Dez cuidados que você precisa ter com sua moto antes de pegar a estrada

Arthur Caldeira

Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é “louco”, anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

Colunista do UOL

13/12/2020 04h00

O atípico ano de 2020 aproxima-se do final, mas a pandemia do novo coronavírus ainda não. Desde que surgiu, a covid-19 exigiu que nos adaptássemos, seja trabalhando em casa, ou usando máscara na rua, todos tiveram que aprender a conviver com o novo normal. E as férias de fim de ano, não serão diferentes.

O movimento nas rodovias e a quantidade de veículos nos pedágios têm revelado um aumento das viagens rodoviárias. Especialistas apontam que s trata de uma tendência a fim de evitar aglomeração em aeroportos e as restrições ao turismo em outros países.

Mas pegar a estrada nas férias pode ser até mais divertido do que viajar de avião, como bem sabemos, nós motociclistas. Afinal, viajar é uma das coisas mais legais a se fazer em duas rodas.

Mas antes de uma viagem de moto é preciso tomar alguns cuidados com a sua companheira. Muitas passaram um bom tempo paradas durante a quarentena e outras rodaram até mais, pois muita gente está optando pela moto para evitar o transporte público.

Pensando nisso, elaboramos uma lista com alguns cuidados que você deve ter antes de pegar a estrada com a sua moto; confira.

Verifique o óleo

Fundamental para o bom funcionamento do motor, o óleo lubrificante é a primeira coisa que você deve se preocupar antes de pegar a estrada. Verifique o nível e complete, se for necessário. Caso você não se lembre quando fez a última troca, aproveite e substitua o antigo lubrificante por um novo – consulte o manual do proprietário para saber o tipo e a quantidade de óleo indicada para sua moto. Vale lembrar que, além da quilometragem, o óleo do motor tem data de validade. E, se sua moto ficou parada por muito tempo, durante a quarentena, troque antes de viajar mesmo que não tenha atingido a quilometragem limite.

Filtros

E já que você vai trocar o óleo, aproveite também para substituir o filtro de óleo. A peça não custa caro e, em bom estado, ajuda a filtrar as impurezas do lubrificante. Se você já está com a mão na massa, ou se levou ao seu mecânico de confiança, verifique também as condições do filtro de ar. Alguns podem são laváveis e outros precisam ser substituídos. Um filtro de ar em boas condições ajuda sua moto a “respirar” melhor e ter melhor desempenho e menor consumo.

Líquido de arrefecimento

Se a sua moto tiver radiador e, portanto, refrigeração líquida, verifique o nível do líquido de arrefecimento, para evitar que sua moto “ferva”. Deve estar no nível indicado pela fabricante da motocicleta. Se não estiver, complete ou troque com o mesmo tipo de líquido utilizado anteriormente. Mas nunca use apenas água, seja mineral, destilada ou da torneira: o líquido de arrefecimento é uma solução de água e etilenoglicol em geral, trata-se de uma substância que tem o ponto de ebulição maior do que a água simplesmente, além de outras propriedades. Consulte o manual da sua moto ou leve a uma oficina para realizar a troca, se tiver alguma dúvida.

Velas

A vela é outra peça vital para o bom funcionamento do motor. Ela fornece a centelha (faísca) responsável pela explosão do combustível dentro da câmara de combustão. Caso a vela esteja suja de óleo ou carbonizada (preta) a explosão não será ideal e também pode prejudicar o desempenho e o consumo. Verifique o estado da vela e substitua-a, se for o caso. Troque também o supressor de ruído – conhecido popularmente como “cachimbo” – que é uma peça de baixo custo e que pode dar problemas.

Parte elétrica

Praticamente todas as motos atuais usam sistema de injeção eletrônica. Por isso, é vital que a parte elétrica esteja em ordem – caso contrário nada vai funcionar na sua moto. Fios desencapados ou ligações malfeitas (gambiarras) podem gerar curto-circuito e até causar incêndio na motocicleta. Caso sua moto apresente lâmpadas que apagam e acendem sozinhas, vale fazer uma revisão na parte elétrica na concessionária ou no mecânico de sua confiança. Confira a carga da bateria, o estado dos fusíveis e terminais elétricos, como luzes espia, farol, lanterna, setas e etc.

