Bolsonaro prepara reforma ministerial para dar pastas ao Centrão

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

28/01/2021 10h52

O presidente Jair Bolsonaro já decidiu que vai contemplar o Centrão numa reforma ministerial pontual que deve acontecer após a eleição das presidências da Câmara e do Senado.

Segundo auxiliares do presidente, já estaria decidido que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, deixará o comando da pasta. A ideia é que o ministério fique com alguém do partido Republicanos.

Onyx, apesar de acumular críticas quando foi ministro da Casa Civil, deve voltar a despachar no Palácio do Planalto. A ideia é colocá-lo na Secretaria-Geral, uma espécie de “prefeitura” do Planalto. A pasta, que está interinamente sob o comando de Pedro César Nunes desde a saída de Jorge Oliveira, chegou a ser oferecida ao almirante Flávio Rocha, um conselheiro do presidente, mas Bolsonaro reconheceu que precisaria usar o cargo para as negociações com o centrão.

Outra ideia do presidente que ganhou força nos últimos dias é a recriação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que no governo Bolsonaro deixou de existir como ministério e ficou debaixo do guarda-chuva do Ministério da Economia. Neste caso, além de acomodar alguém do PP, haveria a intenção de diminuir o poder e o acúmulo de atribuições do ministro Paulo Guedes.

Protegidos

Bolsonaro tem avisado auxiliares e parlamentares que não pretende demitir o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, mesmo com o aumento das críticas e pressões judiciais em relação à sua atuação no enfrentamento na pandemia.

O presidente chegou a ser aconselhado a colocar no comando da pasta o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), que já foi ministro da Saúde, no governo Michel Temer. Bolsonaro, porém, disse que não quer perder Pazuello, que na sua avaliação tem se “empenhado na missão”.

Além disso, segundo parlamentares, até Barros agora teria resistência à mudança, e não seria bom negócio pegar a pasta com “sete a zero” em jogo.

Além de Pazuello, auxiliares do presidente dizem que Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, também estaria firme no cargo. Bolsonaro já avisou que seguirá firme com seu chanceler.

Nesta quarta-feira, quando ofendeu a imprensa em meio à polêmica dos gastos com leite condensado, Bolsonaro teve aplausos entusiasmados do chanceler.

Mourão escanteado

A respeito das declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, que ontem sugeriu que Ernesto seria demitido, fontes do governo dizem que a situação entre Bolsonaro e seu vice nunca esteve tão ruim.

De acordo com relatos, há tempos os dois não se falam, não tem interlocução. Há quem saliente que Bolsonaro teria a sorte de o general Mourão ser “extremamente ético” e não querer conspirar para tirar o presidente do cargo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/01/28/governo-reforma-ministerial-centrao.htm