Conheça 10 carros-conceito brasileiros que não chegaram ao mercado

Muitos carros-conceito são verdadeiras obras de arte abstratas ou surrealistas, daquelas que os consumidores, tanto brasileiros quanto de outras partes do mundo, observam e contemplam por alguns minutos e tentam entender a criatividade do projetista. Mas a função desse tipo de veículo também é testar novas tendências de design, além da aceitação do público. Especialmente quando o veículo conceitual está “quase pronto”.

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Casos recentes não faltam, como a Volkswagen Tarok, a picape anti-Toro da marca alemã mostrada no Salão de São Paulo de 2018 e que, após atrasos, será lançada em 2022. Ou o R-Spec que deu origem à nova geração do Hyundai HB20, e o Nissan Kicks Concept, bem próximo à versão final do SUV compacto da japonesa, lançada em 2016.

10 carros-conceito brasileiros que não viraram realidade

Mas os casos de carros-conceito brasileiros que ficaram pelo caminho são muitos. Não faltam exemplos de modelos que já estavam bem encaminhados para a produção, mas que jamais ganharam as linhas de montagem. Hoje, são peças de acervos das marcas ou foram destruídas… Veja exemplos de carros-conceito brasileiros que não vingaram.

1. Chevrolet Opalete (picape do Opala)

chevrolet opalete a picape opala traseira

Uma El Camino brasileira. Assim pode ser definido o projeto da picape derivada do Opala. O modelo foi idealizado no início da década de 1970 e um conceito foi montado em 1974 dentro da estratégia de desenvolver utilitários a partir de automóveis de passeio.

A imprensa na época batizou o modelo de Opalete e, pelas fotos, é possível notar que o projeto estava bem avançado, inclusive com o nome Chevrolet na tampa traseira – seria uma pioneira do segmento da Fiat Toro hoje?

O modelo iria ampliar a linha do sedã com os mesmos motores 2.5 quatro cilindros e 4.1 seis cilindros. A extensão da coluna pelas bordas da caçamba deixavam evidente as referências a El Camino, a picape estadunidense oriunda do Impala. As lanternas traseiras finas e verticais remetiam às do Veraneio.

Mas foi um dos muitos carros-conceito brasileiros que não vingaram. Apesar de “quase pronta”, a Opalete sequer chegou a ser submetida a testes. A GM só lançaria sua primeira picape derivada de carro de passeio por aqui em 1983, com a compacta Chevy 500, baseada no Chevette. Pior, o modelo conceitual foi destruído. Um pecado.

2. Fiat Uno Cabrio

fiat uno cabrio azul de frente

Meses depois de lançar a segunda geração do Uno, a Fiat mostrou no Salão de São Paulo de 2010 uma versão conversível do hatch compacto. É um dos carros-conceitos brasileiros mais bacanas – e que mais lamentamos não terem tido continuidade.

Além de esteticamente muito bem resolvido, o Uno Cabrio carregava o motor T-Jet de 152 cv que já equipava versões topo de linha do Punto e do Linea. Ou seja, ainda alimentou a esperança de termos a volta do Uno Turbo, que foi uma versão emblemática da primeira geração do compacto.

O Uno sem teto recebeu reforços estruturais, obviamente, acerto mais rígido da suspensão e discos de freios maiores. Exclusividades mais aparentes em relação à linha já existente eram os pneus de perfil baixo e as rodas de liga leve com aros de 17”. Alavanca do câmbio sem acabamento, volante de três raios, bancos do tipo concha e cintos de quatro pontos conferiram o visual mais esportivo da cabine.

O conceito estava tão pronto que jornalistas chegaram a avaliar o modelo naquele ano. Porém, o Uno Cabrio não foi adiante e hoje é um item guardado no acervo da Fiat em Betim (MG) e apreciado por fotos…

3. Chevrolet GPix

chevrolet gpix branco lateral

Aqui pode-se dizer que é um exemplo de carros-conceito brasileiros que até deram origem a um modelo de produção, só que bastante diferente – e bota diferente nisso. O ano era 2008 e havia uma grande expectativa em relação ao novo hatch compacto da General Motors para o Brasil.

No Salão do Automóvel daquele ano, o GPix dava pistas de como seria o… Agile. Como o conceito tinha porte de crossover, logo se imaginou que o projeto fosse brigar com o Ford EcoSport, que se deleitava sozinho no segmento de SUVs urbanos compactos.

A ousadia típica de conceitos, mas que se mostrou profética, era o caimento “acupezado” da terceira coluna. No mais, tinha muitos LEDs, teto panorâmico e rodas com aros de 17”. Visto de frente, era uma espécie de mini-Captiva.

