Bolsonaro cita FHC ao justificar atraso em parabenizar Biden

Carla Araújo

Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.

Do UOL, em Brasília

04/12/2020 04h00

O presidente não reconhecer oficialmente a vitória de Joe Biden nas eleições norte-americanas.

Alguns ministros e auxiliares têm aconselhado que Bolsonaro faça o gesto diplomático. Ironicamente, o presidente tem utilizado outro gesto. Quando recebe o aviso de que já estaria na hora de reconhecer Biden como presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro pega alguns dos papeis que têm sobre a sua mesa, aponta para reportagens antigas e diz: “Só criticam o Bolsonaro, nem se lembram do FHC”.

A justificativa exposta por Bolsonaro diz vitória só foi confirmada pela Suprema Corte 36 dias após a eleição.

Na época, o então presidente Fernando Henrique Cardoso só enviou uma mensagem com felicitações a Bush com o fim do imbróglio judicial.

Em 2020, também há poucos líderes que ainda não reconheceram a vitória do democrata.

Data ‘limite’

Ministros próximos do presidente afirmam que já há um convencimento para que Bolsonaro formalize os cumprimentos a Joe Biden no próximo dia 14. A data está sendo considerada como limite tanto pela equipe econômica como pela área política.

É neste dia que o Colégio Eleitoral vai se reunir e os representantes dos Estados votarão nos candidatos mais votados em seus territórios.

A eleição norte-americana tem um sistema distinto do Brasil. E, embora Biden já tenha votos suficientes para ser declarado o novo presidente dos Estados Unidos, é só a partir de 14 de dezembro que ele será, de fato, presidente eleito, segundo o calendário eleitoral de 2020 dos EUA.

Mudanças na diplomacia

Auxiliares do presidente também alertam que, após o reconhecimento da vitória de Biden, será preciso ajustar o posicionamento do Ministério das Relações Exteriores, hoje comandado por Ernesto Araújo.

O ministro integra a chamada ala ideológica do governo. Sua manutenção no cargo é vista por alguns auxiliares como uma barreira grande nas relações com o novo governo dos EUA.

A exemplo do que aconteceu com o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub,cargo no Banco Mundial, Bolsonaro deve buscar alguma saída honrosa para Ernesto.

“Nesse governo, com a ala ideológica não se brinca. Quando cai tem que cair para cima”, disse um ministro à coluna.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2020/12/04/bolsonaro-biden-fhc-eleicoes-eua-ernesto-araujo.htm