Comum ou aditivada: qual a melhor gasolina para colocar na sua moto?

Arthur Caldeira

Arthur Caldeira, jornalista e motociclista (necessariamente nessa ordem) fundador da Agência INFOMOTO. Mesmo cansado de ouvir que é “louco”, anda de moto todos os dias no caótico trânsito de São Paulo.

Colunista do UOL

20/03/2021 04h00

Muitos motociclistas ficam em dúvida sobre qual a melhor gasolina para colocar na sua moto. “Qual o tipo de gasolina devo usar na minha moto?” “Vocês abastecem com comum ou aditivada?”. São exemplos de dúvidas comuns nas redes sociais e que geram muitas discussões.

Para tirar essas dúvidas e saber qual gasolina usar, conversei com engenheiros das duas maiores marcas, Honda e Yamaha, além de pesquisar informações com os fabricantes de combustíveis para tentar responder à pergunta: qual a melhor gasolina para colocar na sua moto?

Honda recomenda gasolina comum

A dúvida sobre usar gasolina comum ou aditivada surge porque alguns fabricantes, como a Honda, por exemplo, recomenda o uso de gasolina comum em todas as suas motos. “A Honda desenvolve os motores e homologa suas motos para rodar com a gasolina comum, sem aditivo”, explica Alfredo Guedes, engenheiro e supervisor de relações públicas da Honda Motos.

A justificativa é que a gasolina comum, sem aditivos e com etanol anidro (atualmente com 27% de álcool sem água), é a mais “comum”, com o perdão da repetição. “O Brasil é um país de dimensões continentais. Optamos pela comum porque o consumidor tem a certeza de que vai encontrá-la em qualquer posto do País”, afirma Guedes. Outra razão dada pela Honda é que a gasolina aditivada costuma ser alvo de adulteração por ser mais cara e rentável.

Mas isso não quer dizer que os proprietários de motos Honda não possam usar gasolina aditivada. “Na verdade, tanto faz usar comum ou aditivada”, garante o engenheiro da Honda. Proprietário de uma nova Honda ADV, Guedes abastece sua scooter apenas com comum.

Qual a diferença entre comum e aditivada?

De fato, usar gasolina comum ou aditivada não vai afetar o desempenho e nem o consumo da moto. Isso porque, ao contrário do que muita gente pensa, gasolina aditivada não aumenta a potência do motor.

Atualmente, a gasolina comum e a gasolina aditivada vendidas no Brasil tem índice de octanagem de no mínimo 92 octanas RON. A octanagem é um número que indica a capacidade dos combustíveis de resistir a altas temperaturas e pressões na câmara de combustão do motor antes de detonar, ou seja, sem que a faísca da vela seja disparada pelo sistema de ignição.

Quanto maior a octanagem, maior a resistência à detonação e melhor o desempenho do veículo. E as gasolinas de alta octanagem são chamadas de premium. Não confunda com aditivada.

A gasolina aditivada é a gasolina comum, de 92 octanas, que recebeu aditivos que ajudam na limpeza do motor. Com o tempo, vapores de lubrificante que normalmente circulam pelo motor depositam-se nas válvulas de admissão, e nos bicos injetores, podendo prejudicar o bom funcionamento da moto. Os aditivos ajudam a remover esses resíduos.

O uso constante de combustíveis aditivados ajuda a limpar o motor de resíduos, protege e lubrifica as partes internas para que se movimentem mais suavemente, reduzindo o gasto de energia. “O abastecimento continuo com combustíveis aditivados evita o acúmulo de partículas que prejudicam o desempenho do motor, o que reflete em um veículo com menos problemas a médio e longo prazo”, explica Gilberto Pose, especialista em combustíveis da Raízen.

Alfredo Guedes também afirma que o uso constante de gasolina aditivada garante que o motor não perca desempenho com o tempo. “Antes, em minha outra scooter, uma PCX 150, eu rodava menos e abastecia com aditivada”, afirma. De acordo com ele, esse tipo de gasolina tem antioxidantes que fazem o combustível “durar” mais.

Yamaha recomenda a aditivada

Já a Yamaha, segunda maior fabricante de motos do País, desenvolve e homologa os motores de suas motos para o uso de gasolina aditivada, afirma Alexandre Ramos, também engenheiro e instrutor técnico da marca japonesa.

O especialista confirma que não há diferença de desempenho e consumo da moto, caso seja abastecida com gasolina comum ou aditivada. “Esses aditivos servem para limpar o motor. Recomendamos o uso de aditivada porque ele evita o acúmulo de resíduos no motor. Como as motos Yamaha de menor cilindrada tem quatro anos de garantia, também é de nosso interesse que o motor dure mais”, justifica.

Segundo o engenheiro da Yamaha, em testes feitos pela fábrica outra vantagem apresentada pela gasolina aditivada é que ela demora mais para se deteriorar. “O consumidor não tem nada a perder usando a gasolina aditivada, apesar de ser mais cara. Ela limpa o motor e tem maior durabilidade”, reforça Ramos.

Quando questionado se o dono de uma Yamaha NMax 160 pode usar a comum, o instrutor técnico da Yamaha diz que não há problema. “O motor vai funcionar normalmente, mas ao longo do tempo, pode haver mais acúmulos nas partes internas do motor”, conclui.

O preço da gasolina já subiu 17,56% desde o início do ano e o valor médio do litro do combustível em todo o país já é de R$ 5,609. Com isso, até mesmo quem anda de moto, cujo consumo é bem menor do que de um automóvel, já precisa fazer as contas para saber se vale a pena gastar mais com a gasolina aditivada. Mas, afinal, qual a melhor gasolina para colocar no tanque da sua moto?

Muita gente também fica em dúvida sobre usar a gasolina comum ou aditivada, por que muitos fabricantes, como a Honda, por exemplo, recomenda o uso de gasolina comum em todas as suas motos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/infomoto/2021/03/20/comum-ou-aditivada-qual-a-melhor-gasolina-para-colocar-na-sua-moto.htm