Braga Netto faz “entrevista” com possíveis comandantes das Forças

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

Do UOL, em Brasília

31/03/2021 13h45Atualizada em 31/03/2021 14h16

Já despachando do Ministério da Defesa, o novo ministro general Walter Braga Netto dedicará boa parte desta quarta-feira para a escolha dos novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Segundo oficiais ouvidos pela coluna, o ministro recebe hoje os mais cotados para a vaga para conversas.

Essas espécies de “entrevistas” subsidiarão o ministro para fechar sua preferência. Braga Netto quer decidir com o presidente Jair Bolsonaro os nomes para que o anúncio dos novos nomes aconteça ainda essa semana.

Listas oficiais

O Exército enviou a Braga Netto uma lista com o nome dos cinco generais, que seriam os candidatos naturais, por ordem de antiguidade. São eles: Décio Luís Schons, José Carlos de Nardi, José Luiz Freitas, Marcos Antônio Amaro e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

O presidente e o ministro não são obrigados a seguir a lista, mas o gesto poderia ser considerado uma quebra de tradição militar.

Pelo menos um nome corre por fora e tem a simpatia do Planalto: o Comandante Militar do Nordeste, general Marco Antônio Freire Gomes.
Já na Marinha, se Bolsonaro e Braga Netto optarem por seguir a ordem de antiguidade os nomes indicados pela Força foram os do Almirante Alipio Jorge Rodrigues da Silva, Almir Garnier Santos e Marcos Silva Rodrigues.

Na FAB, os três cotados para o comando, por conta da antiguidade na carreira são: Jeferson Domingues de Freitas, Carlos de Almeida Baptista Junior e Marcelo Kanitz Damasceno.

Sem risco de golpe

Apesar de o novo ministro ter assinado a Ordem do Dia por conta do 31 de março, data do golpe militar, pedindo celebração da data, generais ouvidos pela coluna tentam minimizar qualquer risco de apoio a rompantes antidemocráticos por parte de Bolsonaro.

“O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, escreveu o ministro da Defesa.

Segundo um general da ativa, qualquer integrante do Alto Comando que assumir o comando do Exército a ordem será a mesma: reforçar que as Forças Armadas são instituições de estado e não de governo.

“Não passa na cabeça de ninguém nenhum tipo de ruptura”, afirmou.

Comandantes foram demitidos

O Ministério da Defesa anunciou ontem a saída do comandantes do Exército, Edson Pujol; da Marinha, Ilques Barbosa Junior e o da Aeronáutica, Antonio Carlos Moretti Bermudez.

Segundo militares ouvidos pela coluna, a saída dos comandantes ue avisou que Braga Netto poderia demiti-los.

Depois de pedir o cargo do general Fernando Azevedo e Silva, Bolsonaro causou mal-estar entre os comandantes, que sabiam do desejo do presidente em tirar Pujol do comando do Exército. Eles chegaram a ensaiar uma renúncia coletiva, mas ontem foram surpreendidos com o fato de que a decisão do presidente já estava tomada e ele quer agora novos nomes no comando das Forças.

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/03/31/braga-netto-faz-entrevista-com-possiveis-comandantes-das-forcas.htm