Chevrolet Opala é clássico problemático? Veja os 10 principais defeitos

O Chevrolet Opala, primeiro automóvel fabricado pela GM no Brasil, foi exemplo típico de como um mercado fechado às importações faz um produto cheio de problemas virar queridinho do consumidor.

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Para se ter ideia do sucesso, foram quase um milhão de unidades produzidas de 1968 até 1992, sem modificações estéticas ou mecânicas de relevo. Porque, sem concorrência, os carros lançados no Brasil estavam entre os que mais duravam no mundo.

O Opala jamais teria resistido 23 anos na linha de montagem, fosse o nosso, um mercado disputado e tivesse mais do que apenas quatro marcas disputando-o. Coincidência ou não, ele se despediu em 1992, apenas dois anos depois que o presidente Collor reabriu as importações e as fábricas passaram a enfrentar concorrência de fato.

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Curioso que, nem a reserva de mercado salvou a Ford do fracasso com o Maverick, lançado exatamente para concorrer com o Opala. Tragédia comercial, foram pouco mais de 100 mil unidades produzidas entre 1973 e 1979. A decisão errada de fabricá-lo no Brasil fez rolar cabeça de diretor da Ford.

chevrolet opala s 1988

Opala é nome de pedra preciosa. Mas, no carro, foi uma contração de Opel – marca da empresa na Europa – com Impala, um refinado modelo Chevrolet nos EUA. O Opala encarnava concretamente esta simbiose entre Europa e EUA: a carroceria era idêntica à do Opel Rekord, o motor equipava modelos da GM nos Estados Unidos.

Ao contrário do Maverick, o Opala tinha estilo bem europeu – que sempre agradou o brasileiro – além de confortável, espaçoso no banco traseiro e porta-malas e um ótimo desempenho, principalmente com o motor 4.1, de seis cilindros.

Eu tive Opala. Corri de Opala. Mas, o que não faltava nele era provocar dor de cabeça tanto nos engenheiros da GM como nos seus donos:

10 Principais problemas do Opala

1. O Opala bebia como uma esponja

O consumo era muito elevado pois o motor era pouco eficiente, muito antigo, com projeto inicial na década de 30 e aperfeiçoado em 1964. Mas impossível de se livrar de conceitos obsoletos como o eixo comando de válvulas no bloco.

Bebia exageradamente com qualquer dos dois motores. E também com qualquer dos dois combustíveis. Abastecido com etanol, pior ainda.

2. Omelete tecnológica

Mecânica norte-americana implantada numa carroceria europeia era uma omelete tecnológica, ao misturar ferramentas em polegadas e milímetros tanto na linha de montagem como em suas oficinas de manutenção.

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Ferramentas, equipamentos, máquinas, tudo em dobro, na fabricação e na manutenção. A GM acabou botando um fim nessa balbúrdia técnica ao padronizar o carro em milímetros europeus.

3. Trincas nas longarinas do Opala

A mistura de origens ainda provocou problema mais grave: o Opala tinha motores antigos e pesadíssimos de 4 e 6 cilindros, com cilindradas de 2,5 e 4,1 litros, enquanto o Opel tinha motores mais leves, de 1,5 a 2,0 e 2,5 litros. O Opala de seis cilindros era quase 200 kg mais pesado que o de quatro, o que exigia muito da sua plataforma e as longarinas trincavam na região dianteira.

Além do peso, sua estrutura era frágil e chegava a se movimentar quando o motorista esterçava todo o volante. Problema sem solução durante toda a sua existência.

4. Suspensão dianteira

A suspensão dianteira era uma fonte de problemas (e despesas) para os donos do carro e obrigava a troca frequente de buchas. Um problema grave no pivô da suspensão provocava a ruptura na fixação da roda que costumava se soltar, o que deu muita dor de cabeça aos engenheiros da fábrica para resolver o problema.

5. Roda traseira do Opala se soltava

Além da dianteira, não era incomum a roda traseira também se soltar junto com semi-eixo. Eram dois fornecedores de diferencial: Braseixos e Dana. No primeiro, a fixação do semi-eixo era por junta elástica, que se rompia e o conjunto “ia embora”. No fabricado pela Dana, um flange impedia o desastre.

6. Vibração do motor 2.500

O motor de quatro cilindros era como se fosse um de seis “serrado”, para redução de custos ao aproveitar todos os componentes internos como pistões, anéis, bielas, bronzinas e outros. Mas vibrava desde que o motorista acionava o arranque.

A engenharia da GM não resolveu, mas suavizou o problema ao reduzir o curso e aumentar o diâmetro dos pistões. O que resultou numa imperceptível redução da cilindrada, de 153 para 151 polegadas cúbicas.

7. Dificuldade em equalizar cilindros

O motor do Opala era muito obsoleto e um dos problemas era a alimentação. Ela ia bem no 2500, mas no 4.100 os 2º e 5º cilindros eram mal alimentados. Aumentando-se o fluxo no carburador, resolvia-se o problema destes dois cilindros, mas provocava uma superalimentação dos outros quatro.

chevrolet opala ss 1

A única solução era doméstica: algumas oficinas instalavam defletores no coletor para equilibrar o fluxo. Vale a pena observar que, na Europa, a Opel já alimentava seus motores europeus com injeção de combustível…

8. Ferrugem

Opala enferrujava tanto alguns de seus componentes mais sensíveis da carroceria que virou até chacota, na época: “Se não enferrujou, é porque tem algum problema”.

Corriam até boatos para explicar o problema, entre eles o de uma metalúrgica próxima da fábrica (São Caetano do Sul) que emitia vapores ácidos em sua operação, carregados pelo vento e que chegavam na seção de estampagem. O problema era agravado pelo péssimo tratamento das chapas na etapa de pré-pintura e por não se utilizar chapas galvanizadas.

9. Ar “viciado”

Para reduzir custos, a fábrica decidiu cancelar o sistema de exaustão dos gases do habitáculo, para reduzir o ar “viciado” em seu interior. Nos modelos europeus, os gases eram direcionados para o exterior pela coluna traseira (pilar C) levados até a traseira, saindo por pequenas janelas (com membrana) atrás do parachoque.

af opel rekord sedan

No Brasil, o ar viciado saía, mas entrava poeira nas estradas de terra. A solução, simplista, barata e arriscada foi de eliminar o sistema. Tanto no Opala como no Vectra.

10. Vazamento de óleo

Assim como a ferrugem, vazamento de óleo do motor era marca registrada do Opala. “Se não vazou é porque tem alguma coisa errada” brincava-se na época.

A origem do problema era uma deficiência do projeto muito antigo e os engenheiros da GM sabiam onde estava: uma gaxeta tentava inutilmente reter o óleo na extremidade do virabrequim. E o custo para substitui-la por um retentor seria quase o de projetar um novo motor. Então, manchinha de óleo sob o carro marcou presença nos 23 anos de produção do Opala…

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Fotos: Divulgação

Fonte: https://autopapo.uol.com.br/noticia/chevrolet-opala-10-defeitos/