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BLOG: Afinal, como será resolvido o imbróglio para a luta de Golovkin, dia 5 de maio?
Saudações Pugilísticas.
Há algumas semanas acompanho a confusão gerada pelos resultados positivos dos exames de dopagem realizados em Saul “Canelo” Alvarez.
Houve especulação e muita gente “chutando” sobre o tema e a respeito do próximo adversário de Gennady “GGG” Golovkin. Não opino sobre “disse-me-disse”, mas com a possibilidade de GGG não lutar no dia 5, apesar de reiteradas vezes afirmar que quer boxear naquele dia, chegou o momento de escrever sobre o assunto.
Primeiro; qual a verdadeira razão de a NSAC Comissão Atlética do Estado de Nevada aplicar uma suspensão provisória de quatro semanas em Canelo Alvarez? O julgamento só acontecerá no dia 18 de abril, semanas antes da luta prevista contra GGG e o boxeador mexicano não tem nenhum outro combate programado.
Segundo; por que Canelo desistiu da luta antes do julgamento, se mantinha normalmente a preparação?
Terceiro; por que o combate de Golovkin, se não for contra Canelo, tende a ser realizado na Califórnia e não mais no MGM de Las Vegas?
Antes de continuar, é bom discorrer sobre as indagações acima que parecem interligadas.
O primeiro pensamento que me ocorreu quando soube da punição de quatro semanas foi que a mesma comissão de Nevada, tão preocupada com o bom andamento do esporte, permitiu que um estreante no boxe profissional, Conor McGregor, lutasse com Floyd Mayweather Jr. E esta não é a primeira vez que comento o tópico. Outra lembrança é a de julgamentos infelizes que a juíza Adalaide Byrd realizou nos eventos de luta, inclusive no confronto anterior entre GGG e Canelo, sem ser afastada por mais do que algumas semanas.
O segundo pensamento não é uma afirmação, mas fica a impressão que a NSAC quis apresentar serviço depois das críticas sofridas pelas decisões sobre Mayweather-Mc Gregor e Adalaide Byrd e não sabemos por quantas mais, de certa maneira mostrar que é rígida nos seus princípios. Só que a punição em nada mudou. Como diria o meu avô: “Foi para inglês ver”. O que vale é o julgamento do dia 18.
Mas o motivo da desistência de Canelo antes do julgamento tem algumas hipóteses, muito perto da certeza. A primeira é que devido a maior possibilidade de pegar uma suspensão mínima até o fim do ano, não haveria porque intensificar o esforço de treinamento nas semanas que antecedem ao julgamento e a própria luta do dia 5. Neste momento de pressão, não há dúvidas que a preparação se encontra prejudicada.
Outra razão pode ser o que começa a ser publicado na imprensa especializada internacional: Canelo teria se submetido a um procedimento médico nesta semana, possivelmente a uma artroscopia num dos joelhos. Confirmando-se a cirurgia, esta poderá ser a razão principal da desistência de Saul Canelo pelo combate.
Sobre os possíveis adversários, vem a reposta à terceira indagação. O evento seria transmitido via PPV. Qualquer que seja o novo adversário de Golovkin, o interesse pelo combate diminuirá. O interesse dos grandes cassinos pelas grandes lutas tem muito a ver com os grandes combates de boxe, os grandes espetáculos. Poucos são os boxeadores de nome que concordariam em boxear com GGG sem a devida preparação específica.
Sendo assim, possivelmente o combate do dia 5, caso GGG lute mesmo nessa data, não seria comercializado para o público pelo sistema PPV e sim transmitido por TV a cabo normal. Da mesma forma, o MGM de Las Vegas perdeu o interesse e o evento do dia 5, se acontecer, foi transferido para o StubHub, em Carson, Califórnia.
Durante este período, vários nomes foram cogitados e até oferecimentos pessoais. O primeiro deles foi o de Julio Cesar Chavez Jr, um boxeador em decadência, que vem de derrota para Canelo há quase um ano e que desde 2012 não consegue lutar como peso médio.
Na verdade, o nome preferido pela equipe de Golovkin para o combate do dia 5 é o do mexicano Jaime Munguia, 21 anos e 28-0, 24 KO. Ocorre que apesar de ocupar a 6ª colocação no ranking WBO e 7ª no WBC na categoria abaixo, a dos super meio médios, a Comissão Atlética de Nevada não autorizou que a disputa fosse realizada. O motivo alegado é que Munguia não enfrentou adversários de qualidade (veja a NSAC tentando mostrar serviço outra vez).
O nome do brasileiro Yamaguchi Falcão (15-0-1NC, 7 KO) surgiu após declarações do boxeador, notas na imprensa internacional e até cartazes não oficiais colocados na internet. Yamaguchi é o 13° ranqueado no WBC. No entanto, como a NSAC poderia autorizar um confronto Golovkin vs Yamaguchi se os números e adversários do brasileiro são inferiores aos de Jaime Munguia?
Acontece que com a transferência do evento para a Califórnia, pode ser que a Comissão Atlética daquele estado não faça restrição a nenhum dos dois atletas. Entretanto, ficam duas dúvidas:
Quem venderia melhor na Califórnia, Munguia ou Yamaguchi? Lembre-se, o boxe é um negócio.
Os organismos WBC, WBA e IBF concordariam com a escalação de qualquer um dos dois para disputa de seus títulos?
Mas Chavez Jr, Munguia e Yamaguchi não foram os únicos nomes citados e nem os de maior relevância no momento. Demetrius Andrade, Billy Joe Sanders, Gary Sullivan, e Vanes Martirosyan que não luta há dois anos são especulados repetidamente. Martirosyan surge como um dos nomes que mais agradam a equipe de GGG. Mas a dúvida é a mesma. Os organismos concordariam com uma luta por seus títulos com um boxeador que não luta há dois anos e cujo último confronto foi uma derrota para Erislady Lara?
No entanto, o nome que parece ter mais justificativa para substituir Canelo Alvarez e cuja equipe concordaria com a troca de última hora é o do ucraniano Sergiy Derevyanchenko, 1° colocado no ranking IBF. O promotor do ucraniano, Lou DiBella, pressiona a todos, inclusive à IBF para que casse o título de GGG caso este não lute com Derevyanchenko.
A argumentação de Tom Loeffler, responsável pela promoção de GGG, para a não realização deste confronto é a falta de tempo para promover um embate dessa envergadura e a baixa bolsa que seria distribuída aos pugilistas sem o PPV. Comenta-se nos bastidores que a HBO estaria disposta a pagar 1 milhão de dólares por este combate. É absurdamente pouco para a importância da luta e dos atletas envolvidos.
Concluo esse longo texto agradecendo a paciência dos leitores e colocando uma opinião muito pessoal. Olhando sob o prisma do negócio, penso que o próximo combate de GGG deveria ser adiado, seja com quem for. Mas que seja com um adversário à altura.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/sportv/blogs/especial-blog/blog-do-daniel-fucs/post/imbroglio-ggg-dia5.html