu dia como uma profissão qualquer, bem como é necessário assumir boas doses de risco e incerteza.

Eu recomendaria, mesmo para aqueles que desejam ter um ou mais negócios próprios, continuar diversificando em ativos do mercado financeiro de modo a ter um porto seguro para momentos de incerteza que certamente surgirão.

Eu não diria para largar a profissão e começar a empreender, mas sim tentar conciliar as duas coisas até os lucros “engrenarem”. Será fácil? Certamente não, mas essa também é uma maneira de diversificar os riscos e ter um plano B em momentos desafiadores.

Assim como o Renato Albani, no vídeo acima, continuar fazendo aquilo de que gosta e é sua fonte de renda principal pode ser um bom caminho para aprimoramento e geração de receitas maiores, para então diversificar os investimentos, seja empreendendo em novas frentes ou em ativos do mercado financeiro.

Ou ainda as duas coisas, como eu gosto de fazer. Sempre sem pressa, pois os resultados não são rápidos, mas com persistência certamente virão.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/econoweek/2021/04/21/entrevista-com-renato-albani-investir-ou-empreender.htm