Destaques da Apple para o iPad Pro dão esperanças para o futuro do tablet

Guilherme Rambo

Guilherme Rambo é programador desde os 12 anos. Especialista em engenharia reversa, é conhecido mundialmente por revelar os segredos da Apple antes mesmo dos anúncios da empresa, além de programar para as plataformas da empresa.

14/05/2021 04h00

Em seu último evento na metade de abril, a Apple anunciou a nova geração do iPad Pro, que ganhou algumas novidades como uma tela baseada na tecnologia Mini-LED (no modelo maior), além de vir equipado com o famoso chip M1, introduzido ano passado nos primeiros Macs com processador da Apple.

Não é nenhum segredo que sou fã do que o chip M1 faz com a experiência de usar um Mac, afinal memória RAM durante diversos meses. Atualmente, utilizo um Mac Mini com o mesmo processador, mas 16 GB de RAM.

Muitos me perguntavam se seria possível a Apple mudar o processador dos iPads e passar a utilizar o M1 por lá também. Minha resposta era basicamente de que isso não importaria, já que todos os processadores da Apple de uma determinada geração seguem a mesma arquitetura e, portanto, compartilham suas características de performance, apenas com algumas variações de núcleos e outros recursos extras dependendo do dispositivo.

Apesar disso, a Apple de fato resolveu chamar o chip do novo iPad Pro de M1. Digo “resolveu chamar” porque o nome tem muito mais a ver com marketing que com o processador em si, já que em um universo paralelo a Apple poderia muito bem tê-lo chamado de “A14X”, apesar de ser basicamente igual ao M1.

O que mais chama atenção nessa mudança é de fato uma virada na forma como a Apple faz o marketing do iPad Pro. Até o anúncio deste modelo mais recente, o marketing do iPad Pro se aproximava muito mais daquele feito para os iPhones.

Um exemplo importante é que a Apple nunca destacava em seus materiais de marketing quanto de memória RAM o iPad possuí. Com este novo modelo, basta acessar a página de especificações e ver que a quantidade de memória RAM está muito bem destacada: modelos com 8 GB e outros com 16 GB de memória.

Essa mudança de posicionamento me dá esperança de que veremos algum tipo de anúncio de software significativo para o iPad Pro na WWDC, conferência anual da Apple que começa dia 7 de junho.

Isso seria importantíssimo visto que há alguns anos o hardware do iPad Pro é exaltado quase que com unanimidade em todas as análises do produto.

As mesmas análises geralmente incluem algum comentário parecido com “mas continua sendo apenas um iPad”. O significado por trás dessa frase é basicamente “o hardware é incrível, mas o software ficou para trás”, sentimento com o qual eu concordo.

Não faz sentido nenhum o iPad ter um chip poderoso como o M1 que está até mesmo nos novos iMacs, mas ainda rodar o mesmo software que teve sua origem lá em 2008 com o iPhoneOS.

Quando a Apple começou a desenvolver o software para o iPhone —e depois para o iPad— não existia o conceito de multitarefa “real”, nem muitas das coisas que temos hoje.

Apesar da evolução inegável que aconteceu desde então, a utilização de um iPad Pro ainda tem muitas das mesmas limitações de um iPhone. Muitas delas fazem sentido no contexto de um smartphone, mas ficam ridículas quando aplicadas ao contexto de um iPad Pro.

Quando a Apple renomeou o sistema operacional do iPad para iPadOS em 2019, a esperança era que o nome diferente do software significaria grandes avanços nele quando comparado ao iOS, dos iPhones.

Pois a Apple parece ter feito justamente o contrário: muitos recursos chegam para iPhones, mas não para o iPad. Um exemplo claro disso são os novos widgets na tela de início, lançados ano passado: tem no iPhone, não tem no iPad. A busca de emojis, introduzida no mesmo ano, demorou diversas atualizações até finalmente aparecer no iPad.

Apesar disso, ainda há esperança: segundo o analista Mark Gurman, a Apple planeja grandes mudanças para o iPad no software deste ano, especialmente na tela de início.

Espero que isso realmente aconteça e que a Apple consiga justificar esse hardware tão poderoso através do software.

A Apple fez o famoso comercial onde alguém chamava o iPad de computador e o usuário perguntava “o que é um computador?”. Desde aquela época, a Apple tem posicionado o iPad cada vez mais como um dispositivo que pode substituir um computador “tradicional”. Agora só falta a Apple descobrir o que é um computador e transformar o iPad em um.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/guilherme-rambo/2021/05/14/ipad-com-m1.htm