Crise política, desemprego, inflação… Veja as explicações que o Cruzeiro deu à Fifa por seus calotes em processos milionários

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Na última segunda-feira, a Fifa puniu o Cruzeiro por não quitar uma dívida de mais de R$ 5 milhões com o Al Wahda, dos Emirados Árabes, e ordenou que o time comece a Série B com seis pontos negativos.

Cruzeiro é punido pela Fifa por dívida de 2016 e começa Série B com pontuação negativa

Para piorar, a equipe celeste está sendo cobrada na entidade máxima do futebol por vários outros clubes, em transferências de atletas como Willian “Bigode”, Giorgian de Arrascaeta e Rafael Sóbis, entre outros.

Se não quitar essas pendências, a Raposa pode perder ainda mais pontos na Segundona e, em caso mais extremo, sofrer até mesmo um rebaixamento para a Série C.

Sem receitas para pagar seus credores e tentando sobreviver à base de acordos para adiar os prazos estabelecidos, o gigante celeste vive uma crise sem precedentes, e que coloca o futuro da agremiação em xeque a meses da celebração de seu centenário.

Para entender mais de como as coisas chegaram a esse ponto, a ESPN conferiu os recusos do Cruzeiro aos processos que tramitam atualmente na Fifa, e viu que os dirigentes usaram desculpas de todos os tipos nos últimos anos para justificar os calotes.

Nas ações disponibilizadas, o time de Belo Horizonte culpa principalmente a “crise política” no Brasil por não honrar seus compromissos, mas também usa “inflação” e “desemprego” como justificativas.

Confira abaixo o que o Cruzeiro diz em cada processo:

WILLIAN ‘BIGODE’

De quem comprou: Zorya Luhansk (Ucrânia)*
Quanto deve: 975 mil euros (R$ 6 milhões) + 45 mil francos suíços (R$ 265,38 mil)

“Apesar do Cruzeiro não negar que deva esse montante ao clube credor, no momento a equipe alega não ter os meios financeiros para honrar o pagamento, devido a circunstâncias excepcionais. O devedor salientou que a economis brasileira passa por uma de suas mais sérias recessões e que o país vive crise política, o que resultou no impeachment da presidente [N.R.: Dilma Rousseff, em 2016]. Essa crise levou a uma queda considerável nas receitas dos clubes de futebol, inclusive do Cruzeiro, já que o faturamento com ingressos, patrocinadores e direitos de TV caiu”

*O Cruzeiro comprou Willian do Metalist, mas o Zorya herdeu a dívida

DE ARRASCAETA

De quem comprou: Defensor (Uruguai)
Quanto deve: 1.151.500 euros (R$ 7,2 milhões) + 50 mil francos suíços (R$ 294,87 mil)

“Apesar de sua situação financeira sensível, o Cruzeiro tentou pagar a maior quantia possível até o final de maio de 2016, mas acabou exaurindo suas reservas financeiras, o que tornou impraticável o pagamento da quantia restante”

DENÍLSON

De quem comprou: Al Wahda (Emirados Árabes Unidos)
Quanto deve: 850 mil euros (R$ 5,3 milhões) com 5% de juros + 30 mil francos suíços (R$ 176,92 mil)

“Os membros do Comitê Financeiro da Fifa foram comunicados que o devedor clamou estar passando por ‘circunstâncias excepcionais’, devido à recessão financeira e à crise política no Brasil, que implicaram na desvalorização da moeda brasileira”

RAFAEL SÓBIS

De quem comprou: Tigres (México)
Quanto deve: US$ 1 milhão (R$ 5.69 milhões) com 5% de juros + 47 mil francos suíços (R$ 277,18 mil)

“Os membros do Comitê Financeiro da Fifa foram comunicados que o devedor clamou estar passando por ‘circunstâncias excepcionais’, devido à recessão financeira e à crise política no Brasil, que implicaram na desvalorização da moeda brasileira”

DUVIER RIASCOS

De quem comprou: Monarcas Morelia (México)
Quanto deve: US$ 1.145.000 (R$ 6,51 milhões) + 52,5 mil francos suíços (R$ 309,61 mil)

“Os membros do Comitê Financeiro da Fifa foram comunicados que o devedor clamou estar passando por ‘circunstâncias excepcionais’, devido à recessão financeira e à crise política no Brasil, que implicaram na desvalorização da moeda brasileira”

FIFA VÊ DESCULPA ESFARRAPADA

Apesar das alegações do Cruzeiro, a Fifa deixa claro nos documentos que não aceita as alegações.

Em todas as ações, o Comitê Financeiro da entidade observa que as alegações da Raposa não justificamos calotes.

“À luz destes elementos, os membros do Comitê acha justo enfetizar que o clube tem que ter noção de sua força financeira, ter uma reserva de caixa que preveja situações de excepcionais e ter a certeza de que pode cumprir suas obrigações”, escreve.

“O fato do clube devedor estar passando por problemas financeiros não o exonera de suas obrigações de pagar os montantes devidos ao credor”, prossegue.

“Os membros do Comitê também salientam que as dificuldades financeiras alegadas pelo clube devedor por causa da crise econômica e da consequente desvalorização da moeda não são argumentos válidos. A flutuação de preços de moeda estrangeira é um risco padrão em negociações, e, por isso, todos devem estar cientes das possibilidades e devem planejar suas transações financeiras de acordo com isso”, finaliza.

Fonte: https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/6961355/cruzeiro-explicacoes-dadas-fifa-calotes-processos-milionarios-crise-politica-desemprego-inflacao