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Como falar de capacitismo para uma sociedade que cultua corpos perfeitos?
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Clodoaldo Silva
Clodoaldo Silva é o primeiro ídolo do esporte paralímpico brasileiro. Um dos maiores nadadores do mundo, é dono de 14 medalhas (6 ouros, 6 pratas e 2 bronze) paralímpicas. Também é palestrante, empresário, atuante na área de inclusão das pessoas com deficiência e comentarista do esporte paralímpico.
Ontem eu fui discriminado e a pessoa nem percebeu o peso das suas palavras. Lutar todos os dias contra a discriminação é cansativo, mas é necessário. Levanta a mão quem nunca sofreu com o capacitismo?
Enraizado no corpo social, o capacitismo nada mais é do que a discriminação de pessoas com deficiência. Assim como o racismo, o machismo e tantos outros, é também um tipo de preconceito estrutural e, muitas vezes, inconsciente. Ele se manifesta de forma muito velada e é entendido como heroísmo e supervalorização por quem o pratica.
Alguns termos utilizados no nosso dia a dia ferem e desmerecem a existência de muitas pessoas com deficiência. Nossa sociedade é cheia de conceitos certos e errados e, o pior, vive disseminando, sem perceber, o capacitismo.
Eu já vivi para escutar essas frases: Caramba, tão linda, mas presa em uma cadeira de rodas!? Tão deformado, como conseguiu casar com essa mulher linda? Você é aleijado? Você é mongoloide? Você não é aleijado para dizer que o mundo acabou! Nossa, você é tão inteligente, nem parece que é paraplégico.
Definitivamente, a maior parte da nossa sociedade não tem informações suficientes sobre o universo das pessoas com deficiência. Os preconceitos foram sendo passados de geração para geração. Para além disso, a imagem que os indivíduos “ditos normais” têm de uma pessoa com deficiência é que ela é totalmente dependente fisicamente e emocionalmente da família, que é frágil ou incapaz, que não se encaixa no mercado de trabalho. E por aí vai.
É puxado demais! Mesmo com todo o reconhecimento do meu trabalho e uma luta diária contra a exclusão, eu vivo em um mundo em que as pessoas, o tempo inteiro, são assaltadas por imagens de corpos perfeitos. E o casamento delas com essa ideia é real. Muitas fazem o possível e o impossível em busca dessa perfeição.
Como eu e meus amigos com deficiência podemos reagir a isso? Não tenho todas as respostas. Inclusive hoje estou até desanimando, mas a primeira coisa que temos que colocar na cabeça das pessoas é o conceito de capacitismo e quais os seus impactos na sociedade e no ambiente de trabalho. Temos que ficar cansados de falar sobre o tema até que todo mundo saiba o que ele é e comece a entender que temos que agir contra ele.
Será um caminho longo até que o movimento das pessoas com deficiência fique mais fortalecido, principalmente no que tange aos vícios de linguagem e comportamentais.
Enquanto isso, a gente vai falando sobre o assunto. A gente precisa reconhecer o preconceito no nosso dia a dia para que possamos evitá-lo. Abaixo eu elenquei 10 dicas para que vocês não pratiquem o capacitismo.
1 – A pessoa com deficiência não é incapaz. Ela pode desenvolver uma via plena e funcional.
2- A forma como a pessoa com deficiência desenvolve uma tarefa pode ser diferente da maioria das pessoas, mas isso não a torna incapaz.
3- Antes de presumir que a pessoa não consegue e já sair oferecendo ajuda só porque a pessoa tem deficiência, deixe-a realizar qualquer que seja a atividade.
4 – As pessoas com deficiência trabalham, têm vida, se divertem, bebem, transam e isso deve ser normalizado.
5- A deficiência, seja ela de qual natureza for, não é em si uma doença. e a pessoa com deficiência não está necessariamente procurando uma cura ou mudança.
6- A pessoa com deficiência não deve ter obrigação nenhuma em ser vista como um exemplo de superação.
7 – Supervalorizar uma pessoa com deficiência simplesmente por ela realizar um trabalho comum, como usar um computador, intrinsecamente mostra que você imagina que ela era incapaz para a tarefa.
8 – A pessoa está vivendo a sua vida, portanto não deve ser transformada em um herói só por viver com sua deficiência.
9- João sem braço, desculpa de aleijado é muleta, pior cego é aquele que não quer ver, retardado, aleijado, mongoloide são expressões e palavras preconceituosas que dão força ao capacitismo.
10 – O contrário de uma pessoa com deficiência não é uma pessoa normal, mas sim, uma pessoa sem deficiência.
Abraços aquáticos para todos e excelente sexta-feira!
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/clodoaldo-silva/2021/03/05/como-falar-de-capacitismo-para-uma-sociedade-que-cultua-corpos-perfeitos.htm