Uma pena que o resultado desse conceito foi um rascunho mal feito. Se a base era um crossover com linhas harmoniosas, o Agile lançado no ano seguinte era um hatch alto, com lanternas maiores, grade abrutalhada e para-choques desproporcionais.

O hatch usava a plataforma do Celta, originária do primeiro Corsa (1994), foi importado da Argentina, só durou até 2014 e ainda deu origem à nova (velha) geração da picape Montana – ainda mais controversa. Já o GPix repousa em algum canto do acervo da GM no país.

4. Mini Puma

mini puma 1

Nos anos 1970, o fabricante conhecido pelos esportivos GTB correu para mostrar um subcompacto que custaria menos de 2/3 do que valia um Volkswagen Fusca à época. Correu mesmo. A Puma até interrompeu a produção do cupê para desenvolver o Projeto W em menos de dois anos, a tempo do Salão de 1974.

O modelo foi logo apelidado de Mini-Puma e, segundo os números da época, a marca investiu o equivalente a US$ 400 mil em valores atuais para desenvolver o carro-conceito. Feito de fibra de vidro e com apenas dois lugares, tinha ambições de ser o primeiro carro 100% nacional.

Para fazer volume em tempos de Crises do Petróleo, além do preço mais baixo que o do Fusca, o Mini-Puma queria atrair pelo consumo. O conceito usava motor dois cilindros da holandesa DAF e prometia médias na casa dos 20 km/l. Não foi para a frente.

Boris Feldman dirige o DKW Malzoni, esportivo que deu origem à marca Puma: assista ao vídeo!

A Puma ainda tentou viabilizar a produção aqui de outro subcompacto, no começo da década de 1980, uma versão brasileira do Daihatsu Cuore. Também não vingou e a empresa fechou as portas em 1985.

5. Volkswagen Taigun

volkswage vw taigun azul de frente

A Volkswagen poderia ter tido melhor sorte no início da década passada com o Up! caso tivesse levado avante o carro-conceito Taigun. Mostrado no Salão de SP de 2012, o projeto da marca alemã iria inaugurar um segmento de SUVs de entrada que não existia, e ainda no começo da avalanche de crossovers que atingiria o mercado.

O Taigun estava praticamente pronto e já tinha até preço para a Europa (16 mil euros). A ideia era lançá-lo lá fora e aqui em 2016. No Brasil, seria uma alternativa menor e mais barata ao Ford EcoSport, o modelo que dominava o segmento na época.

Com 3,83 m de comprimento, 1,73 m de largura e 1,53 m de altura, este carro-conceito brasileiro chegou a ser testado no Mercosul. Usava o motor turbo TSI 1.0 de até 105 cv que equipa o Up! ainda hoje. A bossa ficava pelo vidro basculante traseiro.

Baseado no Up!, o SUV acabou cancelado. Dizem que a matriz barrou o Taigun devido ao custo do projeto, já que não compartilhava muitos componentes com o hatch e a plataforma seria “frágil” demais para um utilitário, mesmo pequeno. O nome Taigun, porém, foi aproveitado na versão indiana do nosso T-Cross.

6. Willys Capeta

willys capeta coupe esportivo de frente 1

Com o perdão do trocadilho, era fácil vender a alma ao diabo para ver esse esportivo nas ruas – e na sua garagem. Apresentado no Salão do Automóvel de 1964, o Capeta não poderia ter nome mais apropriado. É um dos muitos carros-conceito brasileiros que lamentamos terem ficado pelo caminho.

O cupê feito de fibra de vidro pela Willys-Overland usava motor do sedãzão Itamaraty, um 2.6 com seis cilindros, 148cv de potência e dois carburadores de corpo duplo. A velocidade máxima era de 180 km/h, segundo a fabricante.

Se mecanicamente já inspirava muito mais arrojo do que o Interlagos, o Capeta já nos deixava cair em tentação pelo desenho. Seguia a cartilha de cupês esportivos com frente comprida, faróis redondos, tomadas de ar no capô e saídas laterais. Dentro, bancos de couro e detalhes em madeira jacarandá.

Porém, jamais ganhou as linhas de produção. Pelo contrário: o único carro-conceito participou de algumas exposições e depois foi doado ao Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, em Caçapava (SP), nos anos 1960. E a partir daí, quem diria, o Capeta ia comer o pão que o diabo amassou.

