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Biden diz que EUA liderará luta contra ‘ameaça existencial’ das mudanças climáticas
Washington, 28 Jan 2021 (AFP) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que prometeu nesta quarta-feira (27) que seu país liderará a luta para enfrentar a “ameaça existencial” da crise climática, anunciou uma série de novas medidas e convocou uma cúpula mundial sobre o clima para abril.
As medidas anunciadas incluíram a suspensão de perfurações de petróleo e gás em terras federais e em alto-mar. Com isso, o presidente começou a cumprir algumas de suas principais promessas de campanha.
“Já esperamos demais para enfrentar esta crise climática”, disse. “Não podemos esperar mais. Nós o vemos com nossos próprios olhos, o sentimos. Sabemos com nossos ossos”, acrescentou.
“Hoje assinei uma ordem executiva para potencializar o ambicioso plano da nossa administração para enfrentar a ameaça existencial das mudanças climáticas”, continuou, acrescentando: “Devemos liderar a resposta global”.
Biden nomeou o ex-secretário de Estado, John Kerry, como seu enviado internacional para o clima e disse que os Estados Unidos serão os anfitriões de uma Cúpula de Líderes sobre o Clima em 22 de abril, coincidindo com o quinto aniversário da assinatura do Acordo de Paris sobre as Mudanças climáticas.
Espera-se que os Estados Unidos, país que é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, anuncie nesta reunião objetivos mais ambiciosos de redução destas emissões, sob o impulso da especialista ambiental Gina McCarthy.
Kerry disse anteriormente que os Estados Unidos estariam dispostos a trabalhar com a China nas negociações climáticas, apesar das desavenças existentes entre as duas potências em vários temas, do roubo de propriedade intelectual a tensões no Mar da China Meridional.
“Estes assuntos nunca serão negociados por nada que tenha a ver com o clima, isso não vai acontecer. Mas o clima é um problema independente e crítico que temos que abordar”, disse.
John Morton, ex-diretor de Energia e Mudanças Climáticas na Casa Branca durante a Presidência de Barack Obama e atual integrante da empresa de assessoria climática Pollination, disse à AFP que “não há nenhuma dúvida de que as mudanças climáticas serão a prioridade central de toda essa administração”.
As medidas desta quarta-feira “anunciam a liderança de que precisamos desesperadamente para abordar a injustiça ambiental e nossa emergência climática”, comentou a presidente da Earthjustice, Abigail Dillen.
– “Milhões de empregos” -O principal anúncio desta quarta-feira foi a suspensão dos novos contratos federais de perfuração, um tema politicamente explosivo na campanha eleitoral, particularmente no estado da Pensilvânia.
No entanto, Biden também deixou claro que não proibirá o ‘fracking’ (fraturamento hidráulico), uma técnica que transformou os Estados Unidos nos maiores produtores mundiais de gás natural, mas que provoca severos danos ambientais.
Biden se comprometeu também a que as considerações climáticas façam parte da política externa e de segurança nacional dos Estados Unidos.
Disse, ainda, que voltará a convocar um conselho de assessores científicos e instará as agências governamentais a assistir as populações mais afetadas no campo ambiental.
Um memorando presidencial sobre a integridade científica será elaborado em breve para orientar o trabalho destas agências.
As ações federais apontarão a complementar um plano de infraestrutura de 2 trilhões de dólares que se espera que o presidente apresente ao Congresso mês que vem e que, segundo prometeu nesta quarta-feira, servirá como motor do crescimento econômico futuro e “criará milhões de empregos bem remunerados”.
– Indignação da indústria -Grupos ambientalistas saudaram a decisão do governo de voltar a participar das iniciativas internacionais sobre o clima, depois que o ex-presidente Donald Trump, um negacionista das mudanças climáticas, tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris.
A Cúpula de 22 de abril “envia um sinal positivo de que a administração Biden leva a sério o trabalho conjunto com a comunidade internacional”, disse Rachel Cleetus, da União de Cientistas Preocupados.
Mas enfatizou que há muito a fazer e que o mundo espera novos e ambiciosos objetivos para frear as emissões.
Os ambientalistas têm pedido aos Estados Unidos que restabeleçam a meta de reduzir em até 50% as emissões até 2030 em comparação com os níveis de 2005, como um passo rumo à neutralidade das emissões em meados do século.
A Oceana, uma organização sem fins lucrativos, pediu a Biden que vá além e transforme a moratória das concessões em uma proibição.
A organização publicou na terça-feira uma análise que revela que, se as perfurações em águas federais forem permanentemente interrompidas, mais de 19 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa e mais de 720 bilhões de dólares em danos às pessoas e ao meio ambiente podem ser evitados.
Paralelamente, as medidas previstas pelo governo provocaram indignação em parte da indústria dos combustíveis fósseis, com fortes vínculos com o Partido Republicano.
“Restringir o desenvolvimento em terras e águas federais não é nada mais do que uma política de ‘importar mais petróleo'”, disse Mike Sommers, presidente e diretor-executivo do American Petroleum Institute.
Mas Morton divergiu, afirmando que que as reduções significativas do preço das energias renováveis produzidas nos últimos anos transformaram o panorama energético.
“Não há forma de produção de energia mais nacional do que a solar e a eólica, que brilha e flui através da nossa pátria”, disse.
ia/caw/rbu/dga/bl/aa/mvv
HARRIS
Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/afp/2021/01/27/biden-diz-que-eua-liderara-luta-contra-ameaca-existencial-das-mudancas-climaticas.htm