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Bicicleta vira aliada de pequenos empreendedores em tempos de pandemia
Jamile Santana
Escritora, poeta, cientista social, pesquisadora com estudos no âmbito do mobilidade, direito à cidade e segregação sócio espacial e racial. É cicloativista interseccional e coordenadora da ONG Movimenta La Frida.
O uso de bicicletas como meios de transporte tem crescido dentro da pandemia. Ir e vir de forma autônoma, economizando tempo e dinheiro, sem aglomeração e praticando um exercício físico, auxiliando no fortalecimento da saúde do corpo e da mente, têm sido alguns dos motivos para muitas pessoas adotarem as bikes no seu cotidiano.
Indicada pela OMS desde o início da pandemia, a bicicleta é apontada como meio de transporte mais seguro, exatamente pela facilidade na manutenção do distanciamento social e por contribuir com a recomendação de quantidade de exercício físico semanais.
A entidade orienta que devemos fazer exercícios cotidianamente para melhoria da saúde individual e, consequentemente, coletiva. Afinal, em tempos de covid-19, se exercitar fortalece a saúde de forma geral e ajuda a evitar outras doenças que levam os indivíduos a recorrerem a hospitais.
Mas não só para isso que a bicicleta tem sido requisitada nos últimos tempos. O agravamento da pandemia, das condições de isolamento, alta do desemprego e as políticas regressivas governamentais vêm culminando na quebra da economia do país, no aumento do valor do combustível e na alta dos preços dos alimentos, que têm feito a fome bater na porta de muitas famílias.
Se não há emprego e a panela está vazia, o que fazer para gerar renda? O que fazer para comer? Ser autônomo é uma saída? É necessário aflorar nossas potencialidades e botar o que sabemos fazer para fora. Ofertar serviços e produtos essenciais, e é sempre bom adicionar uma pitada de inovação.
E a bicicleta vem sendo, em todo o mundo, uma aliada para inovar no mercado empreendedor. Na cidade de Santo Amaro, na Bahia, é possível notar a cada dia as bicicletas sendo adaptadas ao empreendedorismo de múltiplas maneiras.
São bikes convencionais, cargueiras ou triciclos que levam o pão quentinho na porta, o leite, a laranjada, a fruta, a verdura, o detergente, que fazem entregas delivery, bicicletas com caixa de som e microfone que circulando informações e anúncios dos comércios locais.
São empreendimentos cíclicos, que projetam um futuro sustentável socioambiental e econômico para uma cidade e têm um enorme potencial de garantia do bem viver da população.
Mas, infelizmente, as prefeituras das cidades interioranas seguem reproduzindo e alastrando os projetos de urbanização predatória e carrocrata, replicados nas metrópoles como “exemplo de progresso”, enquanto poderiam investir em mais infraestrutura cicloviária, em segurança, impulsionando a mobilidade ativa e o fortalecimento da economia local, garantindo maior qualidade de vida para sociedade e colaborando na preservação dos recursos naturais e no desenvolvimento equilibrado e harmônico das cidades.
Fonte: https://www.uol.com.br/carros/colunas/afrociclos/2021/03/30/bicicleta-vira-aliada-de-pequenos-empreendedores-em-tempos-de-pandemia.htm