Carro-conceito quase esquecido

Com a morte do fundador do espaço, o museu foi fechado e o acervo foi saqueado e vandalizado durante anos. O Capeta foi depenado em várias partes até a Ford conseguir reaver o esportivo em 1968, um ano após comprar a Willys. A sorte do Capeta, então, mudou, felizmente.

A americana cedeu o cupê ao Museu do Automóvel de Brasília. O saudoso jornalista, advogado e antigomobilista Roberto Nasser (falecido em 2018) coordenou o processo de restauração.

Mesmo não totalmente restaurado, mas com boa parte das peças originais, o Capeta, inclusive, deu pinta no Encontro Nacional de Automóveis Antigos, que acontece bienalmente em Araxá (MG).

7. Hyundai Creta Sport Truck

hyundai creta sport truck de frente

A primeira resposta para a Fiat Toro surgiu no Salão de 2016 na forma de uma picape arrojada, desenvolvida pela matriz da marca sul-coreana em parceria com a Hyundai Motor Brasil. A Creta Sport Truck Concept (STC) era baseada no SUV de mesmo nome que acabara de ser lançado.

Com jeitão de cupê, tinha 4,65 m de comprimento e era mais larga que o utilitário: 1,85 m. O volume da caçamba de 850 litros e o vão livre do solo de 27 cm chamavam ainda mais a atenção para o porte da STC.

Para completar, a picape-conceito trazia vistosas rodas de liga leve com aros de 21 polegadas e pneus Pirelli Scorpion Zero 295/40R. As pinças de freio eram pintadas de verde – em um tom parecido com o da carroceria do estudo – e o estribo da caçamba era repleto de detalhes cromados.

Infelizmente, se tornou um dos carros-conceito brasileiros que só ficaram no gostinho. Pelo menos, a Hyundai deu um fim digno ao modelo. A picape fica em exibição no hall de entrada do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da marca dentro da fábrica de Piracicaba (SP).

Ao mesmo tempo, globalmente a rival da coreana para a Toro surgirá como Santa Cruz, uma médio-compacta que já começou a ser produzida nos EUA derivada do novo Tucson

8. Fiat Tempra Pick-up

fiat tempra picape prototipo no museu do automovel de brasilia

Essa não chegou a ter um veículo conceitual em exposição. Mas sim, um protótipo diretamente apresentado para potenciais clientes nos anos 1990 e que pode ser classificado como o antepassado da Fiat Toro.

Isso mesmo, em 1994 a marca italiana criou a Tempra Pick-up e a testou em clínicas de mercado. O modelo usava a base da Tempra SW e teria motor a diesel. A capacidade seria de 1 tonelada, para se enquadrar na legislação e poder usar esse combustível e tipo de motor.

Segundo fontes, o modelo não agradou nas avaliações dos consumidores. A Fiat, então, engavetou o projeto, que felizmente repousa no Museu do Automóvel de Brasília.

9. San Vito S1

san vito conversivel esportivo lateral

Mais um projeto de esportivo brasileiro que ficou restrito a uma unidade. O S1 foi idealizado por Vito Simone, ex-projetista da Ford e dono da Personal Parts, fabricante de peças aerodinâmicas. O modelo usa carroceria à base de fibra de vidro e foi apresentado no Salão de 2008 com a promessa de custar metade do que os esportivos da época.

O carro de dois lugares usava motor central-traseiro conhecido: o velho 1.8 da linha AP, da  Volkswagen, só que com turbo da Garret e potência de 147 cv. Segundo o empresário, o San Vito S1 acelera de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e alcança a velocidade máxima de 220 km/h.

O desenho era claramente inspirado no Porsche Spyder. O filho único ficou com o pai e criador, Vito Simone. No site da empresa, o modelo é até oferecido sob encomenda. Mas a página não é atualizada há algum tempo.

10. Obvio 828

obvio 828 minicarro de frente no rio de janeiro

O subcompacto passou os anos 2000 na eterna promessa de ser produzido em Xerém, na Baixada Fluminense, e seu protótipo era até figurinha fácil nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio. Mas figura entre os carros-conceito brasileiros que ficaram pelo caminho.

Em 2002, os primeiros carrinhos tinham uma pintura verde com laranja que renderam o apelido de Zé Carioca. O desenho foi assinado por ninguém menos que Anisio Campos e era uma releitura do Dacon 828. Tinha três lugares e motor Volkswagen central.

Em 2010, nova tentativa, O modelo foi redesenhado e passou a ter motorização híbrida flex, e foi rebatizado de 828e. Em meados da década, havia a notícia de que seria usado para serviços de compartilhamento de carros. Mas até hoje não vingou.

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Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/10-carros-conceito-brasileiros-nao-chegaram-mercado/