Com Diniz, São Paulo se aproxima de campanha mais dominante de Muricy


Rodrigo Mattos

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de ?O Estado de S. Paulo? em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

07/12/2020 04h00

Líder do Brasileiro, com quatro pontos de vantagem, o São Paulo de Fernando Diniz tem um desempenho próximo ao da campanha mais dominante de Muricy Ramalho. A vitória deixou o time são-paulino com 47 pontos, apenas dois a menos do que o São Paulo de 2007 contabilizados 23 jogos disputados. É preciso ressaltar que, na atual temporada, a concorrência é mais pesada do que naquele ano.

No tricampeonato são-paulino, a equipe de 2007 foi a mais dominante, embora tenha acabado com um ponto a menos do que no ano anterior. Com uma defesa impressionante, formado pelo trio Miranda, André Dias e Breno, acabou a temporada com apenas 19 gols tomados. Acabou com 77 pontos, mas se distanciou cedo no campeonato.

O atual time de Diniz não chega neste nível defensivo: sofreu 20 gols. Mas já é a melhor defesa do atual Brasileiro ao lado do Grêmio. É um dos pontos altos da campanha já que as equipes dirigidas pelo técnico eram conhecidas por proteger mal seu gol.

O São Paulo melhorou a pressão na retomada de bola e tem bloqueado contra-ataques, inclusive apelando a faltas quando necessário. Às vezes, não cria tanto como contra o Sport, mas é mais seguro atrás. É uma evolução em relação ao estilo das equipes de Diniz que costumavam ser frágeis defensivamente embora tivessem bastante a posse de bola. Ainda assim, o ataque é o segundo mais produtivo ao lado do Flamengo e atrás do Atlético-MG.

Comparado com o time de Muricy, a equipe de Diniz supera as campanhas dos times de 2006 e 2008. Nesta última temporada, o São Paulo precisou se recuperar para virar o campeonato diante do Grêmio.

E o desempenho atual e a diferença de cinco pontos são garantia de título? Certamente que não. Quando era dirigido por Diego Aguirre, em 2017, o São Paulo atingiu 46 pontos no atual estágio do campeonato, isto é, só um ponto a menos do que Diniz. Na época, era o vice-líder atrás do Internacional. Conseguiu estar na ponta na 26a rodada, tomou uma virada do Palmeiras, não se recuperou e terminou em quinto.

É um alerta para o atual São Paulo, portanto, a necessidade de manter a consistência quando entrar em uma sequência de jogos mais difíceis. Na próxima rodada, tem o clássico diante do Corinthians, depois o vice-líder Atlético-MG e em seguida o Fluminense fora de casa. Ainda pegará os adversários diretos na disputa pelo título: Flamengo e Grêmio até o final do turno.

Outra diferença para época de Muricy é a concorrência maior na atual temporada. Com um jogo a mais, o Galo está quatro pontos atrás da ponta. Em igualdade de partidas, o Flamengo tem cinco pontos a menos, e o Grêmio, sete. As distâncias de cinco pontos são relevantes no Brasileiro de pontos corridos neste estágio da tabela, mas estão longe de ser garantia de título. Já houve reversões de vantagens maiores em 2008 e 2009.

Em comparação, o time de Muricy de 2007 já tinha sete pontos acima do Cruzeiro que era o único que, de fato, tentava persegui-lo. Assim era um caminho bem mais traçado para o título. Até porque os times da ponta do Brasileiro têm melhorado o desempenho durante os anos.

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rodrigo-mattos/2020/12/07/com-diniz-sao-paulo-se-aproxima-de-campanha-mais-dominante-de-muricy.htm