China transforma data de compra online em espetáculo e mira mercado mundial

Felipe Zmoginski

Felipe Zmoginski foi editor de tecnologia na revista INFO Exame, da Editora Abril, e passou pelos portais Terra e America Online. Fundou a Associação Brasileira de Online to Offline, foi secretário-executivo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e head de marketing e comunicações do Baidu no Brasil, companhia líder em buscas na web na China e soluções de inteligência artificial em todo o mundo. Há seis anos escreve sobre China e organiza missões de negócios para a Ásia.doras e compreender a ascensão da nação pobre que se tornou potência mundial em menos de três décadas.

11/11/2020 04h00

As notícias de Alibaba, a maior corporação privada da China. O desempenho anotado em sua principal data comercial no ano, 11 de novembro, chamada de 11.11 e conhecida em muitos lugares por “dia dos solteiros”, porém, voltou a mostrar a força do grupo e da economia chinesa.

Criado em 2009 como um truque de marketing, o 11 de novembro teve uma característica inovadora não explorada em outras datas promocionais como conhecemos, como os dias dos namorados, a Black Friday ou o dia das mães. No “11.11”, nome oficial do evento, desde o início tentou-se transformar o ato de comprar online em uma atividade social e divertida, com o envolvimento de artistas, músicos e, nos anos mais recentes, streammers, uma figura onipresente na internet chinesa.

Há mais de cinco anos, a data tornou-se a mais importante do comércio eletrônico no mundo. Em 2019, por exemplo, movimentou quase US$ 40 bilhões em venda de produtos online, o que é cinco vezes mais que o volume registrado na segunda data mais importante do comércio digital do mundo, a Black Friday americana. Se somada a Black Friday e a Cyber Monday nos Estados Unidos, não chegam a um terço do que se fatura na China em um único dia de promoções, operado, basicamente, por uma única empresa, o grupo Alibaba.

Para 2020, porém, havia muitas dúvidas se, mais uma vez, o “festival de ofertas” seria capaz de manter o fôlego, uma vez que o ano foi trágico para a economia mundial, afetando a renda inclusive de consumidores chineses. No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, o PIB chinês anotou recuo de 6,8% em relação a igual período de 2019. Foi a primeira vez em 40 anos que um trimestre teve atividade econômica negativa.

Em um ensaio, registrado no final de outubro, com dois grandes influenciadores chineses, Li Jiaqi e Viya, já foi possível notar que a pujança do e-commerce chinês, responsável (acredite, se puder) por 51% de todos os pedidos de comércio eletrônico feitos no mundo, não se refrearia. A dupla de webcelebridades vendeu 1 bilhão de RMBs em produtos e serviços, em apenas 24 horas. Traduzidos em reais, trata-se de mais de R$ 800 milhões.

Ao contrário dos anos “originários”, quando a data só era relevante para os chineses, o 11.11 agora projeta-se sobre um número cada vez maior de mercados. Estrelas como Taylor Swift e Katy Perry participam das ações em 2020 e a presença das superstars dá a noção do tamanho da ambição dos criadores do 11.11. O mercado brasileiro também ganhou sua parcela de atenção, com nomes como Gretchen e Gracyane Barbosa promovendo o evento.

Resultados preliminares, divulgados quando já era madrugada na China, indicam que as vendas efetuadas nos primeiros 10 minutos e na primeira hora da promoção superaram os registros dos anos anteriores, indicando que não há covid ou recessão global que desacelere a assombrosa máquina de vendas online da China.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/felipe-zmoginski/2020/11/11/china-volta-a-assombrar-o-mundo-em-sua-maior-data-de-e-commerce.htm