Cidades inteligentes “morreram” durante a pandemia, diz especialista

Renato de Castro

Renato de Castro é expert em Cidades Inteligentes. É embaixador de Smart Cities do TM Fórum de Londres, membro do conselho consultivo global da Leading Cities de Boston e Volunteer Senior Adviser da ITU, International Telecommunications Union das Nações Unidas. Acumulou mais de duas décadas de experiência atuando como executivo global. Renato já esteve em mais de 30 países, dando palestras sobre cidades inteligentes e colaborando com projetos urbanos. Atualmente, reside em Barcelona onde atua como CEO de uma spinoff de tecnologia para Smart Cities.

06/01/2021 04h00

Feliz 2021 para todos :). Assim esperamos! Depois de um final de ano supertumultuado por aqui na Itália, iniciamos o ano com as energias recarregadas. Que 2021 será de desafios, nós já sabíamos. Mas começar o ano com essa notícia bombástica ninguém esperava, certo?

Dando continuidade a nossa série de entrevistas intituladas “Aprendendo com os Líderes”, hoje conversaremos com Jorge Saraiva, presidente da Rede Europeia de Laboratórios Políticos (European Network of City Policy Labs). A ideia é trazer a visão de diversos especialistas mundiais sobre os desafios e oportunidades que nossas cidades irão afrontar a partir de 2021.

Segundo o Jorge, a pandemia deixou três grandes vítimas. Primeiro, a liderança mundial. Antes da pandemia, toda vez que existia uma crise mundial os países se juntavam em prol do objetivo comum de achar uma solução integrada.

Isso não aconteceu desta vez. E ainda pior, como resposta à crise, os Estados Unidos, que até então eram o líder natural, começaram a desassociar-se do processo, primeiro com a saída da Organização Mundial da Saúde e depois com atitudes unilaterais de aquisição e retenção de insumos.

A segunda grande vítima foi o nosso modelo econômico. Como consequência direta da pandemia, a China acelerou ainda mais sua ascensão a maior economia mundial, provavelmente ultrapassando os EUA em 2028.

Mas não somente isso, o próprio modelo capitalista, que coloca o crescimento econômico a qualquer custo como centro do processo, está sendo questionado. Mesmo com índices positivos de crescimento econômico mundial nas últimas décadas, a qualidade de vida nas cidades está estagnada.

Vamos começar a repensar esses modelos, e a Europa, segundo Jorge, será uma das protagonistas nesse processo.

Por último, a morte do modelo tradicional das cidades inteligentes. “As smart cities morreram durante a pandemia”, afirma Jorge. Ele cita o projeto de Toronto de revitalização da zona costeira, nas margens do Lago Ontário, feito em parceira com a Google). Na entrevista, ele explica como e porque a Google desistiu do projeto, marcando assim o início da decadência desse modelo de criação de cidades inteligentes.

Mas fique tranquilo, a notícia não é de toda negativa. Na verdade, nosso entrevistado está bastante otimista com essa nova fase que estamos iniciando para as cidades inteligentes. Discutimos principalmente sobre as oportunidades que estão por vir neste rico universo das smart cities e os desafios para nós, city makers.

Seguimos o mesmo modelo das entrevistas anteriores, com três perguntas principais para o nosso convidado:

  • Qual a definição de cada um deles de cidade inteligente;
  • O que eles esperam a curto prazo para nossas cidades em consequência da covid-19 e;
  • Como eles veem o mercado de trabalho para especialistas em cidades inteligentes no futuro.

Você não vai querer perder essas dicas valiosas, certo? Então assista a entrevista na íntegra e deixe abaixo seus comentários que teremos prazer em responder. Nos vemos na próxima semana com a última entrevista da série, direto de Israel.

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/renato-de-castro/2021/01/06/a-morte-das-smart-cities.htm