Braga Netto veste camisa de Bolsonaro, mas Exército ainda crê em distância

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

Do UOL, em Brasília

07/09/2021 16h55

Com uma camisa preta que tinha a imagem de uma caveira e uma ilustração da bandeira do Brasil, o ministro da Defesa, Braga Netto, “desfilou” por Brasília nesta terça-feira (7) reforçando a ideia de que apoia cada vez mais os rompantes golpistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Após a cerimônia de hasteamento da bandeira, o ministro acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na manifestação que aconteceu na Esplanada dos Ministérios.

Para alívio de militares do alto escalão, no entanto, o ministro não discursou e também decidiu não acompanhar Bolsonaro para o protesto na Avenida Paulista, em São Paulo.

Militares de alta patente ouvidos pela coluna tentaram inclusive minimizar a presença de Braga Netto no ato em Brasília e afirmaram que a manifestação aconteceu de “forma ordeira”, sem nenhuma ameaça concreta de invasão do STF (Supremo Tribunal Federal), por exemplo.

Não é de hoje que o ministro de Defesa vestiu de fato a camisa do bolsonarismo, mas o receio maior era de que usasse o cargo e nome das Forças Armadas em alguma fala com tom golpista nos atos de hoje.

Para alguns generais ouvidos pela coluna, apesar de estar longe do recomendável, a participação de Braga Netto nos atos não tem nenhuma proibição, já que o seu cargo é político.

Havia um receio até mesmo uma participação do Comandante do Exército, general Paulo Sérgio, o que (também para alívio dos militares) não aconteceu.

Na avaliação de um general da ativa, mesmo com o ministro da Defesa “na foto” que Bolsonaro diz que quer mostrar para os presidentes de outros poderes, não há razões para que os atos deste 7 de setembro inflem uma suposta participação dos militares em alguma tentativa de golpe.

“Qualquer golpe inconstitucional com a presença das Forças Armadas segue fora de cogitação”, afirmou.

E o Mourão?

Chamou a atenção entre alguns militares a presença do vice-presidente Hamilton Mourão também no ato político em Brasília.

Mourão havia dito a interlocutores que não pretendia participar. Além disso, o presidente e seu vice possuem uma relação não muito harmoniosa e Mourão busca equacionar falas de tons golpistas de Bolsonaro.

Nesta terça-feira, porém, Mourão, assim como Braga Netto, decidiu estar na fotografia com Bolsonaro.

Ao jornal O Globo, Mourão justificou a presença com a expressão em francês “Noblesse oblige”, que significa “a nobreza obriga”, ou seja, que seria uma imposição do cargo que ocupa.

Ainda faltam, porém, mais explicações do vice-presidente e também do ministro da Defesa sobre até onde de fato estão dispostos a apoiar as falas antidemocráticas que Bolsonaro registrou na história do Brasil neste 7 de setembro.

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Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/09/07/braga-netto-veste-camisa-de-bolsonaro-mas-exercito-ainda-cre-em-distancia.htm