De Monza “tubarão” a Kadett GSi: 7 carros de 91 que ganharão placas pretas

Felipe Carvalho

Felipe Carvalho é administrador de empresas, consultor e primeiro “caçador de carros” profissional do país. Seu canal no YouTube dedicado a avaliações de achados automotivos tem mais de 100 mil inscritos. www.youtube.com/CarrosdoPortuga

Colunista do UOL

07/01/2021 04h00

O ano de 1991 foi marcante para mim. Entrei nele com apenas oito anos de idade e me lembro de tantas coisas assim. Porém, os temas relacionados ao mundo automotivo parecem que ainda estão fresquinhos na minha memória.

Lembro que foi o ano que comecei a acompanhar Fórmula 1. Até via uma coisa ou outra antes disso, mas não tinha noção do que era a competição em si. Foi no campeonato de 1991 que mergulhei no assunto. E pelo jeito fui pé quente, pois foi o ano do tricampeonato do nosso saudoso Ayrton Senna.

Também me lembro de dois carros que tínhamos na garagem, o Fiat Prêmio CSL 89 do meu pai e o Fiat Oggi CS 84 da minha mãe. E recordo dos carros dos meus avôs e dos meus tios, sendo que muitos eram da Fiat. Por causa dessa overdose de carros da marca italiana, não tinha como não ser apaixonado pelos modelos, ainda mais pelo que estava por vir no fim daquele 1991.

Estou falando do Fiat Tempra, um dos carros mais importantes da minha vida, que certamente contribuiu com a paixão que tenho por carros. Quem me acompanha sabe que, no ano passado, comprei dois Tempras para serem reformados – e espero que fiquem prontos ao longo desse ano de 2021.

Fiz essa introdução pois precisei voltar 30 anos, exatamente a 1991, para escrever essa coluna. A ideia aqui é apresentar os lançamentos daquele ano, que agora já estão aptos para receberem a cobiçada placa preta mediante aprovação por uma entidade competente.
Sim, sei que a placa não é mais preta. Uma pena, pois era charmosa.

Com o atual padrão Mercosul das placas, ela passou a ser da mesma cor das placas normais, tendo apenas a cor das letras e números diferentes. O nome correto é apenas placa de colecionador, mas “placa preta” caiu na boca do povo e continuaremos falando assim, sei lá até quando.

Chevrolet Monza “tubarão”

O veterano Chevrolet Monza tinha novidades para 1991. No ano anterior, havia recebido injeção eletrônica e foi um dos primeiros carros nacionais com essa tecnologia. Mas a mudança mais significativa foi de fato em 1991, quando recebeu sua mais profunda reestilização.

A frente, que passou a ser mais baixa e comprida, deu ao carro o apelido de tubarão. Já a traseira ficou visualmente mais alta, com destaque para a tampa do porta-malas, que ficou maior e ia até o para-choque. Por dentro, pouca coisa mudou, sendo o painel digital da versão Classic o item mais significativo.

Volkswagen Santana 91

Poucos meses depois do Monza, a Volkswagen contra-atacou com um Santana completamente reformulado. Não se tratava de uma nova geração, mas visualmente ficou bem diferente, inclusive com alterações nas laterais.

O interior também mudou bastante, deixando o carro bem mais moderno que o anterior. Na minha modesta opinião, o Santana 91 é dos mais bonitos de todos os tempos. Com setas laranjas e para-choques pretos, até mesmo na versão mais cara, tinha um charme que foi se perdendo ao longo do tempo, com incansáveis atualizações estéticas.

Ford Versailles

Numa época em que Volkswagen e Ford faziam parte do mesmo grupo, a “Autolatina”, alguns modelos híbridos das duas marcas foram apresentados. É o caso do Versailles, que foi lançado em 91, poucos meses depois do Santana já relatado acima.

Era um carro bonito, que preservava o DNA da Ford daquela época, mas os mais atentos sabiam que, debaixo daquela casca, ele era um Santana.

O interior também tinha desenho próprio, mas compartilhava peças de acabamento com seu irmão da VW. A mecânica era exatamente igual nos dois carros.

Fiat Tempra

Tenho preferência por sedãs. Não é à toa que tenho cinco na garagem. E 1991 foi marcante para essa categoria. Depois de citar Monza e Santana com mudanças significativas, além do lançamento do Versailles, chegou a vez da Fiat com o fantástico Tempra.

Ele foi lançado no fim de 91, já como modelo 92. As poucas unidades fabricadas naquele ano estão aptas a placa de colecionador, mas confesso que será difícil ver algum nessas condições. Infelizmente o tempo não foi generoso com o Tempra, que envelheceu muito mais rápido que seus concorrentes.

Não estou falando do design, quesito que ele era incontestavelmente mais avançado que os outros, mas sim da parte mecânica, que sempre foi mais complexa, além de exclusiva. Ou seja, em 2021 é mais fácil encontrar bons Monzas, Santanas e Versailles fabricados em 91 que um Tempra.

Chevrolet Opala 91

Ainda na categoria dos sedãs, mas dessa vez um sedã grande, pelo menos para os nossos padrões. Chevrolet Opala com placa preta não é nenhuma novidade, basta ir em um encontro de carros antigos que vários estarão por lá. Mas será novidade vermos Opala 91 com placa de colecionador.

E foi um ano significativo para ele, que já estava próximo de sair de linha, mas ganhou ali um suspiro visual. Os para-choques ficaram envolventes e, no caso do Diplomata, pintados na cor da carroceria. Os quebra-ventos, um claro sinal do passado, foram eliminados.

Também ganhou freios a disco na traseira, algo inédito no modelo. Para mim e para muitos, é o visual menos interessante do Opala, mas por mais moderno que seja, ou que tenha tentado ser, já é um trintão apto a placa de colecionar.

Ford Escort XR3 Fórmula

Em 1991, o Escort já estava com visual cansado, pois ainda era a mesma geração do seu lançamento nacional, no início dos anos 80. Faltava pouco para a geração seguinte, mas em 91 a Ford apresentou uma carta que tinha na manga, que era a “suspensão inteligente”.

Apenas 750 unidades da versão XR3, receberam faixas laterais com o nome “Fórmula”, que indicava que o carro era equipado com amortecedores eletrônicos que variavam a firmeza e a maciez, de acordo com a velocidade do carro.

Em outras palavras, o carro ficava mais firme em altas velocidades. Entre todos os modelos listados aqui, talvez esse seja o mais colecionável, por causa das poucas unidades produzidas, além do forte apelo que o Escort XR3 tem para os apaixonados por carros.

Chevrolet Kadett GSi

O Kadett ainda era um carro relativamente novo, lançado em 1989 no Brasil. Mas, por mais moderno que fosse, foi apresentado com carburador, algo que seu rival Gol GTI tinha aposentado em 1988.

Ele precisou aguardar alguns anos para ganhar injeção eletrônica em 1991. Junto com ela, veio a nova versão, que antes era GS, e depois passou a ser GSI.

As mudanças visuais foram bem discretas. Passou a ter setas dianteiras brancas, perdeu a faixa preta na tampa traseira e ganhou rodas novas. Por dentro, o destaque era o painel digital, o mesmo do Monza Classic, lançado meses antes. Quem nunca desejou ter um Kadett GSI na garagem?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/cacador-de-carros/2021/01/07/de-monza-tubarao-a-kadett-gsi-7-carros-de-91-que-ganharao-placas-pretas.htm