Não se esqueça também de checar as lâmpadas (farol, lanterna, luz de freio e setas). Veja se estão todas funcionando – uma dica é pisar no pedal e apertar o manete de freio para conferir se a luz de freio está acendendo. Além de comprometer sua segurança, rodar com lâmpadas queimadas é infração de trânsito e pode render multa.

Transmissão final

Outro item de importância crucial é a transmissão final, também chamada de relação final: é a encarregada de transmitir a força do motor para a roda traseira. Se o conjunto – coroa, corrente e pinhão – tiver pouca regulagem e os dentes da coroa e do pinhão estiverem tortos e pontiagudos, troque toda a relação. Não economize. Principalmente, se for fazer uma viagem muito longa. Afinal, o desgaste aumenta quando você roda na chuva ou em estradas de terra, por isso o ideal é sair para uma viagem com o conjunto novo. Lembre-se também de conferir a regulagem e a lubrificação – de preferência a cada 1.000 km.

Cabos

Sua embreagem está muito dura ou o é preciso fazer força para girar o acelerador? Pode ser um sinal de falta de lubrificação ou algum problema nos cabos. Se um deles se romper é quase certo que sua viagem acabou antes do previsto. Para evitar esse problema vale fazer uma verificação em todos os cabos. Caso haja algum fio de aço do cabo solto, troque o cabo. Não se esqueça também de lubrificá-los antes de pegar a estrada.

Freios

O freio também deve estar em perfeito estado de funcionamento. As pastilhas ou lonas, no caso dos freios a tambor, devem estar dentro das especificações. Se você ouve barulhos metálicos ao frear pode ser sinal de que está na hora de trocá-las.

Verifique também o nível e a validade do fluido de freio – o que vale só para as motos com disco. Se estiver baixo, substitua-o. Nunca complete o fluido de freio. Nível muito baixo pode indicar que as pastilhas estão gastas. Os fluídos devem sempre ser trocados periodicamente. Não sabe qual o intervalo recomendado para a sua moto? Consulte o manual do proprietário – muitas marcas já os disponibilizam também online.

Pneus

Por fim, mas tão ou mais importante do que os itens anteriores, os pneus da sua moto exigem atenção especial. Verificar as condições deles é fundamental antes de uma viagem. Não pegue a estrada com pneus muito desgastados, com bolhas ou furos. Para saber se está na hora de trocá-los, verifique o indicador de desgaste da banda de rodagem, indicado pela sigla TWI. Na dúvida, troque-os. Não será um gasto, mas sim um investimento. Pneus “carecas” rendem multa e ainda comprometem sua segurança, pois têm baixa aderência e furam com mais facilidade.

E, se for uma longa aventura, não se esqueça de conferir a pressão dos pneus e calibrá-los a cada dois ou três dias. Faça isso logo cedo, antes de ir para a estrada. Esse hábito garante menor desgaste do pneu e menor consumo de combustível.

Documentação

A documentação da moto e também a do condutor devem estar em dia – DPVAT, licenciamento, CNH, etc. Neste ano de pandemia, muita gente pode ter esquecido de licenciar a moto. Consulte o site do Detran do seu estado, pois muitos estão oferecendo esses serviços de forma digital. Em São Paulo, por exemplo, o processo é feito pelo portal do Poupatempo ou pelo aplicativo Poupatempo Digital, disponível nas plataformas Android e IOS. Não esqueça de levar também o cartão do seguro saúde e cartão de crédito.

Feito tudo isso, é só arrumar a bagagem, vestir seu equipamento de segurança (bota, calça, luvas e jaqueta), colocar o capacete e partir para uma divertida viagem em duas rodas! E não se esqueça: use máscara e evite aglomerações.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/infomoto/2020/12/13/dez-cuidados-que-voce-precisa-ter-com-sua-moto-antes-de-pegar-a-estrada.htm