Carros de luxo: veja quem se deu bem em 2020 e quais marcas perderam espaço

Rafaela Borges

Rafaela Borges é jornalista automotiva desde 2003, com passagens por Carsale e Estadão. Escreve sobre o mercado de veículos, supercarros, viagens sobre rodas e tecnologia.

Colunista do UOL

14/12/2020 04h00

O segmento de carros de luxo teve seu mau momento no início da pandemia, mas acabou se recuperando rapidamente. O resultado será pior que o obtido em 2019 para a maioria das montadoras, mas as perdas não serão tão altas quantas as registradas pelas fabricantes de modelos generalistas.

A Porsche, aliás, deverá crescer. Enquanto a indústria lutava para continuar vendendo, a marca especializada em esportivos entregava mais de 100 unidades do 911 em alguns meses do primeiro semestre. A versão mais barata desse carro ultrapassa os R$ 500 mil.

No caso das cinco marcas que mais vendem carros de luxo no País (BMW, Volvo, Audi, Mercedes-Benz e Land Rover), todas registraram queda no acumulado de janeiro a novembro, na comparação com igual período do ano passado. Ainda assim, dá para dizer que houve vencedoras nesse contexto.

Isso quando o assunto é participação de mercado. Nesse caso, as duas vencedoras são a BMW e a Volvo. Já a Mercedes-Benz acabou perdendo bastante espaço, na comparação com as concorrentes.

A BMW já era líder no ano passado, mas ampliou sua participação de mercado no universo das cinco maiores marcas de luxo. De janeiro a novembro, tem quase 32% de participação, ante os cerca de 29% do mesmo período de 2019.

O maior avanço foi obtido graças ao 320i, da linha Série 3, lançado nos últimos meses de 2019. Esse modelo atacou diretamente aquele que era um dos campeões de emplacamentos do segmento, o Mercedes-Benz Classe C.

Nos 11 primeiros meses de 2019, o Classe C somou 3.214 emplacamentos e levou pequena vantagem ante o Série 3, que teve 3.113 unidades vendidas. Já no mesmo período deste ano, o Mercedes não apenas ficou para trás, como levou ampla desvantagem.

O modelo somou 1.468 emplacamentos, ante nada menos que 4.479 do BMW. A grande questão entre Série 3 e Classe C não é preço. Além de seus valores serem semelhantes, o cliente desse segmento é menos suscetível às tabelas mais baixas.

O que determina o sucesso do BMW é que sua nova geração chegou no ano passado, bem mais moderna que o já defasado Classe C.

Entre o próximo ano e 2022, deve ser lançada a nova geração do Mercedes. Nesse caso, defasado será o Série 3, que tende a ficar para trás.

Mercedes perde participação

Com o panorama acima, a participação da Mercedes-Benz nos onze primeiro meses de 2020, no universo das cinco maiores marcas de luxo, caiu para cerca de 18%. No mesmo período do ano passado, tinha em torno de 22%.

Além disso, suas vendas registraram queda de 32,2% no acumulado do ano, ante os 6,1% da BMW. A Mercedes teve os maiores recuos de em emplacamentos e participação de mercado no universo das cinco maiores marcas de luxo.

Em outubro de 2020, a montadora perdeu a vice-liderança (que havia obtido em 2019) para a Volvo, da qual falaremos mais adiante. Em novembro, também foi deixada para trás pela Audi. Neste momento, ocupa o quarto lugar no ranking de vendas de marcas de luxo.

A Audi também teve ampla queda nos emplacamentos: 20,6%. Porém, quando o assunto é participação de mercado, a perda foi leve, de pouco mais de um ponto percentual (tem 18,1% em 2020). Por enquanto, a marca mantém a mesma terceira posição de 2019.

Porém, a Mercedes-Benz ainda pode retomar essa colocação com o resultado de dezembro. De janeiro a novembro, a marca somou 6.126 unidades vendidas, ante as 6.245 da Audi. É até uma boa vantagem no segmento de luxo, mas não a ponto de garantir a montadora das quatro argolas no terceiro lugar sem sustos.

A líder BMW tem 10.951 unidades vendidas neste ano e a vice-líder Volvo, 6.777. Depois de Audi e Mercedes-Benz, aparece na quinta colocação a Land Rover, com 4.347 emplacamentos. A britânica perdeu apenas 0,2 ponto de participação (tem 12,6% em 2020). Porém, as vendas caíram bastante: 16,9%.

Volvo se destaca com SUVs

A menor queda de vendas no acumulado de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019, é da Volvo: 2,3%. Além disso, a marca ganhou 2,6 pontos de participação no mercado. Agora, tem 19,6%.

A montadora sueca está praticamente garantida na inédita vice-liderança do mercado de luxo, pois sua vantagem para a Audi é de mais de 500 unidades. Esse número é bastante alto no segmento de modelos premium.

A marca começou a ganhar participação em 2018, com o XC40, SUV compacto com o maior pacote de tecnologia da categoria. Porém, conseguiu deixar apenas a Land Rover para trás tanto naquele ano quanto em 2019. Em ambos, ficou com o quarto lugar.

Em 2020, após dificuldades nos primeiros meses de pandemia, a Volvo surgiu com algumas ações promocionais repletas de bons descontos. Nos meses em que realizou esses eventos, suas vendas despontaram.

Em novembro, o XC40 foi o SUV de luxo mais emplacado do Brasil, com 421 unidades, enquanto o XC60 ficou no terceiro lugar (337). Entre eles apareceu o BMW X1 (361).

Em outubro, havia sido a vez de o médio XC60 liderar o segmento de SUVs de luxo, à frente de todos os compactos. Naquele mês, somou 417 exemplares emplacados.

Os dados foram calculados a partir de números divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/primeira-classe/2020/12/14/luxo-marcas-que-se-deram-bem-em-2020-e-a-que-mais-perdeu-espaco.htm